quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A FUTURA PLATAFORMA NAVAL MULTIFUNCIONAL DA MARINHA PORTUGUESA (com vídeo) [M2469 – 14/2024]

Ilustração do futuro NRP D. João II da Marinha Portuguesa          Ilustração: Damen

Os estaleiros navais Damen, nos Países Baixos revelaram recentemente no sitio de internet da empresa, mais detalhes sobre a nova classe de navio (Multi-Purpose Support Ship -MPSS), que irá equipar a Marinha Portuguesa a partir de 2026.

O contrato para o navio, que irá ser designado NRP D. João II e será financiado através de fundos do PRR, foi assinado em Novembro de 2023, com entrega prevista para 2026. Está a ser codesenvolvido pela Damen, segundo o conceito da Marinha Portuguesa, que será o cliente de lançamento. 

Trata-se de uma solução para o uso crescente da tecnologia de drones em combate e vigilância. Além da sua função principal, o MPSS está ainda projetado para cumprir uma ampla gama de tarefas adicionais, incluindo funções auxiliares.

A Damen já iniciou a construção do navio português, que deslocará 7000 ton, mas irá disponibilizar também uma versão maior de 9000 ton. a futuros clientes. O MPSS 7000 tem dimensões de 107 x 20 metros, enquanto o MPSS 9000 medirá 130 x 20 metros e terá logicamente capacidade acrescida para missões.

MPSS 7000 (esq) e 9000 (dir)      Ilustração: Damen

Prevê-se que o D. João II necessitará de uma tripulação de 48 tripulantes, com instalações adicionais para até 100 pessoas e acomodação temporária extra para 42 pessoas, por exemplo no caso de operação de socorro em catástrofes naturais. 

Ilustração: Damen
Segundo a Damen, o equipamento elétrico, de comunicação e navegação instalado no MPSS será de classe militar, mas irão ser usadas também soluções padronizadas de tecnologia comercial pronta para uso, sempre que possível. Isto inclui, por exemplo, os módulos de equipamento específicos para a missão, que permitem ao navio a sua capacidade multifuncional. Quando não for necessário desempenhar a função principal, o MPSS pode ser adaptado para uma ampla gama de tarefas, incluindo gestão de drones (ar, mar e submarinos), apoio anfíbio, socorro em emergências / desastres, busca e salvamento, apoio de mergulho, realização de operações de resgate de submarinos e operações de helicópteros. 

Ilustração: Damen

O conceito modular do projeto, permite ao navio ser utilizado durante todo o ano e também uma manutenção mais fácil, além de maior rapidez na construção. A classe MPSS poderá permanecer no mar por períodos de pelo menos 45 dias, pelo que todos estes fatores contribuirão para o valor geral do navio, com o aumento significativo do tempo de atividade operacional.

Piet van Rooij, gerente comercial do departamento de defesa e segurança da Damen, disse a propósito do novo navio: “A gama MPSS é uma resposta ao uso crescente da tecnologia de drones que vemos em situações modernas de combate e vigilância. Podemos ver que estas capacidades são de crescente importância para os países que querem manter a sua soberania. Ao mesmo tempo, este é um navio multiuso que pode ser utilizado numa ampla gama de operações adicionais, oferecendo valor pelo dinheiro dos contribuintes. Esse objetivo é ainda mais conseguido, usando tecnologia comercial pronta para uso, que garante uma construção económica, de uma plataforma fiável. Estamos ansiosos para mostrar este novo navio, inclusive em exposições, nos próximos meses.”

Vídeo


Para informação mais detalhada, recomendamos o extenso e completo artigo na Revista da Armada, que pode ser consultado no link abaixo:   https://www.marinha.pt/conteudos_externos/Revista_Armada/PDF/2024/RA_592.pdf





terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

PROGRAMA MLU DOS F-16 PORTUGUESES SÓ TERMINA EM 2026 [M2468 – 13/2024]

F-16 em fase de modernização

O programa de Mid Life Upgrade (modernização de meia vida) da frota F-16 da Força Aérea Portuguesa, irá estender-se até 2026, de acordo com Despacho do Ministério da Defesa, publicado hoje, 27 de Fevereiro de 2024, em Diário da República.

O referido documento reajusta o calendário dos encargos orçamentais com a venda do último lote de cinco F-16 MLU, por Portugal à Roménia, despesas essas em que está incluída a modernização para o padrão MLU das três células F-16 adicionais adquiridas aos EUA na condição Excess Defense Articles, para elevar a frota portuguesa ao número final de 28 caças pretendido.

O Despacho n.º 2150/2024 justifica o atraso de cerca de três anos, com constrangimentos relacionados com a pandemia COVID-19, entre outras decorrentes de trabalhos pendentes com a frota romena.

Recordamos que os trabalhos preparatórios das três células a modernizar decorreram na OGMA durante 2023



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

UCRÂNIA PEDE F-16 MAS PORTUGAL SÓ DÁ FORMAÇÃO DE TÉCNICOS [M2467 – 12/2024]


Durante a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, a Kiev no início do mês, o chefe da diplomacia portuguesa reiterou a disponibilidade “para formar pilotos e técnicos de manutenção, apoio de retaguarda em termos de manutenção, aconselhamento técnico em matéria de manutenção dos aeródromos”. Gomes Cravinho acrescentou ainda que Portugal “vai anunciar muito em breve um novo pacote de ajuda correspondendo àquilo que são as necessidades do momento”

Ainda assim, Igor Zhovkva, chefe de gabinete adjunto da Presidência da Ucrânia, em entrevista à agência Lusa, apesar de agradecer o "bastante modesto" contributo português desde a invasão russa, há quase dois anos, manifestou o desejo de Portugal contribuir com o fornecimento de caças F-16, à semelhança da Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e Noruega, que se encontram em fase de transição para o F-35.

Agradecemos o facto de Portugal fazer parte da coligação de F-16 e de ter entrado em termos de formação e treino não só para pilotos, mas também para técnicos e engenheiros, o que é muito importante. Mas gostaríamos certamente que Portugal fizesse a entrega de F-16” disse Igor Zhovkva, que tem funções de política externa no gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensly.

Zhovkva sublinhou ainda, que uma vez que Portugal integra o grupo internacional para dotar a Ucrânia com caças F-16 e capacidade para os operar, "seria muito bom se Portugal se tornasse num dos cinco principais países a fazer entregas”.

Apesar de ter a noção de que o país não tem grande quantidade de aviões de combate, reforçou ainda que “tal como no exemplo dos tanques [NR: Portugal forneceu à Ucrânia três Leopard 2A6] , seria bom receber pelo menos alguns. Seria muito simbólico se Portugal quisesse fornecer estes aparelhos”, esperando que "após as eleições legislativas esse passo possa ser dado".

Já no decorrer da presente semana, no final da reunião de ministros da Defesa da NATO, o ministério da Defesa revelou finalmente a ajuda portuguesa, numa publicação na rede social X (ex-Twitter), que se ficou pelo fornecimento de 1M EUR de munições, três lanchas de alta velocidade e treino de controladores de tráfego aéreo. 

Em declarações à imprensa, a ministra da Defesa Helena Carreiras acrescentou ainda a disponibilidade para receber técnicos de manutenção de F-16, para formação em Portugal, não voltando a referir o treino de pilotos, como em anteriores ocasiões.

Apesar do primeiro-ministro António Costa, já anteriormente ter posto de parte a hipótese de fornecer à Ucrânia caças F-16 da frota da Força Aérea Portuguesa, por a frota existente estar empenhada nos compromissos nacionais e internacionais do país, o que a situação acaba por colocar em evidência é o atraso na definição de um substituto para os F-16 na FAP - que não consta sequer da actual Lei de programação Militar, em vigor até 2034.

Por outro lado, há ainda a referir o minimalismo do contributo português, que não é mais do que o espelho da escassez de meios técnicos e humanos nas Forças Armadas - resultado de décadas de desinvestimento - e que vêm atingindo mínimos históricos que se adensam numa época de severa convulsão e incerteza internacionais, como a que actualmente atravessamos.


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

LYNX DA MARINHA NA PREPARAÇÃO DA MISSÃO DOS FUZILEIROS PARA A LITUÂNIA [M2466 – 11/2024]

Lynx Mk.95A da EHM       Foto: Marinha Portuguesa

A Força de Fuzileiros que iniciará a missão, no âmbito da NATO, na Lituânia em abril próximo, prossegue a sua preparação. 

Foto: Marinha Portuguesa

Os militares realizaram, recentemente, um exercício, na península de Tróia e na área de Pinheiro da Cruz, que tem como objetivo avaliar o potencial de combate da Força de Fuzileiros Lituânia 2024, no âmbito das técnicas, táticas e procedimentos adotados, na execução de tiro de combate, e nas áreas de inserção, através das técnicas militares designadas de helocast, rappel e fast rope, e recuperação dos operadores, com o auxílio de um Lynx Mk-95A da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha, em ambiente diurno e noturno.

Foto: Marinha Portuguesa

Foto: Marinha Portuguesa

A Força de Fuzileiros, comandada pelo Capitão-tenente Fuzileiro Correia Marques, é constituída por 146 militares.

Fonte: Marinha Portuguesa
Adaptação: Pássaro de Ferro


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

CHEGOU O PRIMEIRO DE SEIS P-3 ADICIONAIS PARA A FORÇA AÉREA [M2465 – 10/2024]

Foto do "novo" P-3C n/c 24817 da FAP, tirada de um dos P-3 CUP+ operacionais dos "Lobos" que fez guarda de honra à chegada a espaço aéreo nacional     Foto: FAP
 

Aterrou hoje, 9 de fevereiro de 2024, na Base Aérea nº 11 em Beja, pelas 14h20,  o primeiro de seis aviões P-3C, adquiridos pelo Estado português à Alemanha, proveniente da base naval de Nordholz.

O processo de aceitação que antecedeu o voo de ferry, ocorreu no dia 6 de fevereiro na Alemanha, como resultado da colaboração entre a Marinha Alemã, as entidades da Força Aérea e a Autoridade Aeronáutica Nacional, segundo referiu nota de imprensa da Força Aérea.

De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2023, “a aquisição de todo o inventário da frota proveniente da Alemanha surge como uma oportunidade de garantir a operação do sistema de armas P-3C CUP+ nos próximos anos sem constrangimentos significativos, assegurando a sustentação com níveis elevados de disponibilidade, pois, sem tais recursos, o incremento das atuais taxas de aprontamento de aeronaves, que progressivamente vão tendo crescentes períodos de indisponibilidade por necessitarem de ações de manutenção para as quais não existe material disponível no mercado, ficará comprometido”.

Do contrato, no valor de 45M EUR, consta o inventário da frota P-3C disponibilizado pela República Federal da Alemanha constituído por seis aeronaves, conjuntos Mid-Life Upgrade (MLU), sobresselentes, equipamentos de apoio e bancadas de teste, bem como os simuladores de voo e de procedimentos táticos.

Vista superior do 24817 na chegada a Portugal     Foto: FAP

Segundo nota de imprensa da Força Aérea, os seis aviões objecto do contrato irão ser integrados na frota da Esquadra 601 – “Lobos” que já opera a versão P-3C CUP+ Orion, responsável pelo patrulhamento marítimo do enorme Espaço Estratégico de Interesse Nacional no Atlântico e cobertura de toda a área das duas regiões de informação de voo e de busca e salvamento sob jurisdição do Estado Português. 

Apesar de não haver informação oficial acerca do ritmo de entrega dos aviões, a Marinha alemã tem intenção de voar pelo menos dois P-3C até ao final de 2025, pelo que, na melhor das hipóteses apenas em 2026 se concluirá o processo.

Diga-se a propósito, que os aviões ora adquiridos à Alemanha, são provenientes da mesma frota inicial pertencente aos Países Baixos, e que irão agora ficar reunidos novamente.

Correspondência das matrículas neerlandesa, alemã e portuguesa das seis aeronaves:





PRIMEIRO VOO DO PRIMEIRO C-390 DESTINADO À HUNGRIA (com vídeo) [M2464 – 09/2024]

Primeiro voo do C-390 húngaro     Foto: Embraer

O primeiro C-390 Millennium destinado à Hungria, realizou ontem 8 de Fevereiro de 2024, o primeiro voo, a partir das instalações do fabricante Embraer, em Gavião Peixoto, São Paulo, Brasil.

Segundo informou a Embraer no sítio internet da empresa, o voo durou aproximadamente quatro horas, "realizando uma avaliação completa da aeronave, que agora passará por um período de testes antes da entrada em serviço no país europeu".

Este voo inaugural é um marco importante para o programa C-390 da Hungria. O C-390 Millennium tem recebido reconhecimento internacional devido ao seu notável desempenho operacional e às suas capacidades, e a Embraer está aumentando a produção para atender à crescente demanda do mercado. É uma honra trabalhar com as Forças de Defesa da Hungria no fortalecimento de suas capacidades, oferecendo a melhor solução de transporte aéreo militar disponível. Estamos comprometidos em aprofundar ainda mais a parceria com as Forças de Defesa da Hungria e em prosseguir com esse apoio no futuro”, afirmou a propósito Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.

Fotos: Embraer

A Hungria foi o terceiro país a adquirir o C-390, depois do Brasil e Portugal, com um contrato para duas unidades, assinado em Novembro de 2020. Desde então, já um total de sete países se comprometeram com encomendas do avião multimissões do fabricante brasileiro.

As imagens seguintes, desse primeiro voo, foram captadas nas imediações de Gavião Peixoto e partilhadas no canal Youtube Brazil Aviation Araraquara:







quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

PRIVADOS NA FORMAÇÃO DE PILOTOS DE HELICÓPTEROS DA FORÇA AÉREA PORTUGUESA ATÉ AO FIM DA DÉCADA [M2463 – 08/2024]

EC130 B4 da World Aviation      Foto: World Aviation
Parte da formação de pilotos de helicópteros para a Força Aérea Portuguesa (FAP) vai passar a ser realizada pela empresa privada World Aviation SL, vencedora do concurso público para esse fim.

O contrato datado de 6 de Fevereiro de 2024, no seguimento do Despacho n.º 9374/2023 datado de 13 de Setembro, prevê que a empresa sediada em Málaga, Espanha, dê início ao primeiro curso, no prazo de 30 dias, a partir da data de assinatura do mesmo. Os subsequentes cursos objecto do contrato, decorrerão ao ritmo de um por ano, até 2029.

Os serviços contratados, no valor total de cerca de 4M EUR serão executados na Base Aérea nº11 em Beja, onde está sediada também a Esquadra 552 da FAP, que até ao momento assumia essas funções integralmente. A única excepção a esta localização, poderá ser a fase de simuladores, que poderá decorrer nas instalações da World Aviation.

Cada Curso de Pilotagem de Helicóptero será ministrado em aeronaves fornecidas pelo adjudicatário e terá a duração de até 10 meses, distribuídos por duas fases. A fase básica será constituída por 81 horas de voo, em helicóptero que poderá ser monomotor, enquanto a fase avançada terá 55 horas de voo, em helicóptero bimotor.

Esta foi a solução encontrada para fazer face à falta de pessoal, bem como à necessidade acrescida de pilotos, motivada pela aquisição de meios aéreos próprios para o combate a incêndios por parte da Força Aérea, prevendo o contrato formar 31 novos pilotos de aeronaves de asas rotativas, até ao final da década. Dado que a previsão total de necessidades de pilotos está avaliada em cerca de seis dúzias, deduz-se que os restantes deverão continuar a ser formados pela Esquadra 552, nos AW119 Koala.



terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

FORÇA AÉREA BRASILEIRA APOSENTA C-130 HERCULES [M2462 – 07/2024]



No passado dia 30 de Janeiro, a frota C-130 Hercules da Força Aérea Brasileira, realizou a última missão operacional.

A missão, que constou de largada de tropas para-quedistas, foi realizada pela aeronave n/c 2476, nas proximidades do Rio de Janeiro, onde se encontra a Base Aérea dos Afonsos.


Na despedida teve lugar uma formatura em homenagem ao tempo de serviço do avião, seguida da última descolagem operacional do Hercules, ao serviço da Brigada de Infantaria Para-quedista, com o salto de 64 militares.

O Hercules voou com as cores brasileiras desde 1964, com a chegada das primeiras unidades na versão C-130E, em substituição dos Douglas C-47 Dakota e Fairchild C-82 Packet, do 1° Esquadrão do 1° Grupo de Transporte no Aeroporto do Galeão, (Rio de Janeiro). Desde então, a FAB voou um total de 29 aeronaves C-130, em vários modelos, incluindo o K, de reabastecimento aéreo de combustível.

Apesar de não haver confirmação oficial, o último voo do C-130 Hercules da FAB deverá ocorrer por ocasião do aniversário do Esquadrão Gordo (1º/1º GT), que estava equipado com o modelo.

A totalidade das missões atribuídas ao C-130 Hercules na FAB, serão por isso doravante desempenhadas pelo KC-390 Millennium, projetado e construído precisamente para substituir as frotas C-130 Hercules.

A Força Aérea Portuguesa recebeu em 2023, o primeiro de cinco KC-390, que irão igualmente substituir faseadamente, os C-130H Hercules da FAP.


Fotos: Cb Francilaine (Cmdo CML)/Exército Brasileiro



PAÍSES BAIXOS REDIRECCIONAM F-16 DA DRAKEN PARA A UCRÂNIA [M2461 – 06/2024]

F-16AM da Real Força Aérea dos Países Baixos

Os Países Baixos interromperam as negociações com a empresa de defesa Draken International, segundo informaram ontem 5 de Fevereiro de 2024, a Ministra Kajsa Ollongren neerlandesa e o Secretário de Estado Christophe van der Maat.

A Draken tinha por objectivo ampliar a sua frota com caças de quarta geração, para oferecer em serviços de aeronaves adversárias, no treino de combate aéreo.

O pré-acordo para a venda de 12 F-16 estava alcançado já desde 2021, não se chegando contudo a concretizar o negócio. Os Países Baixos ofereceriam ainda à Draken a oportunidade de comprar apenas seis F-16 no futuro, mas no entanto, após ambas as partes chegarem à conclusão de que a venda e entrega destes F-16 não ocorreria a curto prazo, as negociações terminaram.

Seis dos F-16 reservados para a Draken, foram por isso agora adicionadas aos 18 que estão a ser preparados para entrega à Ucrânia. Os restantes 18, da frota de 42 F-16 neerlandeses, que será retirada de serviço até ao final de 2024, destinam-se a um centro de treino de F-16 na Roménia.

Durante mais de quatro décadas, o F-16 formou a espinha dorsal da defesa aérea da Real Força Aérea Neerlandesa, estando agora a ser substituído pelo F-35.

Além dos Países Baixos, também a Dinamarca se comprometeu em fornecer 19 F-16 para contribuir na defesa da Ucrânia, face à agressão russa, estando por agora a realizar o treino de pilotos de F-16 e pessoal de terra ucraniano. 

A Noruega, que por seu lado retirou de serviço os F-16 já em 2022, forneceu dois F-16 bilugares e 10 instrutores, para o centro multinacional de treino dinamarquês. 32 F-16 da restante frota F-16 norueguesa, foram entretanto vendidos à Roménia.


Portugal comprometeu-se em participar no programa de treino de pessoal ucraniano para operar os F-16, através da ministra da Defesa portuguesa, Helena Carreiras, que assinou a 11 de Julho, a Declaração Política da Coligação de treino F-16, juntamente com dez outros países. Segundo noticiou o Diário de Notícias recentemente, há por agora preparativos apenas para formar mecânicos para a manutenção e controladores de tráfego aéreo na base dos F-16 em Portugal, em Monte Real.



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

DILEMAS EUROPEUS E UMA PANELA DE ARROZ [M2460 – 05/2024]

F-16AM da Força Aérea Portuguesa, aterrando na BA11 - Beja. 
Este ano completam-se 30 anos desde a sua chegada a Portugal. E não está ainda prevista a sua substituição.

A Europa atravessa tempos obscuros cuja análise, numa perspetiva histórica, revela sinais já visualizados em tempos andados e cujo desfecho não se recomenda, ou seja, esteve no epicentro de duas guerras mundiais, com tudo o que de trágico e transformador isso acarretou.
No presente e já com dois anos de rasto, uma guerra surgiu com a “operação especial” russa em território da Ucrânia, demasiado perto para ser considerada longe desta (boa) tranquilidade de décadas a que nos habituámos. Este hábito fez com que o desleixo em matéria de defesa se tenha transformado numa prática mais ou menos caucionada pelos governos, certos de que do lado de lá do atlântico, a mão amiga segura e segurará o guarda-chuva e que a leste, tudo está controlado. Só que as dinâmicas não raras vezes decidem desviar-se da agenda dos desejos e os apertos seguem-se, com variáveis a mais para uma equação de crescente complexidade – China/Taiwan, Irão, a situação em Israel/Gaza, a tensão no Mar Vermelho e o eterno jogo do gato e do rato das Coreias…
Com os fantasmas a decidirem largar das masmorras, com a União Europeia a ser pouco unida, com preocupantes excessos em matéria de politicamente correto, sobranceria cultural e falta de visão e atuação  de conjunto, tudo temperado com fluxos permanentes de imigração e respetivas tensões vemo-nos, resumidamente, cara a cara com tempos perigosos em que assobiar para o lado é a pior das receitas, por mais que acomode os espíritos.
Agora que o rabo europeu aperta, já se fala em preparos de guerra, que é preciso armar, que a Europa tem de olhar por si e para si, já que a mão que segura o tal guarda-chuva poderá deixar de o fazer, sobretudo se na Casa Branca, o inquilino mudar de natureza, de penteado e de cor de cabelo.

F-35A dos Países Baixos, em voo no "StarWars Canyon". Estas aeronaves estão já a substituir a frota F-16 neerlandesa.

E as notícias sobre as trombetas preparatórias vão aparecendo. A República Checa, agora Chéquia, anuncia a compra de 24 caças F-35; a Croácia recebe caças Rafale; a Bulgária F-16 de última geração (V); Polónia e Grécia preparam-se também para operar o F-35; os alemães falam em aumentar a produção de armamento – drones, munições, etc. – e no geral o despertar de uma nova perspetiva parece assentar praça e as pressões para cumprir e até aumentar os orçamentos de defesa já se fazem ouvir e a impor a sua incontornável necessidade.
Em Portugal, para não variar, é matéria desinteressante, evidentemente porque o atual período de excitação eleitoral tende a desvirtuar o que já de si é tradicionalmente desvirtuado e porque, arrumadinhos aqui no canto sudoeste da Europa, achamos que tudo é longe e, portanto, nada connosco.
A frota F-16 nacional cumpre por estes dias 30 anos de serviços e por uma vez apenas se falou, com moderada convicção e sem o perigo das datas, na sua (desejada) substituição pelo F-35; não se acautela o mínimo de cuidados na nossa defesa imediata; não se trata do problema da proverbial sangria de pilotos e mais recentemente da debandada do pessoal de manutenção; da operacionalidade dos meios navais de defesa avançada; não se repensa o regresso do SMO para contornar a redução constante de efetivos disponíveis, etc. …
Parecemos esquecer que a dimensão nacional não se esgota no retângulo continental e que, dependendo da perspetiva, da mesma forma que estamos no canto sudoeste da Europa, longe dos epicentros, não deixamos, por outro lado, de ser a porta de entrada sudoeste dessa mesma Europa e, não de forma despicienda, temos uma proximidade incontornável com África e com o estratégico estreito de Gibraltar.
Se os contextos históricos, estratégicos e políticos mudam, as ações antes adormecidas têm de mudar também. 
E não se cozinha uma panela de arroz dois minutos antes de ela ter de ser servida.


Nota: Este texto e a opinião nele expressa vinculam, apenas, o seu autor.

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