sábado, 30 de maio de 2020

Festival Aéreo da FAP em 1995: Tornado Italiano às couves … quase! [M2149 - 67/2020]



Não tenho a vantagem, ou desvantagem, de estar em teletrabalho, pelo que tenho de arriscar a vida todos os dias e vir enfrentar as feras, o que, no caso concreto, é uma daquelas feras minúsculas com o poder de um gigante, uma espécie de efeito pinscher, mas que, neste caso, o pinscher morde.
Como não estou em casa, o tempo de que se dispõe para trabalhar estas matérias dos Pássaro(s) de Ferro é mais curto, ainda assim, na oportunidade conferida por um Amigo, que me emprestou um scanner de slides, e na vã tentativa de acelerar um processo antigo, e moroso, de digitalização de alguns milhares de slides que possuo na minha colecção, lá meti  mãos à obra.
Estes slides todos refrescaram a memória para um conjunto de imagens das quais já não me recordava mas supunha guardadas na massa cinzenta, e que me lembraram momentos que experienciei, desde que comecei a fotografar aviões mais exaustivamente.
Naturalmente que, todas estas imagens ajudam à festa dos incontáveis projectos de escrita que tenho enfiados na gaveta, ou no buraco negro, como lhe costumo chamar.

O 43º Aniversário da FAP, em 1995, foi comemorado com um grande festival aéreo em Monte Real (BA5), que incluiu diversas participações estrangeiras, realizando-se num tempo que, poderemos chamar de “vacas gordas”, e que incluiu a actuação das patrulhas Marche Vert (Marrocos), Patrouille de France (França), e demonstrações de voo (solo displays) de aviões como o Tornado IDS Italiano e Alemão, F-18 espanhol, um AMX do RSV (Risparto Sperimentale di Vuolo), os Marche Vert de Marrocos a executarem manobras “amarrados” por cordas … etc.
Foram para mim algumas “primeiras vezes”, e uma espécie de deslumbramento de ver pela primeira vez que vi um Nimrod da RAF, um Aeritalia G.222, FB-111’s da USAF, e o A-10 Thunderbolt II com o seu impressionante canhão Gatling.
Foi também um festival aéreo típico, sol no dia de treinos e chuva no dia de público, se bem que, na altura, não sei que influência teria ou não o meu Amigo “Black Cloud” na matéria meteorológica, podendo contudo especular que ele apenas pode assistir ao dia do festival e, por isso… choveu.

Já não me lembro exactamente como, mas consegui assistir ao dia de treinos integrado na “pool de jornalistas”. Na tarde desse dia (de manhã esteve farrusco mas de tarde este um sol fantástico), antes de se iniciarem os treinos, e depois de muita insistência e persistência conseguimos que fossemos todos colocados no cruzamento das pistas, do lado poente em relação à pista e com o sol nas costas. E só não foi para lá a RTP, porque era muito trabalho ter de montar tudo num dia e depois desmontar e montar tudo outra vez no dia seguinte. Só houve por isso cobertura fotográfica, e na altura, creio que foi o Correio da Manhã, fez uma reportagem fotográfica muito boa.
Eu já não sei que máquina tinha comigo, talvez uma Lomo, mas fiz alguns slides em ambos os dias, sendo de realçar um acontecimento fora do vulgar que tive a sorte de registar em fotografia. Sim, porque isto de andar a fotografar seja lá que tema for, corrijam-me os mestres, é preciso engenho e arte e, também o ter um “olho atento” e também alguma sorte, para se registar tudo o que é traduzível em fotografia (poderia filosofar um pouco mas, não tenho tempo).

Ora, uma das exibições do programa, era a demonstração de performance de um Tornado IDS italiano, que efectuou uma descolagem impressionante por cima de nós, e um conjunto de manobras formidáveis, mas foi à aterragem que algo de inesperado aconteceu.
Faz uma aterragem táctica, simulando uma pista curta, o que implica que muito cedo, logo após o toque do trem principal no chão o piloto tenha de aplicar de imediato força nos pedais para travar. O piloto italiano, aterrou o Tornado com bastante força e, terá aplicado involuntariamente força diferente em ambos os pedais, o que fez com que o avião começou a guinar para um lado, depois tentou compensar com o outro, e assim sucessivamente, andando o aparelho um bocado “perdido”, a dar de rabo, e pressão a mais de um lado, pressão a mais do outro, eis senão quando, BOUM!
Rebentou o pneu de estibordo, e começou por lá a dar muito fumo. Mal o avião se imobilizou na pista, a tripulação saiu a correr, afastando-se do avião, com receio por certo que fosse mais grave e pudesse até arder ou explodir. Num instante tudo se resolveu, com a rápida intervenção dos OPSAS e, após tudo ter acalmado, verificou-se o estrago e menos de meia hora depois estava o avião já com o pneu trocado e a caminho das placas de dispersão.
Uma pequena história, simples e com final feliz … Um dia destes volto cá com mais lembranças desse dia, e mais fotos, mas para já, ficam estas …

Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de aviação





 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

B-1 DA USAF EM MISSÃO INÉDITA PELA EUROPA [M2148 - 66/2020]

B-1 da USAF escoltados por Su-27 e MiG-29 ucranianos

Escassos dias após ter realizado missão semelhante no norte da Europa, dois bombardeiros B-1B Lancer da Base da Força Aérea de Ellsworth, Dakota do Sul, EUA, conduziram nova missão estratégica de longo alcance, longa duração da Força-Tarefa de Bombardeiros, através da Europa e desta vez também pela região do Mar Negro, no dia 29 de maio de 2020.
O feito marcou a primeira vez que uma missão da Força-Tarefa de Bombardeiros da USAF se integrou com Su-27 Flanker e MiG-29 Fulcrum ucranianos e KC-135 turcos.

"As missões da Força-Tarefa de Bombardeiros na Europa demonstram o empenho com os nossos aliados e parceiros, ao mesmo tempo em que fornecem uma mensagem clara de dissuasão a qualquer adversário", disse o general Jeff Harrigian, comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e  Forças Aéreas da África (USAFE/AFAFRICA). "A integração da nossa presença estratégica com bombardeiros na Europa prova que os EUA, ao lado de qualquer aliado ou parceiro, estão prontos para impedir e, se necessário, poder empregar esses recursos juntos".

F-16 polacos

O voo também incluiu treino de integração e interoperabilidade com F-16 e MiG-29 polacos e F-16 e  e MiG-21 romenos, que proporcionaram escolta e patrulha de combate na região do Mar Negro.

F-16 romenos

MiG-21 romenos

Um KC-135 Stratotanker da 100ª Ala de reabastecimento aéreo, RAF Mildenhall, Inglaterra, dois KC-135 (um turco e um americano) baseados na Base Aérea de Incirlik, Turquia, e outras aeronaves de reabastecimento aéreo da NATO, permitiram aos B-1 concluir a viagem de ida e volta de Ellsworth sem atrasos, além de fornecer apoio de reabastecimento aéreo às aeronaves de países parceiros. 

Além disso, os B-1 integraram-se com os F-16 gregos, que realizam o policiamento aéreo, para um sobrevoo a Skopja, na Macedónia do Norte. 

F-16 gregos escoltando os B-1 sobre a Macedónia do Norte



As missões da Força-Tarefa de Bombardeiros demonstram aos nossos Aliados da NATO, incluindo o nosso mais novo membro - Macedónia do Norte - que estas missões estratégicas aumentam a prontidão e o treino necessário para responder a qualquer potencial crise ou desafio em todo o mundo”, disse o general Tod D. Wolters , comandante do Comando Europeu dos EUA. “A integração e interoperabilidade com nossos aliados da NATO durante estas missões, seja o apoio de aviões-tanque ou escoltas de caças, são acções indeléveis, que mostram que a Aliança está tão forte como alguma vez a vi.”

"As missões de bombardeiros familiarizam a tripulação com bases aéreas, espaço aéreo e operações em diferentes comandos geográficos. Essas missões constroem proficiência e confiança e demonstram a credibilidade das Forças Aliadas em lidar com um ambiente de segurança global, mais diversificado e incerto do que em qualquer outro momento de história." pode ler-se ainda no comunicado de imprensa da USAFE.

Estas missões, surgiram quando a tensão entre americanos e russos tem subido de tom no Mediterrâneo, com o destacamento de meios aéreos russos na Líbia, e intercepções menos amigáveis. Ao longo do trajecto, os B-1 foram desta vez também interceptado por caças russos, mas sem incidentes de maior. 

As autoridades russas divulgaram mesmo fotos e vídeo dos encontros:





quinta-feira, 28 de maio de 2020

PRIMEIRO A-29 SUPER TUCANO COM CORES NIGERIANAS [M2147 - 65/2020]



O primeiro A-29 Super Tucano da Força Aérea da Nigéria com pintura final     Fotos: Embraer/SNC


A Embraer Defesa & Segurança e a Sierra Nevada Corporation (SNC) revelaram hoje fotos com a pintura final, do primeiro A-29 Super Tucano destinado à Força Aérea da Nigéria.
A aeronave de ataque leve e treino avançado completou com sucesso o voo inaugural na fábrica de Jacksonville, na Flórida (EUA) a 17 de Abril de 2020. A Força Aérea da Nigéria encomendou 12 aeronaves.




O primeiro voo de um A-29 da encomenda nigeriana     Fotos: Embraer/SNC

Os doze A-29 Super Tucano encomendados pelas Nigéria estão atualmente a ser produzidas pela Embraer e pela SNC, em Jacksonville, com entregas previstas em 2021.

As primeiras aeronaves A-29 da Força Aérea da Nigéria serão enviadas para Centennial, no Colorado, onde serão realizadas modificações dos sistemas de missão além de alguns testes finais. Em seguida, os pilotos da Força Aérea da Nigéria serão treinados nas aeronaves, numa etapa que antecede as entregas.

Este é um marco significativo na produção dos A-29 Super Tucano para a Força Aérea da Nigéria. A linha de produção de Jacksonville está ativa e a Embraer e a SNC estão confiantes de que a produção de outras aeronaves será concluída nos próximos meses”, disse Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.

A aeronave atendeu ou superou todos todos os requisitos e estamos muito satisfeitos, pois o voo foi muito bem-sucedido”, disse Ed Topps, vice-presidente de Sistemas de Aeronaves Táticas e programas de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento da SNC. “A SNC e a nossa parceira Embraer estão confiantes de que a Força Aérea da Nigéria ficará muito satisfeita com essas aeronaves”.


Pintura do primeiro A-29 da Nigéria após o voo de estreia    Fotos: Embraer/SNC

O A-29 Super Tucano tem histórico comprovado de combate e é reconhecido como referência de excelência em aeronaves de ataque leve e reconhecimento no mundo todo. A aeronave foi projetada e construída para missões como a da Nigéria.

Segundo a Embraer, o A-29 Super Tucano é a solução mais confiável e com melhor custo-benefício para voos básicos e avançados, assim como para o treino de combate, operações de apoio aéreo tático, ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento), vigilância armada, contrainsurgência e cenários de guerra irregular.

A aeronave já foi selecionada por 15 forças aéreas em todo o mundo para missões de apoio aéreo tático e de reconhecimento com excelente custo-benefício.

Primeiro voo do primeiro A-29 Super tucano destinado à Nigéria



Em dezembro de 2018, a Embraer Defesa & Segurança e a SNC receberam uma encomenda para 12 aeronaves de ataque leve A-29 Super Tucano destinadas à Força Aérea da Nigéria. O contrato inclui dispositivos de treino no solo, sistemas de planeamento de missão, sistemas de missão, peças sobressalentes, equipamentos de apoio no solo, equipamentos de missões alternativas, apoio interino contratado dos Estados Unidos, apoio logístico do contratante fora do continente norte-americano (OCONUS) e representantes de serviço de campo para apoio ao OCONUS.

Segundo declarações do ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, aquando da visita às instalações da Embraer em Gavião Peixoto, no Brasil, em Fevereiro de 2020, o Super Tucano é uma das aeronaves que está a ser analisada com "parceiros privados", para a formação de uma escola internacional de pilotos em Beja. Acrescentou contudo, que serão os parceiros privados a decidir o investimento.






FORÇA DE REAÇÃO RÁPIDA PORTUGUESA EM COMBATES NA RCA [M2146 - 64/2020]

Parquedistsas portugueses a bordo do helicóptero durante as operações       Imagem: EMGFA


A companhia portuguesa, que compõe a Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force – QRF) da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), no cumprimento de ordens emanadas pelo Comando daquela operação de “capacetes azuis”, foi projetada, no início deste mês, para participar numa operação na região de Ndélé, localizada 650 km a Nordeste da capital Bangui.

A missão prioritária da Força Portuguesa é a proteção da população civil local, através da dissuasão e restrição de movimentos de elementos afetos aos grupos armados e contribuir para a melhoria da situação de segurança na região de Ndélé. Esta operação da MINUSCA surge após o confronto entre elementos de grupos armados de duas etnias (Goula e Rounga), no passado dia 29 de abril, que resultou na morte de 30 pessoas (entre as quais 21 civis), 50 feridos e mais de 8000 deslocados.

No dia 17 de maio, durante a execução de uma operação de patrulhamento, a Este de Ndélé, na povoação de Ohui, foi observada pelos meios aéreos (helicóptero da MINUSCA e veículos aéreos não tripulados do Exército Português), a movimentação precipitada de elementos que indiciavam pertencer a grupos armados.

Na continuação da patrulha, ao passar na povoação de Aliou, localizada cerca de 20 km a Nordeste de Ndélé, os militares que se deslocavam nas nossas viaturas avistaram vários elementos armados. Em simultâneo, os paraquedistas portugueses, embarcados no helicóptero que se encontrava em apoio à operação, reportaram a presença de elementos armados com Lança Granadas Foguetes (RPG) e metralhadoras ligeiras, com movimentos que foram avaliados como uma ameaça iminente e potencialmente letal para a Força Portuguesa.

Este facto levou os Paraquedistas Portugueses a reagir, em consonância com os procedimentos operacionais em vigor, disparando com as armas das viaturas, em estreita coordenação com o helicóptero que se mantinha em apoio aéreo. Desta ação de combate não resultaram feridos nem danos materiais na Força Portuguesa.

No evoluir da operação, a Força deslocou-se ao local onde tinha sido identificada a presença de elementos armados com RPG e metralhadoras ligeiras, tendo sido avistada uma pequena habitação a arder. Após desembarcar das viaturas, os Paraquedistas Portugueses foram verificar o que se passava junto às habitações, com a finalidade de garantir que o local se encontrava seguro e que não havia a presença de elementos armados.

Nos trabalhos subsequentes de recolha de indícios, verificou-se que a aldeia estava vazia, tendo os elementos dos grupos armados fugido à aproximação dos militares portugueses.

A Força continuou a sua missão, tendo regressado à base da MINUSCA em Ndélé, sem registo de mais nenhum incidente.

Esta é a 7ª Força Nacional Destacada neste teatro de operações, sendo o atual contingente composto por 180 militares, maioritariamente tropas especiais Paraquedistas do Exército Português, integrando ainda militares de outras unidades do Exército e Controladores Aéreos Avançados da Força Aérea.

Imagens: EMGFA

Fonte: Estado Maior General das Forças Armadas

quarta-feira, 27 de maio de 2020

SU-35 RUSSOS INTIMIDAM P-8 DA US NAVY [M2145 - 63/2020]

Su-35 russos sob as asas do P-8 Poseidon da US Navy    Fotos: US Navy  


No final do dia de ontem, 26 de Maio de 2020, e no mesmo dia em que foram reveladas imagens pelo US Africa Command, dando conta da movimentação de caças de origem russa para Líbia, a US Navy mostrou novas fotos e um vídeo, desta vez de uma intercepção por parte de caças Su-35 russos, a um dos seus P-8A Poseidon, em missão sobre o Mediterrâneo.


Imagens que atestam bem a proximidade a que se colocaram os Su-35      Fotos: US Navy

Segundo a US Navy, a sua aeronave, pertencente à 6ª Frota, voando sobre águas internacionais no Mediterrâneo oriental,  foi interceptada "de forma insegura e pouco profissional", tendo-se posicionado  simultâneamente os dois Su-35 a curta distância de cada uma das asas do Poseidon, restringindo por isso a sua capacidade para manobrar em segurança. Esta atitude prosseguiu por 64 minutos.

Apesar de não ser possível afirmar que este episódio esteja directamente relacionado com a revelação das imagens mostrando a mobilização dos caças russos para a Líbia, até porque já durante Abril do corrente ocorreram duas outras situações similares (embora de menor duração e não tão agressivas), a verdade é que os P-8A Poseidon da US Navy são os principais suspeitos da captação das referidas fotos, que denunciam um envolvimento directo de meios do Kremlin, no conflito líbio.

Intercepção de 26/05/2020 - imagens US Navy

Entertanto, os russos, não só não negam o incidente, como revelaram imagens captadas a partir de um dos Su-35:





terça-feira, 26 de maio de 2020

MINISTÉRIO DA DEFESA ESCLARECE QUESTÃO DOS DRONES DO EXÉRCITO E FORÇA AÉREA [M2144 - 62/2020]

UAV ou Veículo Aéreo Não tripulado - VANT 

O Ministério da Defesa divulgou hoje uma nota de imprensa, esclarecendo a notícia veiculada primeiro pelo Jornal de Notícias, mas depois repercutida por vários outros meios de comunicação social,  com o título “Drones do Exército nunca foram usados para detetar fogos”, e com o subtítulo “Governo justifica aquisição de 36 aparelhos por seis milhões para o Exército ajudar a Proteção Civil. Agora adquire mais 12 para a Força Aérea com a mesma finalidade”. Na referida nota, o Ministério da Defesa Nacional entendeu esclarecer os seguintes pontos:

"A aquisição dos mini-UAV em causa nunca teve por objetivo ajudar a Proteção Civil ou detetar incêndios.

Os mini-UAV (veículos aéreos não tripulados) do Exército foram adquiridos no âmbito da Lei de Programação Militar, um processo que teve início em 2016, com um despacho do então Ministro Azeredo Lopes (Despacho 6841/2016, publicado a 24 de maio desse ano). Nesse despacho refere-se que os aparelhos se destinam à “edificação da Capacidade de Informações, Vigilância, Aquisição de Objetivos e Reconhecimento Terrestre”. 

O concurso foi gerido pela NATO Support and Procurement Agency (NSPA – agência de compras da NATO), tendo sido adjudicado à empresa AeroVironment para assegurar o fornecimento de 12 sistemas Raven B Digital Data-Link (composto por 3 UAVs cada) ao Exército Português.

Os sistemas Raven do Exército têm como objetivo primário garantir o apoio às operações da componente terrestre, em todo o espectro das operações militares. Atualmente, além do normal processo de formação e treino, em território nacional, os sistemas mini-UAV estão a ser utilizados em operações militares, no cumprimento de compromissos internacionais, no apoio das missões de vigilância e reconhecimento. Ou seja, os sistemas Raven estão a ser utilizados precisamente de acordo com o raciocínio que levou à sua aquisição no âmbito da LPM, plasmado no Despacho.

Ao contrário do caso dos Raven do Exército, os 12 UAV cuja aquisição o Governo aprovou recentemente por via de Resolução de Conselho de Ministros, e que serão geridos pela Força Aérea, destinam-se principalmente à deteção de incêndios."


Video mini-UAV Raven do Exército



A400M CERTIFICA CAPACIDADE DE VOO AUTOMÁTICO A BAIXA ALTITUDE [M2143 - 61/2020]

Airbus A400M Atlas

O avião de transporte de carga de nova geração Airbus A400M alcançou um novo marco decisivo, após a certificação da capacidade de voo automático a baixa altitude, oferecendo uma capacidade única na sua classe, para uma aeronave de transporte militar. 

A400M em voo de baixa altitude em Gales      Foto: Scott Norbury/Airbus Military

A campanha de certificação, realizada em Abril de 2020 sobre os Pirenéus e no centro da França, envolveu voos a altitudes tão baixas como 500 pés (150m), incluindo transições de voos de baixa altitude para outras operações, como largada de carga aérea. 

Esta primeira fase de certificação diz respeito a operações com Condições Meteorológicas Visuais, ou seja, com visibilidade para a tripulação. Haverá uma segunda fase, incluindo Condições Meteorológicas por Instrumentos, portanto sem visibilidade, a ser certificada no segundo trimestre de 2021.

Normalmente apenas inerente ao mundo das aeronaves de caça, o Voo Automático de Baixa Altitude é  uma capacidade única para uma aeronave de transporte militar, possibilitando a utilização do relevo do terreno para esconder o aparelho, aumentando a capacidade de sobrevivência do A400M, tornando-o  menos detectável em áreas hostis e menos susceptível a ameaças, quando se dirige para operações militares importantes como largada de carga, reabastecimento ar-ar, operações logísticas ou outras especiais específicas.


RÚSSIA COLOCA CAÇAS NA LÍBIA [M2142 - 60/2020]

MiG-29 sem marcações alegadamente em trânsito para a Líbia      Foto: US Africa Command

O US Africa Command (Comando Militar dos EUA para África) revelou hoje imagens de caças  MiG-29 e Su-24, alegadamente russos em rota para a Líbia. Segundo o comunicado de imprensa acompanhando as fotos, trata-se de caças destacados para apoiar mercenários privados, apoiados pelo Estado russo. As imagens parece terem sido captadas por um targeting pod ou FLIR de longo alcance de aeronaves americanas. Nas mesmas é possível discernir  marcações russas nalgumas das aeronaves.

Su-24 alegadamente em trânsito para a Líbia     Foto: US Africa Command
Marcações russas no Su-24      Foto: US Africa Command
Marcações russas num MiG-29      Foto: US Africa Command

Durante a semana passada, imagens de satélite tinham já dado conta da presença aeronaves russas, na base aérea de Al Jufrah, situada na zona controlada pelo  Exército Nacional da Líbia (LNA).

Uma das primeiras imagens mostrando um MiG-29 em Al Jufrah a 19 de Maio de 2020    Foto: US Africa Command

As forças oponentes, do Governo de Acordo Nacional (GNA) reconhecido internacionalmente e apoiado pela Turquia, denunciaram mesmo que uma quantidade de seis MiG-29 e dois Su-24 teria chegado a Al Jufrah. Já o comandante da Força Aérea do LNA, Saqr al-Jaroushi, confirmou também a presença dessas aeronaves ao seu serviço e declarou que os caças serão usados "na maior campanha aérea na história da Líbia", considerando ainda que "todos os meios e interesses da Turquia em todas as cidades ocupadas, são alvos legítimos".

Em comunicado de imprensa divulgado hoje, 26 de Maio de 2020, o US Africa Command afirma acreditar que Moscovo destacou estes aviões de combate na Líbia, a fim de apoiar empresas militares privadas (PMCs) apoiadas pelo Estado russo, que operam localmente.


Mais imagens de MiG-29 sem marcações    Foto: US Africa Command

As aeronaves militares russas destinar-se-ão provavelmente a fornecer Apoio Aéreo Próximo e poder de fogo ofensivo ao Grupo Wagner, que apoia o LNA, na guerra civil contra o GNA. O comunicado afirma ainda que os caças/caças-bombardeiros russos chegaram à Líbia, a partir de uma base aérea na Rússia, depois de transitarem através da Síria, onde se pensa que foram repintados para ocultar a sua origem russa.



Base síria antes e depois da partida dos MiG-29 para a Líbia     Fotos: Foto: US Africa Command

"A Rússia está claramente a tentar mudar a balança a seu favor na Líbia. Tal como os vi fazer isso na Síria, estão agora a expandir a presença militar em África, usando grupos de mercenários apoiados pelo governo, como a Wagner", disse o general do exército americano Stephen Townsend, comandante do US Africa Command. "Por muito tempo, a Rússia negou toda a extensão do seu envolvimento no actual conflito líbio. Bem, não há como negar agora. Vimos como a Rússia levou caças de quarta geração para a Líbia - durante todo o trajecto. Nem o LNA nem as empresas militares privadas podem armar, operar e sustentar estes caças sem o apoio do Estado - apoio que estão a receber da Rússia ".
Imagens dos Su-35 alegadamente escoltando os caças destacados na Líbia durante (pelo menos) parte do voo de entrega  Foto: US Africa Command

A Rússia terá vindo a utilizar a Wagner na Líbia, para ocultar seu envolvimento directo e permitir a Moscovo uma negação credível das suas intenções. As imagens de caças Su-35, alegadamente escoltando os caças destacados no voo de entrega, parecem contudo comprometer este álibi.

O mundo ouviu Haftar declarar que estava prestes a iniciar uma nova campanha aérea. Serão pilotos mercenários russos pilotando aeronaves fornecidas pela Rússia para bombardear líbios ”, disse Townsend.

O US Africa Command estima que as acções militares de Moscovo prolongaram o conflito na Líbia e exacerbaram as baixas e o sofrimento humano de ambos os lados, considera ainda que a Rússia não está interessada no que é melhor para o povo líbio, mas que está a para alcançar os seus próprios objectivos estratégicos.

"Se a Rússia se apoderar da base na costa da Líbia, o próximo passo lógico é implantar meios permanentes de negação de área de longo alcance (A2AD)", disse o general da Força Aérea dos EUA Jeff Harrigian, comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa / Forças Aéreas de África (USAFE/AFAFRICA). "Se esse dia chegar, criará preocupações de segurança muito reais no flanco sul da Europa".

Ainda segundo o mesmo comunicado, as acções desestabilizadoras da Rússia na Líbia também exacerbarão a instabilidade regional, que levou à crise migratória que afecta a Europa.

Actualização 27/05/2020

Já no dia 27 de Maio de 2020, o US Africa Command divulgou mais informações acerca da quantidade de meios aéreos que chegaram à Líbia, que perfazem agora um total de pelo menos 14 caças.

Através da conta oficial da rede social Twitter, juntamente com imagens, pode ler-se "Durante vários dias em Maio, caças MiG-29 e Su-24 russos deixaram a Rússia. Tinham então todos marcas da Força Aérea da Federação Russa. Após aterrar na base aérea de Khmeimin na Síria, os MiG-29 foram pintados e reaparecem sem marcas nacionais. Foram tripulados por membros militares russos e escoltados por caças russos baseados na Síria, aterrando no leste da Líbia perto de Tobruk para [colocar] combustível. Pelo menos 14 novas aeronaves russas sem marcas foram então entregues à base aérea de Al Jufra"






segunda-feira, 25 de maio de 2020

DISPOSITIVO AÉREO DE COMBATE A INCÊNDIOS 2020 [M2141 - 59/2020]

Canadair CL-215

Segundo nota de imprensa do Ministério da Defesa (MDN), chegaram nesta segunda-feira, 25 de Maio de 2020, para integração no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), dois aviões de reconhecimento, avaliação e coordenação, perfazendo assim, para o período de 15 a 31 de Maio de 2020, um total de 30 meios aéreos disponíveis.

Dos 37 meios aéreos que o DECIR tinha previstos para esta segunda fase do empenhamento operacional, encontra-se em falta o lote de sete helicópteros ligeiros, que foi objecto de providência cautelar com efeitos suspensivos, aguardando-se por isso, pela decisão do Tribunal Administrativo de Loulé.

"A partir de Junho, Portugal contará com um total de 60 meios aéreos de combate aos incêndios, num processo liderado pela Força Aérea, dando cumprimento à RCM nº 160/2019, de 26 de Setembro, que assegurará um dispositivo igual ao de 2019, que foi o maior de sempre." pode ler-se  na nota.

Ainda segundo o MDN "Os concursos lançados pela Força Aérea cobrem o período 2020-2023, evitando deste modo a necessidade de mais concursos nos próximos anos." terminando com a consideração de que "para evitar a imprevisibilidade associada aos concursos de locação de meios aéreos e eventuais atrasos na sua disponibilização, o Governo decidiu implementar um novo modelo que passa pela aquisição de meios próprios de combate a incêndios," que entrará em funcionamento a partir de 2024.

Já na Comissão de Defesa Nacional (CDN) de passado dia 12 de Maio, o General CEMFA Joaquim Borrego referiu, em resposta a questões colocadas sobre a participação da Força Aérea no combate aos incêndios, que "está previsto a compra de meios próprios para o Estado, que vão ser operados pela Força Aérea. Essa resolução [...] penso que irá brevemente a Conselho de Ministros para aprovação, onde está o número de helicópteros, aeronaves de asa fixa e também UAVs". O Gen. Joaquim Borrego não adiantou então esses números, uma vez que "poderá haver alterações".

Para já, dos 60 meios previstos para 2020, apenas quatro pertencem portanto ao Estado, nomeadamente três helicópteros ligeiros Ecureuil da ANPC (ainda que operados por particulares), e um AW119 Koala da Esquadra 552 da Força Aérea.









sábado, 23 de maio de 2020

Notas sobre o Alouette III na Força Aérea do Gana [M2140 - 58/2020]



Prosseguindo com o tema dos Alouette III, trago-vos hoje algumas notas sobre o Gana, de onde recebi a dada altura, alguma correspondência, sob a forma de uma nota escrita, que num envelope com o timbre do Gabinete do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea do Gana, transportava no seu interior, um emblema do Esquadrão nº3, que operava o Alouette III.




O Motto do 3º Esquadrão é “Servir com Honra”.


O Gana tornou-se independente do Reino Unido desde 1957, declarando-se República em 1960. A sua força aérea, formada um ano antes, foi constituída com a ajuda da Índia e de Israel, que providenciaram formação e também algum equipamento, nomeadamente aviões.
Numa fase inicial, o Esquadrão nº3, operava helicópteros de diversos tipos, como Westland Whirlwind Mk.3, Westland Wessex Mk.53, Hughes 269, e Sikorsky H-19D’s. Estes, foram mais tarde substituídos por outros aparelhos, como o Alouette III, e Bell 212’s.
Os Alouette III eram do modelo SA-316B (c/n1870, 1871, 1872, 1873) recebidos em 1972, operados pelo Esquadrão nº3 em diversos tipos de missão, como a instrução básica de pilotagem em helicópteros, o apoio às missões do exército e da marinha, e a componente de apoio civil, em diversas missões como evacuações médicas, inspecção de linhas de abastecimento de energia eléctrica, apoio à comissão nacional de eleições, busca e salvamento, e transporte aéreo diverso.

Os Alouette III voaram até 2006/2007(?) baseados em Burma Camp, altura em que foram retirados de serviço.





Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação

Agradecimentos: Sérgio Couto, Pierre Guillard.


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CRÉDITOS

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