sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

POLÓNIA COM O F-35 - [M2095 – 13/2020]

Delegação polaca na assinatura do contrato em Deblin, EUA

Foi hoje assinada a LOA - Leter of Offer and Acceptance para a aquisição do sistema de armas Lockheed Martin F-35A Lightning II.
A Polónia será, assim, o 14º país do mundo e o 10 º da NATO a operar este caça de 5ª geração.

Mockup de um F-35 com as insígnias polacas.

Numa primeira fase serão adquiridas 32 unidades cujas entregas começarão em 2024, sendo que se espera que uma esquadra destas aeronaves esteja operacional em 2026. Até 2030 a Polónia espera ter uma segunda esquadra de F-35.

O contrato ora assinado inclui:
-entrega de 32 aeronaves F-35A e 33 motores F-135 entre 2024-2030 com equipamento de tarefas, equipamento de assistência em terra e equipamento de pilotos
-entrega de elementos do sistema de treino às bases aéreas da Polónia, incluindo oito simuladores de missão completos
-fornecimento de suporte técnico e logístico como parte do sistema Global Support Solution (GSS), que garantirá o nível de operação necessário das aeronaves F-35A nas Forças Armadas Polacas até 2030
-entrega do sistema de TI ALlS - Sistema de Informações Logísticas Automáticas, necessário para gerir a operação de aeronaves F-35A,
-treino de pessoal técnico e de voo, ou seja, 24 pilotos e aproximadamente 100 técnicos.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

SAFRAN ASSEGURA MANUTENÇÃO DE MOTORES DA FROTA MERLIN DA FAP [M2094 – 12/2020]

EH101 Merlin da Força Aérea Portuguesa

A Safran Helicopter Engines assinou um contrato de dez anos com a Força Aérea Portuguesa (FAP) para apoiar os motores RTM322 da frota EH101 Merlin. Mais de 38 motores estão agora cobertos pelo Pacote de Suporte Global (GSP) da Safran.

A Esquadra 751 da FAP opera uma frota de doze EH101 Merlin, um helicóptero trimotor de médio/grande porte, que conheceu sempre muitas dificuldades operacionais ao longo dos anos de serviço com as cores portuguesas, em grande parte devido aos contratos de manutenção, que não foram devidamente assegurados, aquando da aquisição dos aparelhos.

Apesar de se tratar de um helicóptero com capacidade táctica, usado já em teatro de guerra por Reino Unido, Itália e mais recentemente Dinamarca, tem estado a ser usado praticamente apenas em missões de busca e salvamento pela FAP, quando as Forças Nacionais destacas na República Centro Africana necessitam urgentemente de aeronaves de asas rotativas.

Depois de há sensivelmente meio ano, a manutenção de 2º e 3º Escalão ter sido adjudicada à OGMA, este novo acordo com a Safran vem cobrir a manutenção dos motores, satisfazendo o requisito da FAP para uma óptima disponibilidade de aeronaves, durante as suas operações militares nacionais e internacionais.

O TGen. Cartaxo Alves, da Força Aérea Portuguesa, disse a propósito: "Ansiamos que este acordo garanta motores suficientes para apoiar as tarefas operacionais durante o período [de dez anos]. O contrato reafirma a excelente relação de trabalho que existe entre nós e o Safran".

Foto: Cyril Abad/Safran

Frederic Fourciangue, vice-presidente da Safran Helicopter Engines Support, França, referiu por sua vez: "este contrato representa um marco importante na nossa parceria com a Força Aérea Portuguesa. Estamos extremamente orgulhosos deste novo compromisso, de um contrato GSP para apoiar as aeronaves propulsionadas por motores RTM322. Estamos empenhados em oferecer apoio de classe mundial à Força Aérea Portuguesa ".

Sob o  contrato GSP, o cliente obtém o compromisso de ter manutenção de motores, sempre que necessário. Outros princípios do GSP incluem estabilidade orçamental, preço fixo por hora de voo do motor e uma parceria técnica com o fabricante original do equipamento (OEM).


C295 EM BUSCA DA LETRA K [M2093 – 11/2020]

Um dos contactos molhados entre aeronaves C295 durante a bateria de testes de Janeiro de 2020      Foto: Airbus Defence

O avião de transporte táctico Airbus C295 alcançou com sucesso os primeiros "contactos molhados" (ie: com transferência de combustível entre as aeronaves), durante uma campanha de testes reabastecimento em voo (AAR). Antes, os primeiros contactos secos desta bateria de testes, ocorreram em Dezembro de 2019 e foram alcançados usando uma configuração de rampa fechada, mangueira de 100 pés (30m) e sistema de supervisão remota. Os contactos molhados, realizados em Sevilha, Espanha, ocorreram em Janeiro de 2020, entre uma aeronave Airbus C295 em configuração de avião-tanque e um C295 da Força Aérea Espanhola, que serviu como receptor, em velocidades de voo entre os 100 e os 130 nós (185 a 240 km/h).



No total, a aeronave equipada com o kit AAR removível realizou cinco contactos molhados, transferindo um total de 1,5 toneladas de combustível. Os testes foram conduzidos durante o período diurno.

O capitão Gabiña, piloto da Força Aérea Espanhola que participou da campanha de testes, disse a propósito: "O grau de dificuldade nos testes de voo é sempre alto, pois envolve a realização de manobras que ninguém havia feito antes. De notar que, devido ao comportamento positivo da aeronave, a operação decorreu bem e de forma simples ".

Testes de proximidade com EF-18 do Ejército del Aire          Foto: Airbus Defence

A campanha de testes de voo também incluiu operações de voo nocturno e um bem-sucedido teste de proximidade em posição de pré-contacto, desta vez com um caça F-18 da Força Aérea Espanhola, a uma velocidade de 210 nós (390 km/h).

Estes testes bem-sucedidos ampliarão a versatilidade, que é já imagem de marca do C295 para operações tácitas, que poderá agora incluir missões de reabastecimento a helicópteros, aeronaves de transporte e caças, que utilizem o sistema.

O prefixo "K", utilizado para designar aeronaves com capacidade de reabastecer outras em voo, poderá agora, por isso, ser adicionado à família C295.







quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

SUECA SAAB VAI CO-PRODUZIR O BOEING T-7A RED HAWK - [M2092 – 10/2020]

Foto: Boeing

O gigante sueco vai participar na produção do novo jato de treino avançado para a USAF, ao abrigo de uma parceria com o construtor norte americano.
O trabalho de produção da Saab será realizado em West Lafayette, Indiana, nos Estados Unidos.
"Em pouco mais de um ano desde que assinamos o contrato de [desenvolvimento de engenharia e fabricação], estamos a iniciar a produção da nossa parte do jato T-7A", diz o executivo da Saab, Jonas Hjelm. E adianta: "Esta conquista é possível devido à grande colaboração entre a Saab e a Boeing, e é uma honra fazer parte desse programa para a Força Aérea dos Estados Unidos".
A Boeing ganhou um contrato de 9,2 biliões de dólares em setembro de 2018 para fornecer à USAF, 351 aeronaves T-7A, 46 simuladores e equipamento terrestre associado.
O motor que equipa estes aviões é o General Electric F-404.
Estas aeronaves e equipamento destinam-se a substituir a frota de Northrop T-38 Talon que, recorde-se, entrou ao serviço em 1961.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

F-16 DE SPANGDAHLEM JÁ ESTÃO EM MONTE REAL - [M2091 – 09/2020]


À semelhança do que aconteceu no ano passado, já está na Base Aérea nº 5, o destacamento de caças F-16CJ/DJ da 480th FS da USAF para, durante pouco mais de três semanas, executarem missões de treino operacional em céu nacional, aproveitando a meteorologia mais favorável da nossa latitude, em contraponto ao rigor dos céus alemães nesta altura do ano, além de menores restrições de espaço aéreo e acesso a um bom campo de tiro.
Até dia 20/21 de Fevereiro, 18 F-16 Bloco 50 com o código de cauda SP irão operar a partir de Monte Real.



Foto: 480Th FS
Foto: 480Th FS
Foto: 480Th FS

Este destacamento interagirá com a Força Aérea Portuguesa, particularmente com as duas esquadras de F-16 nacionais que operam a partir daquela importante unidade militar.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

ASSINADO CONTRATO DE VENDA DE NOVO LOTE DE F-16 À ROMÉNIA [M2090 – 08/2020]

F-16 do primeiro lote vendido à Roménia ainda em Monte Real 

Depois de aprovada no Parlamento romeno em Dezembro passado, a oficialização da venda do segundo lote de F-16 destinados à Força Aérea Romena decorreu esta manhã na Base Aérea nº 5 em Monte Real, com a assinatura do contrato no valor de 130M EUR, entre o Estado português e a Roménia.

À cerimónia estiveram presentes o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho e o ministro da Defesa da Roménia General Nicolae-Ionel Ciucă, além do CEMFA General Joaquim Borrego, entre outros convidados.

Ministros da Defesa de Portugal João Gomes Cravinho (esq) e da Roménia General Nicolae-Ionel Ciucă (dir)    Foto: FAP

As cinco células deste lote (N/C 15122, S/N 82-0918; N/C 15132, 83-1073; N/C 15134, 83-1077; N/C 15135, 83-1080; N/C 15141, 82-0975), juntar-se-ão aos 12 já entregues ao país dos Cárpatos, entre 2016 e 2017. As entregas estão previstas decorrer a partir de Junho de 2020, com duas aeronaves, seguidas de outras duas em Outubro e a última já no inicio de 2021.

Individualidades presentes na cerimónia em frente ao F-16 n/c 15135, uma das células a alienar      Foto: FAP


O contrato prevê, além do fornecimento das aeronaves, a configuração das mesmas para o padrão OFP M5.2, a revisão geral dos motores, a formação, o apoio logístico e a permanência de uma equipa de apoio técnico na Roménia até 2023.

Após a venda, a Força Aérea Portuguesa irá ficar com 28 células operacionais (24 monolugares e 4 bilugares). Segundo comunicado do Ministério da Defesa ainda em 2019, os F-16 da FAP "continuarão a assegurar a capacidade operacional da Força Aérea até serem substituídos por uma aeronave de 5ª geração, o que deverá ser iniciado na próxima década." 



sábado, 25 de janeiro de 2020

VOOU NOVO F-16 MLU DA FAP - 15143 [M2089 – 07/2020]



Ontem, 24 de Janeiro de 2020, voou pela primeira vez o novo F-16AM da Força Aérea Portuguesa, com o número de cauda 15143, a partir das instalações da OGMA, em Alverca, mas com passagem por Monte Real.
O voo de experiência foi captado pelo Virtual Radar Server e partilhado na rede social Twitter pela conta LP_ADSB, com o callsign Risky11:




O  LP_ADSB é um perfil do Twitter criado primordialmente para partilhar os movimentos captados pelos descodificadores de ADS-B "caseiros", com especial atenção aos movimentos militares registados no espaço aéreo português.

Esta tecnologia baseia-se em captar o sinal dos transponders das aeronaves, usando uma placa USB de DVB-T (vulgo TDT) e o software “dump1090”.
Os dados obtidos podem ser: ICAO, Squawk, Alt., QNH, Lat/Lon, temperatura do ar, vento, etc. Estes podem depois ser encaminhados para os sites que conhecemos como o FlightRadar24, FlightAware, PlaneFinder e AirNav RadarBox, ou então, visualizados localmente, usando por exemplo, o “Virtual Radar Server”. Nos transponders mais antigos, que informam apenas a altitude, é feita uma triangulação, entre estações, para supor a posição e velocidade da aeronave (tecnologia MLAT)

Os aviões militares são maioritariamente filtrados nos sites públicos, não sendo normalmente "visíveis". Mesmo nos equipamentos "caseiros", apenas são visíveis os que querem (ou podem) deixar-se ver.



O 15143 da FAP corresponde à célula 82-1004, que  foi adquirida por Portugal, englobada no programa Peace Atlantis II.
Antes de chegar a Portugal em 1999, tinha já estado baseada na Europa, mais concretamente em Torrejón de Ardoz, Espanha, onde esteve ao serviço da 401TFW da USAFE, entre Abril de 1984 e Fevereiro de 1989. Depois disso, passou pela 309TFS (Flórida, EUA) e 170TFS (Illinois, EUA), antes de ser armazenada no AMARG no Arizona, em Dezembro de 1994.

Primeiro toque do 15143 na pista de Monte Real

A aeronave receberá ainda na OGMA em Alverca, a pintura táctica em três tons de cinza, comum ao resto da frota, antes de ser finalmente entregue na Base Aérea nº 5, em Monte Real.
O 15143, destina-se, tal como o 15144 e o 15142 (já entregue em 2019), a mitigar os efeitos na frota da Força Aérea Portuguesa, da venda de 12 F-16 realizada por Portugal à Roménia em 2013.








sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

CENTRO MULTINACIONAL DE TREINO DE HELICÓPTEROS - Cursos arrancam em Agosto [M2088 – 06/2020]



O primeiro curso para pilotos no Centro Multinacional de Treino de Helicópteros (MHTC) em Sintra, terá início em Agosto de 2020, segundo revelou o ministro da Defesa João Gomes Cravinho.

"Já a partir de Agosto de 2020 teremos o primeiro curso e o centro de formação de helicópteros estará em pleno funcionamento a partir de 2021, com os simuladores", referiu em declarações à Agência Lusa.

A decisão de localizar o MHTC na Base Aérea nº 1 em Sintra, foi conhecida em Julho de 2019, tal como o Pássaro de Ferro então noticiou.
Mas além de receber o referido centro de treinos para pilotagem de aeronaves de asas rotativas, Portugal irá liderar o mesmo centro durante o primeiro ano:

"Foi confirmado esta semana o resultado para o qual estamos há bastantes meses a trabalhar, que é a liderança portuguesa do centro multinacional de helicópteros que se instalará em Portugal, em Sintra, e que será o maior centro europeu para a formação de pilotos e tripulações de helicópteros. (...) Será uma liderança portuguesa que dará lugar à autonomia da instituição. Somos responsáveis por albergar o centro em Sintra com todo o processo que levará ao seu funcionamento autónomo a partir de 2021", completou o ministro, sublinhando que Portugal manterá sempre "uma preponderância" nesta liderança.

O MHTC irá congregar três pólos de treino até agora dispersos pela União Europeia, numa decisão  que teve o processo do Brexit como catalisador. A escola terá entre 20 a 25 pilotos em permanência, num total de até duas centenas por ano e representará um investimento português de 4M EUR.






quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

TIGER MEET 2020 - BASE ABERTA [M2087 – 05/2020]

Emblema do Nato Tiger Meet 2020

Tal como já é do conhecimento geral, o mítico exercício Tiger Meet, que congrega esquadras de voo que têm um felino como símbolo, irá decorrer entre 10 e 22 de Maio de 2020, em Beja.

O dia 17 de Maio será o dia de abertura da Base ao público, que incluirá o festival aéreo comemorativo do 68º Aniversário da Força Aérea Portuguesa . Durante o Tiger Meet decorrerão ainda várias outras actividades paralelas na cidade.

A informação foi divulgada na sessão de apresentação do exercício na Câmara Municipal de Beja, pelo Cor. Carlos Lourenço do Comando Aéreo da Força Aérea Portuguesa, conjuntamente com o comandante da Base Aérea nº11, Cor. Paulo Costa.

O exercício, organizado pela Esquadra 301 - Jaguares,  reunirá no Baixo Alentejo cerca de 3000 militares, 100 aeronaves de 20 esquadras, oriundas de 14 países (12 da NATO mais Suiça e Áustria). Será o maior exercício aéreo no espaço europeu durante o ano de 2020.

Pintura especial do Alpha Jet 15250 da Esquadra 301 em 2002

O último Tiger Meet em Beja decorreu em 2002, coincidente com as celebrações dos 50 anos da Força Aérea Portuguesa. Os Jaguares voavam então ainda o Alpha Jet. Esta será por isso, a primeira vez que a Esquadra 301 recebe o Tiger Meet, equipada com o F-16 MLU.

O destacamento da Esquadra 301 no Tiger Meet 2019 em Mont-de-Marsant, França

Os Jaguares venceram contudo já por duas vezes o troféu Silver Tiger, que distingue a melhor esquadra do exercício, a voar o F-16 (2011 e 2019). Com o saudoso Fiat G.91 venceram outras duas vezes (1980 e 1985) o cobiçado troféu.

Troféu "Silver Tiger"

Serão ainda realizados dois spotters day, marcados para os dias 14 e 20, com as inscrições a terem início a 2 de Março.




PRIMEIRO KC-390 DA FAP EM CONSTRUÇÃO NA OGMA [M2086 – 04/2020]

Foto: OGMA
Foto: OGMA

O Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, Gen. Joaquim Borrego, visitou as instalações da OGMA em Alverca, onde pôde já ver o painel central do primeiro, dos cinco aviões de carga KC-390 Millennium, encomendados em Agosto de 2019 à Embraer, destinados a substituir os C-130H Hercules, na Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa.

Foto: OGMA

O KC-390 Millennium é um projecto da Embraer, com participação portuguesa, tanto na fase de desenvolvimento, como de construção das aeronaves.

Foto: OGMA


A OGMA é responsável pela construção dos lemes de profundidade e compartimento do trem de aterragem principal, além da já referida secção central da fuselagem. A montagem final dos aparelhos é contudo realizada no Brasil.



Enquanto a Força Aérea Brasileira está já a operar o modelo desde Setembro de 2019, a entrega da primeira aeronave da FAP está prevista para Fevereiro de 2023.








domingo, 19 de janeiro de 2020

C295M NO MALI EM MAIO DE 2020 [M2085 – 03/2020]

O sensor FLIR vigilância do C295M da FAP debaixo do nariz da aeronave

Apesar de não ter meios de asas rotativas disponíveis para poder reforçar a missão na República Centro Africana, Portugal irá  aumentar o contingente na missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA), com 70 militares e um avião C295M, a partir de Maio, e até Outubro de 2020.

A revelação foi feita pelo ministro da Defesa João Gomes Cravinho na sexta-feira, 17 de Janeiro, em Paris, onde esteve numa conferência com a sua homóloga francesa Florence Parly, com quem se encontrou depois, em reunião bilateral.

"A partir de maio e até outubro teremos mais cerca de 70 portugueses da Força Aérea, que estarão lá [no Mali] com a aeronave C295, que é muito competente para a recolha de informações, equipada de muitos sensores que permite desenvolver uma visão integrada e completa num espaço imenso" referiu o governante, complementando ainda que esse contingente poderá ser aumentado em 2021, para depois prosseguir: "É absolutamente fundamental estarmos presentes no Sahel. Não podemos deixar que a degradação da situação securitária no Sahel continue, porque o resultado terá um impacto na Europa. (...) Seria uma irresponsabilidade virarmos costas. (...) É uma área em que tenho colaborado com a minha colega francesa e espanhola, na tentativa de sensibilizar os outros países europeus, quantos às necessidades de fazer face aos desafios no Sahel" rematou.

Portugal tem actualmente 19 militares no Mali, 17 integrados na missão de Treino da União Europeia e dois na missão integrada das Nações Unidas, de estabilização do país.

A Força Aérea Portuguesa dispõe de uma frota de doze C295M em três versões diferentes: PG01, 02 e 03. Sendo a versão PG01 a básica de transporte (aeronaves 16701 a 07), a aeronave a destacar no Mali deverá ser do modelo PG02 (n/c 16708 a 10) ou PG03 (16711 e 12), uma vez que se trata dos modelos com capacidades ampliadas em termos de sensores de vigilância. Todas as versões contudo, possuem, ou podem ser equipadas com meios de defesa electrónica adicionais, para fazer face às ameaças que poderão encontrar durante o destacamento.

O Mali e os países do Sahel estão numa situação de deterioração da segurança preocupante para comunidade internacional. Segundo a ONU, mais de 4000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Burkina Fasso, Mali e Níger, onde os jihadistas têm intensificado as acções. O número de pessoas deslocadas aumentou 10 vezes, aproximando-se já de um milhão. Esta instabilidade na região, aliada à situação na Líbia, ameaça aumentar o número de migrantes, que tentam entrar ilegalmente na União Europeia através do Mediterrâneo, com todas as consequências sociais e humanitárias que o fenómeno acarreta. Portugal tem participado aliás assiduamente, tanto com meios aéreos (C295M e P-3C Cup+) como marítimos, também na vigilância do Mediterrâneo, contra o tráfico humano e outras operações ilegais.

Apesar de no passado dia 13, o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado o envio de mais 220 soldados para o Sahel, para fortalecer a força militar francesa na Operação Barkhane, os EUA no sentido inverso, admitiram reduzir a sua presença militar em África, o que pode colocar em risco a situação, na luta contra os grupos jihadistas.

A Esquadra 502, que opera o C295M na Força Aérea Portuguesa, já anteriormente esteve destacada no Mali, tal como o Pássaro de Ferro então deu conta, em artigo publicado na revista Sirius.


HELICÓPTEROS TÁCTICOS PRECISAM-SE [M2084 – 02/2020]

EH101 Merlin da FAP com camuflagem táctica

No início da semana transacta, durante a presença em Portugal de Mankeur Ndiaye, representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a República Centro-Africana, ficou conhecida publicamente a vontade daquela organização no reforço do contingente luso na missão MINUSCA (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana).

"Vou tentar ver com o senhor ministro o que podemos fazer em conjunto para reforçar os meios de intervenção da MINUSCA, incluindo com meios aéreos", referiu a 13 de Janeiro de 2020, à margem de uma conferência no Instituto de Defesa Nacional, sublinhando ainda que "os meios aéreos são muito importantes", antes da reunião marcada para o final da tarde do mesmo dia, com o ministro da Defesa Gomes Cravinho.

Esta necessidade, não é de agora, e tinha já sido aliás, identificada várias vezes pelas chefias portuguesas. As forças nacionais destacadas na RCA têm sido até ao momento apoiadas por helicópteros de várias proveniências, mas com cada vez maior dificuldade em termos operacionais, pelas mais diversas razões. A última, terá sido a queda de um dos três helicópteros senegaleses, que apoiavam a Força de Reacção Rápida portuguesa até Outubro passado, quando os restantes dois se encontravam já com problemas na sua operação.

É nesta sequência de eventos, que surge a solicitação do representante da ONU, do reforço da força portuguesa, que diz o mesmo interlocutor "faz a diferença no terreno". Esta necessidade é agora ainda mais premente, devido à necessidade de realização de eleições: "Insistimos na necessidade da mobilização dos recursos, porque sem recursos não poderemos organizar as eleições" disse a propósito.

No entanto, depois de décadas de avanços e recuos, as Forças Armadas portuguesas encontram-se, por motivos diversos, desfalcadas de meios de asas rotativas que possam colmatar esta necessidade.

O Exército chegou a ter nove helicópteros EC635 prontos, que foram, na época, recusados por falta de certificação para uso militar. Seguiu-se a participação no programa NH90, que acabaria cancelada em 2012, pelo Governo de então, bem como a Unidade de Aviação Ligeira do Exército, que era suposto vir a operar esses meios aéreos.

Já relativamente aos meios da Força Aérea, a substituição do Alouete III - usado intensamente em combate no Ultramar - só foi concretizada in extremis, e devido à descontinuação do apoio do fabricante do modelo. O seu sucessor - o AW119 Koala - embora excelente na instrução de pilotagem, para que foi adquirido, é uma versão civil, não tendo, tal como o EC635, certificação para uso em operações militares. Resta por isso o EH101 Merlin, que substituiu na FAP o SA-330 Puma, este último também usado nas guerras de África, a par com o Alouette III.

Causará alguma estranheza a razão pela qual esta frota não tem sido considerada para o uso em teatro de guerra pelas forças portuguesas, quando Reino Unido e Itália já o fizeram no Médio Oriente e a Dinamarca recentemente destacou duas unidades no Mali.


Os AW101 Merlin dinamarqueses na Operação Barkhane no Mali

A frota de EH101 da Força Aérea Portuguesa é constituída por doze células EH101 Merlin, cujas funções têm sido maioritariamente a Busca e Salvamento (SAR). Possuem contudo certificação para uso militar, sendo essa mesmo a razão da sua camuflagem táctica. Podem levar até três atiradores (um em cada um das portas laterais e outra na traseira). Quatro células (n/c 19609 a 19612) são do modelo EH101-516, específicas para as funções de Combat Search and Rescue (CSAR), possuindo sistemas adicionais de ajuda a sobrevivência em combate (Defensive Aids Suite – DAS), incluindo Receptor de Alerta Radar (Radar Warning Receiver – RWR), Sistema de Alerta Míssil (Missile Warning System –MWS) e Sistema Dispensador de Contramedidas (Counter Measures Dispensing System – CMDS).

EH101-516 Merlin da FAP em treino de operações tácticas

As razões para a sua não utilização em teatro de guerra poderão apenas, por isso, estar dependentes dos problemas de operacionalidade que têm afectado a frota, seja devido às dificuldades de manutenção, seja por falta de tripulações qualificadas, o que causou já mesmo constrangimentos ao funcionamento dos três alertas de SAR, que a Esquadra 751 assegura em Portugal continental e nas ilhas.

Certo é que, na Lei da Programação Militar (LPM) até 2030, está inscrita uma verba de 53M EUR para " cinco helicópteros de evacuação". Este valor é, à primeira vista, compatível com o modelo AW139 da Leonardo, empresa que terá sido sondada para apresentar propostas, que preencham os requisitos portugueses. A urgência na aquisição dos helicópteros, para utilização imediata em teatro de guerra, parece contudo, não ser compatível com aeronaves novas, aconselhando eventualmente a escolha de aeronaves em segunda mão, escolha essa que estará também a ser estudada pelas chefias militares e Ministério da Defesa.

Com a constante sangria de oficiais, sargentos  e praças da Força Aérea, resta saber se haverá igualmente pessoal para os operar.


sábado, 18 de janeiro de 2020

KOALA PARA A US NAVY [M2083 – 01/2020]

O TH-119 apresentado a concurso pela Leonardo       Foto: Leonardo

Menos de um ano depois da recepção dos primeiros AW119 Koala na Força Aérea Portuguesa, a Marinha dos EUA seleccionou  TH-119, para substituir a sua envelhecida frota de Bell TH-57, nas funções de instrução de pilotos para asas rotativas.

Sendo uma das críticas apontadas à escolha do Koala pela FAP, o facto de existirem pouco operadores militares do modelo, esta decisão por parte da US Navy, parece colocar um ponto final nesse argumento.

Anunciado o resultado do concurso na passada segunda-feira 13 de Janeiro de 2020, a proposta da Leonardo situou-se nos 176M USD, tendo superado a concorrência da Bell com o modelo 407 (monomotor) e a Airbus com o H135 (bimotor), além de dois outros concorrentes não revelados, para o fornecimento de 32 helicópteros ligeiros.

O contrato total será contudo no valor de 648,1M USD para 130 helicópteros, em quatro anos, situando-se 265M USD abaixo do valor inicialmente orçamentado para o programa.

O modelo receberá a designação TH-73A na  US Navy e será fabricado nas instalações da Leonardo em Filadélfia (onde aliás as unidades portuguesas também foram), com as entregas do primeiro lote de 32 aeronaves a ficarem completas até Outubro de 2021.

A manutenção será a realizar em Milton, na Flórida, onde a Leonardo se comprometeu a construir infraestruturas com quase 10.000 m2, destinadas a suportar a totalidade dos 130 helicópteros que se estima a US Navy venha a necessitar para as funções de instrução de pilotagem, fornecendo serviços 24 hora por dia, 7 dias por semana, incluindo sobressalentes, processo de garantia e renovação, serviços de técnicos e de engenharia, componentes e reparações das células.

Segundo a US Navy, o Koala adequa-se aos requisitos para o treino avançado de voo em aeronaves de asa rotativa e tiltrotor, para a Marinha, Fuzileiros e Guarda Costeira dos EUA, até 2050.

O TH-119 apresentado a concurso pela Leonardo, é a versão militar do AW119 Koala, que conta cerca de 320 células ao serviço em 40 países por todo o mundo, incluindo Portugal. Está equipado com aviónicos Genesys Aerosystems e um motor Pratt & Whitney PT6B (o mesmo do AW119). Possui ainda um assento adicional ajustável para um observador, que proporciona visão total do cockpit. Tem patins reforçados e possibilidade de reabastecimento "a quente" (sem cortar motor).

O assento de observador, que permite a um aluno adicional observar os procedimentos no cockpit   Foto: Leonardo

A US Navy espera atingir IOC (Capacidade Operacional Inicial) no novo modelo, no último trimestre de 2021, quando terá inicio o primeiro curso de alunos. A retirada dos últimos TH-57 está prevista para 2024, quando a totalidade dos 130 TH-73 já deverão ter sido entregues.






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