quarta-feira, 29 de abril de 2020

THUNDERBIRDS E BLUE ANGELS SOBRE NOVA IORQUE [M2128 - 46/2020]











Sobrevoo de Manhattan pelos Thunderbirds e Blue Angels a 28 de Abril de 2020

Uma formação conjunta das duas patrulhas acrobáticas mais importantes dos EUA: Thunderbirds (USAF) e Blue Angels (US Navy) sobrevoaram ontem 28 de Abril de 2020, Nova Iorque, Nova Jérsia e Filadélfia, numa iniciativa destinada a agradecer aos profissionais de saúde empenhados no combate à COVID-19.


Trajecto das patrulhas no dia 28 de Abril de 2020

Apesar das imagens sobre Manhattan serem as que mais interesse, sem dúvida, suscitam, pela espectacularidade do cenário, foram também registadas imagens sobre Filadélfia e no trajecto entre cidades:








Fotos: Cody Hendrix/US Navy


sábado, 25 de abril de 2020

BOEING CANCELA ACORDO COM EMBRAER [M2127 - 45/2020]

Ilustração: Boeing

A Boeing anunciou hoje que encerrou seu Contrato Principal de Transacção (MTA) com a Embraer, sob o qual as duas empresas procuraram estabelecer um novo nível de parceria estratégica. As partes planeavam criar uma joint venture que incluísse o negócio de aviação comercial da Embraer e uma segunda joint venture para desenvolver novos mercados para as aeronaves C-390 Millennium de transporte aéreo e mobilidade aérea.

De acordo com o MTA, 24 de abril de 2020 era a data de fim do contrato, sujeita a prorrogação por qualquer das partes, se determinadas condições fossem atingidas. A Boeing exerceu então o direito de rescisão, depois da Embraer não satisfazer as condições necessárias.

"A Boeing trabalhou diligentemente ao longo de mais de dois anos para finalizar sua transacção com a Embraer. Nos últimos meses, tivemos negociações produtivas, mas em última análise sem sucesso, sobre condições insatisfatórias do MTA. Tínhamos intenção de resolver a situação até à data de fim do contrato, mas não o fizemos. ", disse Marc Allen , presidente da Embraer Partnership & Group Operations. "É profundamente decepcionante. Mas chegámos a um ponto em que a negociação contínua, no âmbito do MTA, não resolverá os problemas pendentes".

A parceria planeada entre a Boeing e a Embraer recebeu aprovação incondicional de todas as autoridades reguladoras necessárias, com excepção da Comissão Europeia.

Embraer KC-390 Millennium

A Boeing e a Embraer manterão ainda assim o Memorando de Entendimento Principal existente, originalmente assinado em 2012 e ampliado em 2016, para promover e apoiar em conjunto as aeronaves militares C-390 Millennium.






O MiG Galego [M2126 - 44/2020]



Desatento com sou, nunca pensei encontrar aqui perto de casa, numa quase anónima localidade galega, um Mikoyan-Gurevich MiG-17 “Fresco” – foi este um dos aparelhos que fui “caçar” em Novembro último.


Na outra margem do rio Minho em relação Monção, fica Salvaterra do Miño, onde está localizada a SEGANOSA, uma empresa de formação e qualificação em emergências, nomeadamente bombeiros de aeroporto, bombeiros municipais, e para áreas tão diversas como indústrias petroquímicas, parques eólicos, no mar, incêndios florestais, etc.
Nas suas instalações são usados diversos equipamentos onde são recriados cenários tendo em vista o treino, nomeadamente alguns aparelhos (mock ups), como por exemplo para o treino de combate a incêndios em aeronaves.


Exemplo de mockup de treino de fogo real.


Curiosamente, e totalmente fora de propósito, pois tem em vista apenas fins decorativos, se assim se pode dizer, encontramos por lá um MIkoyan-Gurevich MiG-17, ex Força Aérea da Bulgária. Ao que julgo saber, está aqui pelo menos desde meados dos anos 90 do Século passado, pois aparentemente os donos da empresa achavam uma certa graça ao aparelho… dizem. O que é certo é que a empresa já não tem os mesmos donos, mas o aparelho ainda por lá permanece, como uma espécie de ex-libris.

Ainda que o aparelho esteja identificado, os autores do European Military Out Of Service, referem não se ter uma certeza absoluta sobre a sua identidade, admitindo-se portando que seja um MiG-17, número 31 da Força Aérea da Bulgária, c/n 1194 ["triangle number 21/7207"], aqui anotado pela primeira vez em Junho de 1998. O aparelho encontra-se pintado com símbolos soviéticos.

Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação

Agradecimentos: ao Andy Marden (EMOOS) pela clarificação da numeralogia.









quinta-feira, 23 de abril de 2020

TIGER MEET 2021 - DATAS [M2125 – 43/2020]

Imagem: FAP

Na sequência do cancelamento do Tiger Meet 2020, previsto para a Base Aéra nº11 em Beja, entre 5 e 17 de Julho, devido à pandemia de COVID-19, a Organização revelou já novas datas para o evento, a realizar agora em 2021.

Assim, Beja receberá o Nato Tiger Meet 2021, entre 2 e 14 de Maio, estando previsto um Festival Aéreo para Domingo 9 de Maio de 2021 e spotters days a 6 e 12 de Maio.

Os spotters inscritos para 2020 continuarão inscritos para os dias correspondentes em 2021, isto é: as inscrições do dia 9 Julho 2020 serão transferidas para dia 6 Maio 2021 e do dia 15 Julho 2020 para dia 12 Maio 2021. Basta para tal enviar um email para o endereço ntm20_spotter@emfa.pt até ao dia 2 de Abril de 2021. Qualquer pedido de alteração ou cancelamento da inscrição, deverá ser realizado para o mesmo endereço.


TIGER MEET EM BEJA ADIADO PARA 2021 [M2124 – 42/2020]




O NATO Tiger Meet 2020 agendado para a Base Aérea nº11 em Beja, entre 5 e 17 de Julho foi cancelado, tal com aliás já se vinha adivinhando, dado o prolongar da pandemia de COVID-19.

O Tiger Meet 2021, previsto para Setembro do próximo ano na Bélgica, será agora realizado de 2 a 14 de Maio em Beja, organizado de igual modo pela Esquadra 301 - Jaguares da Força Aérea Portuguesa (FAP).


Pintura realizada pela Esquadra 301 na cauda do F-16 n/c 15105 para a participação no Tiger Meet 2018

As actividades previstas para Setembro de 2021, pela Esquadra 31 da Componente Aérea Belga (CAB), terão ainda lugar, mas serão em comemoração do 60º Aniversário da NATO Tiger Association.

A decisão foi divulgada através da página oficial NATO Tigers, em comunicado conjunto da Esquadra 301 da FAP e da Esquadra 31 da CAB.

Entretanto, a organização já confirmou já a nova data para o Festival Aéreo a 9 de Maio de 2021 e spotter days para 6 e a 12 do mesmo mês.

As inscrições para os spotters days continuarão a ser válidas para os novos dias respectivamente em 2021, ie: quem estava inscrito para 9 de Julho de 2020 continua inscrito para 6 de Maio de 2021 e os inscritos a 15 de Julho de 2020 ficarão inscritos para 12 de Maio de 2021. A organização solicita contudo uma confirmação do interesse para o endereço de email ntm20_spotter@emfa.pt até 2 de Abril de 2021, bem como para qualquer alteração que os interessados queiram fazer.


segunda-feira, 20 de abril de 2020

REEQUIPAMENTO DA FORÇA AÉREA NACIONAL DE ANGOLA [M2123 – 41/2020]

Dois K-8 visíveis debaixo dos abrigos em Catumbela a 21 de Janeiro de 2020

Apesar das restrições orçamentais com que se debatem as Forças Armadas Angolanas, os planos de reequipamento da Força Aérea Nacional prosseguem, tal como referiu o seu comandante, Gen. Altino dos Santos, por ocasião do 44º aniversário da Arma Aérea angolana, em Janeiro passado, em Catumbela.




Na ocasião, foi possível observar em fundo já pelo menos três dos aviões de treino K-8, encomendados à China, tal como o Pássaro de Ferro noticiou em 2019.

Uma terceira célula de K-8 na placa de estacionamento de Catumbela 

Através do Google Earth, já a 11 de Junho de 2019 era  possível visualizar na Base Aérea de Lubango, a presença de até onze Su-30/27 em simultâneo, a descoberto.
Angola encomendou uma dúzia de Su-30 em 2013, pelo que será de admitir que falte apenas um par de Su-30 ou mesmo que as entregas estejam já completas, considerando que poderá haver sempre células em manutenção, e por isso não visíveis nas fotos de satélite.
A FAN operava além dos Su-30 entregues entre 2017 e 2019, um Su-27UB (bilugar).




A FAN recebeu desde 2013, seis EMB-314 Super Tucano, de ataque leve. Do seu inventário de aviões de combate, constam ainda 23 MiG-21, 22 MiG-23, 14 Su-22 e 12 Su-25, dos quais contudo se desconhece as condições de operacionalidade.

Angola tem também encomendados três C295M para missões de patrulhamento marítimo, mas destinados à Marinha de Guerra.


Agradecimentos: André Carvalho


"LOBOS" PATRULHAM O MEDITERRÂNEO A PARTIR DE CASA EM 2020 [M2122 – 40/2020]

O P-3C CUP+ da Esquadra 601 da FAP n/c 14808 é a aeronave actualmente empenhada na Operação Sea Guardian

Tal como o Pássaro de Ferro oportunamente noticiou, a Esquadra 601 encontra-se empenhada novamente em 2020, na Operação Sea Guardian da NATO, de patrulhamento do Mediterrâneo.

Apesar de não ser situação nova, as missões estão a decorrer a partir da Base Aérea nº 11 em Beja e em moldes diferentes, ao contrário da generalidade das participações anteriores que têm contemplado destacamentos no estrangeiro.

Assim, e tal com definido em Diário de República, a contribuição da Força Aérea Portuguesa para Operação Sea Guardian em 2020, incluirá "Uma aeronave P -3C CUP+ e respetiva tripulação, com o empenhamento de uma missão mensal, com duração de oito horas de voo (8HV), até um ano, a partir do território nacional."

Por isso, estando em Abril e desde a primeira missão de 2020, os "Lobos" realizaram já mais de 30 horas de voo. Na missão mais recente, realizada no passado dia 15, foram patrulhados cerca de 120.000 Km2 no mar Mediterrâneo, num total de sete horas e quarenta e cinco minutos de voo, identificando 1200 contactos, entre os quais nove embarcações associadas ao tráfico de estupefacientes, uma embarcação associada a imigração ilegal e outra abandonada.




Esta operação da NATO, no Mediterrâneo, tem como objectivo contribuir para a segurança marítima deste mar, através do incremento do conhecimento situacional marítimo e da capacitação de parceiros.

Além do P-3C da Força Aérea, as Forças Armadas tem ainda atribuído para 2020 à operação Sea Guardian, uma unidade naval (tipo submarino) com um efectivo de 33 militares, por um período de
60 dias (incluindo trânsitos).




sexta-feira, 17 de abril de 2020

F-16 DA FAP PARTICIPAM NOS PRIMEIROS REABASTECIMENTOS AÉREOS AUTOMÁTICOS [M2121 – 39/2020]


Imagem do F-16 da FAP no sistema de monitorização do reabastecimento do A330 MRTT      Foto: Airbus 

No seguimento do que vem sendo o protocolo de cooperação da Força Aérea Portuguesa (FAP), para a realização de testes de desenvolvimento e certificação das aeronaves de reabastecimento aéreo da Airbus, mais uma vez aeronaves da FAP participaram num marco importante, no desenvolvimento da nova tecnologia de reabastecimento aéreo automático.

Com efeito, a Airbus anunciou esta sexta-feira 17 de Abril de 2020, ter alcançado a primeira operação totalmente automática de reabastecimento ar-a-ar (A3R) com um sistema de lança. A campanha de testes de voo, realizada no início do ano sobre o Oceano Atlântico, envolveu uma aeronave de teste da Airbus equipada com a solução Airbus A3R e caças F-16 da Força Aérea Portuguesa, actuando como receptores.

Depois de ter realizado com sucesso os primeiros contactos com este sistema em 2017, também com a colaboração da FAP,  este novo marco faz parte da fase de industrialização dos sistemas A3R, antes de sua implementação no desenvolvimento do avião-tanque A330 MRTT.

A campanha alcançou um total de 45 horas de teste em voo e 120 contactos secos [NR: sem transferência de combustível] com o sistema A3R, cobrindo todos os limites de operação de reabastecimento aéreo, uma vez que o F-16 e o ​​A330 MRTT consolidam a maturidade e as capacidades desta fase de desenvolvimento do programa. A fase de certificação começará em 2021.



Didier Plantecoste, chefe do programa de reabastecedores e derivados da Airbus, disse: “A conquista deste marco importante, para o programa A3R, mostra o excelente progresso do programa de desenvolvimento do A330 MRTT e mais uma vez, confirma que nosso avião-tanque é a referência mundial, para operações de reabastecimento actuais e futuras. Os nossos agradecimentos especiais à Força Aérea Portuguesa pelo seu apoio contínuo e ajuda neste desenvolvimento crucial ”.

O sistema A3R não requer nenhum equipamento adicional na aeronave receptora e visa reduzir a carga de trabalho do operador de reabastecimento aéreo (ARO), melhorar a segurança e optimizar a taxa de transferência nos reabastecimentos ar-ar, em condições operacionais, ajudando a maximizar a superioridade aérea. O objectivo do sistema A3R é desenvolver tecnologias que atinjam recursos totalmente autónomos.

Fotos da operação no Instragram da Esquadra 201 - Falcões:


Uma vez activado o sistema pelo ARO, o A3R controla a lança (boom) automaticamente e mantém o alinhamento entre a ponta da lança e o receptáculo, com precisão de alguns centímetros; o alinhamento adequado e a estabilidade do receptor são verificados em tempo real, para manter uma distância segura entre a lança e o receptor e também para determinar o momento ideal para estender a ponta telescópica, para realizar a conexão com o receptor. Nesse ponto, a transferência de combustível é iniciada, para encher a aeronave receptora e, uma vez concluída e a desconexão ordenada, a lança é afastada do receptor, retraindo a ponta telescópica e afastando a lança para manter uma distância de separação segura. Durante esse processo, o ARO simplesmente monitoriza a operação.



terça-feira, 14 de abril de 2020

PRIMEIRO VOO DO F-15QA [M2120 – 38/2020]

Descolagem do primeiro F-15QA a 14 de Abril de 2020


A Boeing anunciou hoje 14 de Abril de 2020, a realização com sucesso do primeiro voo do caça F-15QA, a versão mais avançada da família F-15 fabricada até hoje. Desenvolvido para a Força Aérea do Emirato do Catar (QEAF), o caça demonstrou as suas capacidades de próxima geração durante um voo de 90 minutos. O voo realizou-se a partir do Aeroporto Internacional Lambert, em St. Louis, Missouri, EUA.

 "Estamos muito orgulhosos desta conquista e esperamos com grande entusiasmo sucessos  contínuos  neste programa", disse o coronel Ahmed Al Mansoori, comandante da futura Ala de F-15 da QEAF. "Este primeiro voo bem-sucedido é um marco importante que leva as nossas esquadras um passo mais próximo de pilotar esta incrível aeronave, nos céus do Catar."     

A equipa do voo de experiência da Boeing, liderada pelo piloto de testes Matt Giese, implementou uma lista de verificação (check-list) minuciosa para o voo, para testar as capacidades multimissão da aeronave. O caça demonstrou a sua manobrabilidade logo durante a descolagem vertical “Viking” e atingindo 9 Gs, ou seja, nove vezes a força da gravidade, nas manobras subsequentes no espaço aéreo do voo de experiência (Functional Check Flight - FCF). Verificações de sistemas, como aviónicos e radar também foram bem-sucedidas. Uma equipa de testes que monitorizou os dados em tempo real, confirmou que a aeronave teve o desempenho planeado.


"Este bem-sucedido primeiro voo é uma etapa importante para fornecer à QEAF uma aeronave com a melhor carga útil da categoria", disse Prat Kumar, vice-presidente da Boeing e gestor de programa do F-15. “O avançado F-15QA oferece não só recursos revolucionários, mas também é construído usando processos de fabrico avançados, que tornam o caça mais eficiente de produzir. Na linha da frente, o F-15 tem metade do custo por hora de voo de aeronaves de combate semelhantes e oferece muito mais carga útil a distâncias muito maiores. Isso é sucesso em combate ".

O Departamento de Defesa dos EUA concedeu à Boeing um contrato de 6200M USD em 2017, para fabricar 36 caças F-15 para o Catar. A entrega das primeiras aeronaves ao cliente começará em 2021. Além disso, a Boeing recebeu um contrato através do programa Foreign Military Sales da USAF em 2019, para o treino de tripulações e técnicos de manutenção da QEAF para o F-15QA.

O F-15QA traz aos seus operadores tecnologias de última geração, como controlos de voo fly-by-wire, cockpit digital; sensores modernizados, radar e recursos de guerra electrónica; e o computador de missão mais rápido do mundo. Aumento de fiabilidade, sustentabilidade e manutenção permitem que os operadores de defesa permaneçam à frente das ameaças actuais e em evolução, a preços acessíveis.

Através dos investimentos na plataforma F-15QA e parceria com a USAF, a Boeing está agora a preparar-se para construir uma variante doméstica do caça avançado, o F-15EX.

O F-15EX tornou-se um programa recorde para a Força Aérea dos EUA, quando a Lei de Financiamento de Defesa Nacional para o ano fiscal de 2020 foi assinada em 30 de Dezembro de 2019. Em Janeiro, a Força Aérea emitiu notificações públicas da sua intenção de realizar um contrato por adjudicação directa à Boeing, para a aquisição de oito células F-15EX, embora planos futuros prevejam a compra de até 144 aeronaves.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

OFENSIVA CONTRA O ESTADO ISLÂMICO EM MOÇAMBIQUE [M2119 – 37/2020]

Um dos dois Gazelle filmados a sobrevoar Pemba, alegadamente ao serviço de forças contratadas pelo Governo moçambicano para combater o Daesh no norte do país

Na sequência do que vêm sendo ataques armados no norte e centro de Moçambique, por parte de grupos do Estado Islâmico, chegam também notícias de uma contra-ofensiva, alegadamente realizada por forças militares privadas sul-africanas ao serviço da Força Aérea Moçambicana.

Apesar do pouco destaque que o assunto vem merecendo na imprensa internacional, a escalada de violência, principalmente na província de Cabo Delgado, mas com diversos focos por todo país, por parte de grupos armados que organizações internacionais classificam como terroristas, terá já provocado entre 600 a 700 mortos, em cerca de dois anos e meio, além de cerca de 200.000 desalojados, segundo o arcebispo católico D. Luiz Fernando.

Imagem divulgada pelo Daesh das acções em Quissanga


No final de Março de 2020, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas pelo grupo jihadista, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique. Na ocasião, num vídeo divulgado na internet, um alegado jihadista justificou os ataques  com o objectivo de impor a lei islâmica na região.

Já em Abril, nova ofensiva em Namacande, com assaltos a instituições públicas, estabelecimentos comerciais, postos de combustível, agências bancárias e unidades das forças de segurança estatais para se apoderarem das armas, foi filmada novamente por elementos do grupo armado, com posterior divulgação nas redes sociais.

O outro helicóptero Gazelle avistado em Pemba tem pintura notoriamente mais clara mas não é possível discernir a matrícula

Chegaram entretanto relatos e imagens de pelo menos três helicópteros - dois Gazelle e um Bell 407, armados, a sobrevoar a cidade de Pemba. Num dos Gazelle é inclusive possível identificar a matrícula sul-africana ZU-ROJ, que corresponde a um Westland 341B Gazelle AH1 ex-British Army.



Segundo a imprensa sul-africana, os ataques através destes meios aéreos, são a mais recente tentativa de Maputo para derrotar a insurgência. Fontes militares moçambicanas citadas, disseram terem estes helicópteros leves atingido uma base dos jihadistas de Ahlu Sunnah wa Jamaa (ASWJ) na área de Mueda, na quarta-feira 8 de Abril de 2020, além de bases em Mbau no distrito de Awassi e Muidumbe na quinta-feira 9 de Abril. Ainda segundo as mesmas fontes não divulgadas, os ataques teriam sido bem-sucedidos, com muitas baixas entre os insurgentes. Os ataques não incluem para já forças terrestres, embora estes possam vir a ocorrer mais tarde.

Já na sexta-feira 10 de Abril, ficou a saber-se de várias fontes não confirmadas, que um dos helicópteros Gazelle foi forçado a fazer uma aterragem de emergência, depois de ter sido atingido por tiros, durante novo ataque aos insurgentes, nessa manhã. A tripulação terá escapado ilesa e destruiu a aeronave, para impedir que caísse nas mãos do inimigo.

Canhão/metralhadora fixa montada na porta lateral do Gazelle ZU-ROJ


A identidade das milícias privadas que participaram na contra-ofensiva governamental da passada semana não é completamente clara. Joseph Hanlon, um comentarista tido como credível em Moçambique, identificou o helicóptero Gazelle ZU-ROJ, como estando ao serviço da empresa militar privada russa Wagner, que teria entrado em Moçambique em Novembro de 2019, ao abrigo de um contrato com o governo moçambicano, para combater os insurgentes.

No entanto, duas fontes militares independentes disseram ao jornal sul-africano Daily Maverick que a Wagner terá abandonado Moçambique em Março deste ano, depois de fracassar na sua missão, e que os ataques aéreos da passada semana foram conduzidos pela empresa de segurança privada Dyck Advisory Group (DAG), sedeada na África do Sul, propriedade do ex-coronel militar do Zimbábue Lionel Dyck.

De acordo com o site desta empresa, “O Dyck Advisory Group (DAG) é o resultado de anos de experiência em operações líderes nas áreas de remoção de minas, gestão de riscos de explosão, segurança especializada, serviços caninos e caça furtiva. (...) O DAG é capaz de avaliações rápidas dos problemas existentes e o fornecimento subsequente das soluções necessárias. As soluções apropriadas serão então implementadas pelo DAG na qualidade de consultor. Se necessário, o DAG também supervisionará a implementação das soluções. ”

Bell 407

As  mesmas fontes disseram ainda que as milícias privadas voaram na quarta-feira em três helicópteros para Pemba, no norte de Cabo Delgado - um helicóptero Gazelle, um Bell UH-1 Huey e um Bell 407 - e um avião Diamond DA42, onde se juntaram a outro helicóptero Gazelle e a um Cessna 208 Caravan de asa fixa, que haviam chegado a Pemba mais cedo na semana.

A intervenção de novos operadores militares privados vem, aparentemente por isso, na sequência da retirada de Moçambique da Wagner, que terá desistido em Março de 2020, com pouco sucesso contra os insurgentes. As mesmas fontes disseram que os mercenários da Wagner não compreenderam o terreno difícil de Cabo Delgado. Mas as actividades da Wagner - uma empresa suspeita de vínculos com o presidente russo Vladimir Putin - sempre foram obscuras e alguns observadores insistem que apenas esteve em Moçambique como segurança pessoal para o presidente Filipe Nyusi e sem nunca estar mandatada para combater os insurgentes islâmicos.

Os insurgentes da ASWJ - que também se têm apresentado como leais à Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP) - afiliada do Estado Islâmico (IS) global - vêm montando operações cada vez maiores e mais frequentes na província de Cabo Delgado. A insurgência está activa desde Outubro de 2017 e é cada vez mais caracterizada por ataques brutais às forças de segurança governamentais e a populações civis, nos quais as vítimas são frequentemente decapitadas e mutiladas. Essas têm sido também as marcas de actuação das operações do IS no Médio Oriente.

Em Março de 2020 contudo, os insurgentes parecem ter mudado de táctica, quando investiram no ataque em larga escala por mar e terra em Mocímboa da Praia, o porto comercial mais a norte de Moçambique. Mataram ou expulsaram as forças de segurança e destruíram múltiplos edifícios, incluindo o terminal de aeroporto, escritórios governamentais, lojas e bancos e içaram a bandeira preta e branca do IS. Desta vez não tinham como alvo civis, mas sim conquistar a confiança da população local, distribuindo inclusivamente comida e dinheiro.

A ousadia dos ataques ​​na região de Cabo Delgado, começou já a deixar nervosas as empresas estrangeiras que vêm construindo instalações no litoral, para extrair e processar as vastas reservas de gás da província, nomeadamente a francesa Total e a americana Exxon Mobil. O último ataque a Mocímboa da Praia terá sido particularmente preocupante, visto ter ocorrido perto da estação de processamento de combustíveis em construção, onde estava a ser descarregado equipamento.


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