sábado, 30 de novembro de 2013

O B-24 DE FARO - ARQUEOLOGIA DE AVIAÇÃO SUBMARINA (M1297 - 365PM/2013)

Liberator do museu da RAF em Londres

A 30 de novembro de 1943, faz hoje portanto precisamente 70 anos, acidentou-se numa amaragem em frente  a Faro, um bombardeiro americano PB4Y-1 (versão da US Navy do B-24 Liberator), então em plena II Guerra Mundial. Cinco dos tripulantes pereceram no acidente, enquanto outros seis tiveram mais sorte, tendo sido salvos por pescadores portugueses.
A história, incluída no livro de Carlos Guerreiro "Aterrem em Portugal" é por isso já conhecida, mas será lembrada na edição de Domingo do Correio de Manhã, por ocasião da efeméride.




O que talvez não seja tão conhecido, é que os destroços da aeronave são visitáveis, para os adeptos do mergulho arqueológico.
Do sítio de internet da empresa que localizou os destroços e efetua mergulhos guiados ao local pode ler-se o seguinte:

"• Características do local:
destroços do que restou da queda ao mar de um bombardeiro norte-americano perdido na noite, em plena 2ª Guerra Mundial, em 30 de Novembro de 1943. Tratava-se de um bombardeiro quadrimotor B-24 Liberator PB4Y da marinha americana, em patrulha anti-submarina no Golfo de Cádis, com 11 tripulantes a bordo. Seis faleceram no momento da queda, tendo os restantes sido salvos por um pescador que estava por perto naquela noite.
Pode-se ver a estrutura praticamente completa das duas asas, com 34 m de envergadura, em posição invertida. Apesar dos hélices terem sido deslocados, podem-se ver ainda os motores, assim como as cavidades para a recolha do trem de aterragem. A fuselagem, o corpo principal do avião, desapareceu e está ainda a ser alvo de buscas. Em redor há um extenso campo de destroços, donde se destacam dois dos hélices (cujas pás têm quase um metro de comprimento), um rotor do motor e um dos lemes verticais, possíveis de encontrar recorrendo um pequeno exercício de navegação subaquática.

• Fauna:
O B-24 é hoje um belíssimo recife artificial, servindo a estrutura da asa de abrigo a uma verdadeira nuvem de fanecas. As longarinas da estrutura interna da asa são o “condomínio” perfeito para outros peixes e invertebrados: xarrocos, garoupas, cabozes, santolas, galateias, polvos, camarões e um lavagante! Inúmeros safios e ainda algumas moreias residem também neste naufrágio.

• Conselhos de mergulho:
Trata-se de uma estrutura de alumínio, com uma corrosão já bastante avançada em alguns pontos, e como tal muito frágil. Além disso é um monumento a todos os que combateram na 2ª Guerra, além de uma sepultura para os 6 jovens tripulantes que ali faleceram. Hoje constitui um oásis de vida no extenso areal que o cerca e por tudo isto deve ser por todos nós preservado. Desta forma, não se joga âncora, sendo unicamente colocada uma bóia de marcar, cujo cabo servirá unicamente como referência visual para a descida.
Trave a descida, controlando bem a flutuabilidade de forma a não “aterrar” em cima do avião! Explore com cuidado, devagar e ao pormenor a estrutura da asa. Há imensos detalhes que é necessário observar com atenção. Em seguida, dirija-se à extremidade sul da asa onde se encontra um cabo que liga ao estabilizador horizontal da cauda. Seguidamente, volte à asa e se ainda tiver tempo de fundo, ar e uma bússola, siga no rumo indicado pelo guia, em direcção aos restantes destroços. Este é um daqueles mergulhos em que a nossa curiosidade e capacidade de navegação podem ser postas à prova."

Foto: Hidroespaço
Foto: Hidroespaço

Esquema do local de mergulho:



Mais informações no sítio da Hidroespaço:
http://www.hidroespaco.com/saidas_onde.php?content&id_zona=5&id=11





FIAT - O ANJO BRANCO (M1296 - 92AL/2013)

 Fiat G-91 R4, em esquema cinza claro, nas OGMA. Foto Arquivo FAP/Mais Alto.

Um familiar meu combateu na Guiné.
Nas poucas conversas que mantive com ele sobre o assunto, percebi que sempre que via ou ouvia a sobrevoar a nossa aldeia, um jato da Força Aérea, tinha sempre a "esperança" que o dito fosse um Fiat (é assim, apenas, que lhes chama).
Uma vez, por exemplo, lembro de estar junto dele quando sobrevoou a aldeia uma parelha de aviões T-38, algures no meio da década de oitenta, passados já uns bons anos do fim da sua pasagem por aquele território. Como ambos os vimos, ele disse logo que "aquilo são Fiats. São brancos, voam muito rápido e muito baixo!"
Ele disse-o com um ar quase solene e notei nele também alguma inquietação, digamos. Mais adiante explicou-me que sempre que apareciam os Fiats nas ações no meio das matas "sentiamo-nos mais seguros, porque o inimigo tinha-lhe bastante respeito. Para nós era uma forma de nos sentirmos protegidos, porque nunca se sabia o que poderia estar escondido atrás do mato."
Ou seja, o Fiat G-91, que envergou durante vários anos um esquema cinza claro (daí o 'branco'), foi uma espécie de anjo branco que protegia os homens que, no terreno, combateram corpo a corpo, metro a metro, com um inimigo escondido, fruto do fim de um regime e de uma época.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ESQUADRILHA DA FUMAÇA ACELERA EM ANÁPOLIS (M1295 - 364PM/2013)

A-29 Super Tucano com as cores da Esquadrilha da Fumaça   Foto: EDA

Como parte dos treinos com as aeronaves A-29 Super Tucano, vinte e três militares do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) farão parte de uma campanha operacional rumo à Base Aérea de Anápolis (BAAN), localizada no estado de Goiás, entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro. O objetivo é realizar voos num local diferente da sede da Esquadrilha da Fumaça,  em Pirassununga - São Paulo, para que novas situações possam ser experimentadas, como diferentes condições de temperatura, altitude e pressão.

Foto: FAB

O grupo é formado por 14 oficiais, incluindo pilotos, médico e Relações Públicas; e nove Anjos da Guarda, nome dado aos especialistas em manutenção de aeronaves. Também irá integrar a equipa, um representante da Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), para conceder suporte técnico. O transporte do grupo deve ser realizado por meio de cinco aeronaves A-29, e de C-105 Amazonas, pertencente ao 1º Esquadrão do 15º Grupo de Aviação (1º/15º GAV) da Base Aérea de Campo Grande (MS).

A iniciativa, que faz parte do Programa de implantação operacional da aeronave Super Tucano no EDA, consiste na fase em que os pilotos estão envolvidos desde julho deste ano, chamada de “Desenvolvimento de manobras e display”. Segundo o responsável pela doutrina e instrução no EDA, Major Ubirajara Pereira Costa Júnior, a atividade irá proporcionar aos pilotos a oportunidade de obter respostas das aeronaves distintas das apresentadas em Pirassununga. 
Outras ações relacionadas com uma missão real também poderão ser treinadas, tais como planeamento da logística correspondente à manutenção de aeronaves e transporte da equipa de apoio e de material.

“Atualmente, a equipa está próxima de concluir as manobras das células, que é o nome dado aos três grupos de aeronaves que fazem acrobacias juntas: o quatrilho; cujos aviões envolvidos são os das posições 1, 2, 3 e 4; o 5 e 6; e o 7 (solo) ”, explica o Major Costa. As células estão a treinar para que, futuramente, possam unir-se, para atingir a formação com sete aeronaves. Após a conclusão das manobras das células, a próxima atividade é seguir para seis aeronaves juntas e, finalmente, concluir em formação com sete.

Foto: FAB

Depois da atividade em Anápolis, o grupo segue com a programação normal dos treinos. Não há ainda uma data definida para o retorno da agenda de demonstrações da Esquadrilha da Fumaça.

De recordar que o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira, está a realizar a transição do T-27 Tucano, com que operou durante quase três décadas, para o A-29 Super Tucano.


Fonte: Agência Força Aérea
Adaptação: Pássaro de Ferro


MÍSSEIS ARTESANAIS DISPARADOS CONTRA BASE AÉREA AMERICANA NO JAPÃO (M1294 - 363PM/2013)

C-130 da USAF sobrevoam a base aérea de Yokota      Foto: Osakabe Yasuo/USAF


Na noite de dia 28 , foram disparados projéteis através de um canhão de fabrico caseiro, contra a base aérea em uso por forças americanas, em Yokota, no Japão.

O incidente, de que deram conta os residentes dos arredores da base cerca das 23:30 horas, foi já confirmado por autoridades japonesas e americanas.

A Polícia encontrou dois tubos de metal, cabos elétricos e uma bateria, num loteamento vazio a cerca de 350m da base. Parcialmente enterrados, os tubos estavam apontados à base aérea, segundo informou o porta-voz da Polícia de Tachikawa.

A Polícia e militares americanos procuraram por indícios dos projéteis, mas até ao momento não foram encontrados, não havendo qualquer estrago, ou ferido a assinalar. 

Existe na região um grupo de extrema-esquerda, contestatários da presença militar americana no território, com historial de realizar ataques semelhantes no passado, contra a mesma base de Yokota e também contra a base naval de Atsugi.  O alegado ataque de ontem contudo, não foi (ainda) reivindicado.

Fonte: Stars and Stripes
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

REINO UNIDO NECESSITA DE DOIS PORTA-AVIÕES (M1293 - 362PM/2013)

Ilustração do Prince of Wales e Queen Elizabeth          Imagem: Royal Navy

A proposição é válida se a Coroa britânica pretender continuar a ser uma potência global, segundo declaram os especialistas.
A discussão à volta do tema teve início, quando uma proposta de Governo para vender um dos dois porta-aviões da classe Queen Elizabeth de 65.000 ton, em construção, foi divulgada.

Segundo Tobias Ellwood parlamentar britânico, citado pelo jornal Telegraph, vender um dos porta-aviões é que será um mau uso de dinheiro público, conforme explica:

"O Reino Unido ou necessita de ter porta-aviões, ou não necessita. Se necessita, então duas unidades no mínimo são requeridas, de modo a ter sempre pelo menos um disponível. (...) Operar dois porta-aviões cimentará a Grã-Bretanha como uma força global, com poder militar de primeiro nível" disse.

Ilustração de um F-35B a aterrar no Queen Elizabeth     Imagem: Royal Navy

Um exemplo do que a falta de porta-aviões pode causar, é por exemplo a recente campanha na Líbia (2011), em que os aviões de ataque britânicos Tornado e Typhoon foram obrigados a realizar missões de 3000 milhas (cerca de 4500 km) de ida e volta. Mesmo depois de baseados em Itália, as missões eram ainda assim quatro vezes mais dispendiosas, do que se fossem lançadas a partir de um porta-aviões no Mediterrâneo. 
O porta-aviões, é pelas suas características de mobilidade, flexibilidade e independência, um dos primeiros meios a ser deslocado para qualquer foco de instabilidade no globo.

Operar um único porta-aviões, significa que só se poderá dispor desse meio durante cerca de 200 dias por ano, devido aos necessários trabalhos de manutenção. 

Segundo o Secretário da Defesa Philip Hammond, uma decisão definitiva só será tomada em 2015, quando for revista a estratégia de defesa e segurança do país.

O HMS Queen Elizabeth em construção em Rosyth   Foto: Royal Navy




quarta-feira, 27 de novembro de 2013

MINISTRO DA DEFESA BRASILEIRO: F-X2 É PARA CONTINUAR (M1292 - 361PM/2013)




Em entrevista  ao jornal Folha de S. Paulo, o Ministro da Defesa brasileiro Celso Amorim respondeu a todas as perguntas incómodas e temas quentes da atualidade militar do país e da aviação em particular, como o programa de aquisição do novo caça para a FAB F-X2, a retirada dos Mirage 2000, o fim de vida dos Hercules e outras hipóteses ventiladas na comunicação social brasileira.

O Pássaro de Ferro transcreve seguidamente os excertos relacionados com a aviação:


"O que está faltando para ser encerrado o programa da compra dos caças? O chamado F-X2?
Eu estou muito confiante de que vai ter um bom andamento, mas quanto menos eu falar dele melhor.

Pelo que entendi o sr. já disse até que o Brasil poderia negociar uma parceira de construção de caças de quinta geração com a Rússia, me corrija se eu estiver errado. A Rússia que está desenvolvendo esses modelos de quinta geração. Houve alguma evolução aí nessa área?

Olha, isso é uma possibilidade para o futuro. Volto a insistir, nós não podemos ter todos os ovos em uma única cesta. Nós não sabemos o que é o futuro do mundo. Nós gostamos de pensar que o mundo é uma coisa certinha, de que todo mundo vai se comportar sempre de uma mesma maneira, mas não é assim. Veja bem, eu sou de uma geração que viu a Guerra Fria. A Guerra Fria acabou, não existe mais bipolaridade, existe multipluralidade de informação, o mundo mudou muito e eu não sei nesse mundo novo, cheio de incertezas, o que vai acontecer. Então eu tenho que ter uma diversificação. Eu acho que isso é essencial para a segurança do Brasil. Então, sobre esse aspecto é que, digamos, nós estamos abertos a uma cooperação para um caça de quinta geração com qualidades que o de quarta e meia, com dizem, não terá, com a Rússia e com, eventualmente, outros. Não é só com a Rússia. A Rússia sugeriu essa hipótese também. É uma hipótese que nós temos que considerar. De qualquer maneira isso é uma coisa que ainda terá que ser para o futuro porque de imediato nós temos que preencher a necessidade que existe hoje. Essa necessidade de hoje nós vamos ter que preencher ainda com os caças de quarta geração. Eles dizem quarta e meia porque eles já estão um pouco melhorado. E é isso que nós estamos tratando de fazer.

Ainda que seja para o futuro, o caça de quinta geração, uma coisa está entrelaçada com a outra. Se fosse possível esse acordo com a Rússia, os caças de quinta geração, o desenvolvimento deles
Hoje o Brasil é um Bric, né? O Brasil participa de vários O Brasil tem essa vantagem, o Brasil não é de nenhuma aliança militar, nem com os Brics, obviamente, nem com nenhuma outra. Então o Brasil tem a liberdade de ter um avião com um, de ter um sistema antiaéreo com outro, de procurar fazer um submarino com terceiro e com isso ele vai aprendendo mais. Porque se você tem só uma único fornecedor, você fica na mão dele, em todos os sentidos, económico e tecnológico.

Tem uma especulação aí no mercado sobre o seguinte, por que eu perguntei do caça de quinta geração dos especialistas: uma solução intermediária acertando, eventualmente, para o futuro sobre essa parceria de caças com a Rússia, o Brasil poderia, eventualmente fazer leasing de caças russos

Não está em consideração.

Não?
Não está em consideração.

Não há essa hipótese?

Não há essa hipótese, tanto quanto eu saiba. 

Parece que o ministro [da defesa da Rússia] Sergei Shoigu... 
Eles gostariam que a gente fizesse um leasing, mas isso não nos dá nada porque nós queremos ter...Veja bem...

Seria cancelado o F-X2, é isso?
É óbvio que nós não faremos isso. O F-X2 vai se realizar.

Vai ser comprado, não vai ter essa história de leasing então?
Não.

Qual é o cronograma do F-X2? Porque isso já tem mais de uma década, bem mais de uma década já. Qual é a sua expectativa realista, vamos dizer assim?
A minha expectativa realista, eu sou sempre muito otimista, porque eu acho que otimismo faz parte da descrição do homem público, porque senão ele tem outros objetivos. Eu como não tenho nenhum outro, sou otimista. Portanto, a minha expectativa é para que algo muito breve ocorra.

O sr. acha que dentro do governo da presidente Dilma Rousseff que termina em dezembro do ano que vem, no mandato atual da presidente Dilma, o Brasil vai ter concluído esse programa de compra dos caças?
Olha, veja bem. Entre uma decisão final para comprar determinado caça e a chegada dele no Brasil levará algum tempo. Eu creio que a decisão final será tomada bem antes disso.

A presidente tem falado para o sr. que vai tomar essa decisão?
Minhas conversas com a presidenta são, do meu ponto de vista, totalmente privadas. Se ela quiser conversar a esse respeito ela pode, eu não.

Em que medida esse episódio aí da espionagem, da NSA, acabou afastando um pouco a possibilidade da Boeing vencer essa concorrência dos caças?

Eu devo dizer o seguinte: tanto quanto eu sei, a decisão sobre esse tema será técnica. Técnica levando em conta os elementos de performance, transferência de tecnologia, inclusive acesso a código fonte, e preço. Três elementos. Ficaram três países na concorrência. Caças de três países, eu quero dizer. Quanto a isso não há recuo mais, são esses três mesmo.

Ou há ainda possibilidade de haver até revisão disso?
Você sabe que eu filosoficamente não gosto de falar em coisas absolutas, mas eu não vejo nenhuma possibilidade de revisão disso. Não vejo, não está no horizonte, não está nas considerações.
(...)

O sr. falou dos Hercules que estão chegando aí ao final do ciclo de vida útil deles. Os caças Mirage também, parece que no final de ano terão que ser aposentados, é isso? Haverá um buraco aí entre a aposentadoria dos caças e a chegada dos novos, o que vai se fazer nesse hiato?

Há duas coisas que eu tenho que lhe dizer. Primeiro, os nossos caças mais antigos foram todos modernizados, que é claro que não é a mesma coisa, mas eles têm, digamos, uma aviónica moderna, uma capacidade de tiro modernizada, então nós não vamos ficar desprotegidos. A segunda coisa que eu quero dizer é que eu não sei qual caça que vai ser escolhido, mas qualquer um deles, todos eles ofereceram soluções intermediárias também enquanto não ficar pronto o primeiro caça que for encomendado. Então nós estaremos --claro que não tão bem protegidos como gostaríamos--, mas não vamos ficar pior do que estávamos com o Mirage, que aliás já se tornou caríssimo, cuja manutenção se tornou muito cara.

Ou seja, o fornecedor desses caças vai oferecer uma solução de transição aí para que o país não fique sem esse equipamento no período em que os novos não chegam?
Isso, seguramente. Os novos, em relação aos quais a ideia é progressivamente produzi-los no Brasil, numa proporção crescente. É preciso também que isso fique... é muito importante. É muito diferente dos caças do passado, que vinham prontos."


Entrevista completa da Folha de S.Paulo em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/2013/11/1377119-leia-a-transcricao-da-entrevista-de-celso-amorim-a-folha-e-ao-uol.shtml

SALVEM O JAVALI AFRICANO (M1291 - 360PM/2013)

  A-10C Thunderbol II mais conhecido por Warthog            Foto: Jim Haseltine

O título poderia muito bem ser o mote duma campanha ecológica, mas o Javali em causa, tal como o Pássaro em que escrevemos, é de "ferro".
Trata-se do mítico A-10 Thunderbolt II, "Warthog" para os amigos, portanto "javali africano". E os amigos são muitos e têm-se mostrado por estes dias em que está ameaçado de extinção, tal como o Pássaro de Ferro tem dado conta, devido aos cortes orçamentais na Defesa dos EUA.
Mesmo apesar do clima de "intimidação" devido às recomendações da Força Aérea dos EUA (USAF) para que os militares no ativo não comparecessem em manifestações, ou de outro modo se manifestassem a favor da continuidade do Warthog em serviço operacional, as presenças de numerosos pilotos ou militares de algum modo ligados ao avião têm-se feito sentir.

       O javali africano pintado no nariz dos A-10 fazem honra à alcunha do avião         Foto: Jim Haseltine

Fora de serviço, com roupas civis, no passado dia 22 de novembro compareceram ao seminário em Washington a favor do A-10, uma das iniciativas com mais visibilidade e simbolismo por se realizar na capital. 
A falar pelos seus camaradas no ativo, esteve o TenCor (Ref) Bill Smith, que voou o A-10 no Iraque, Balcãs e Afeganistão e apresentou os pontos fortes da aeronave. Presentes também Pierre Sprey, antigo oficial do Pentágono, responsável pela criação do A-10 e vários outros analistas, civis e militares, pró e contra a extinção do Warthog.
A assistir ao debate, estiveram numerosos assessores de Congressistas, bem como um razoável número de antigos combatentes (terrestres) de guerras desde o Vietname, ao Iraque e Afeganistão, que não se cansaram de sublinhar a importância da missão de Apoio Aéreo Aproximado de que o A-10 é o expoente máximo.

Nas guerras em que tem participado o A-10 ganhou a estima das tropas em terra     Foto: Jim Haseltine

Os argumentos para a retirada do modelo, são, além dos óbvios ganhos orçamentais em operar menos uma frota, os de que aeronaves multi-role como o F-16, F-15E, ou B-1B, podem, com a ajuda do moderno armamento e sensores, desempenhar a mesma missão, sem perda de qualidade. E no futuro o F-35.

lançamento de míssil AGM-65 Maverick        Foto: Jim Haseltine

Por outro lado, no plano político, podem estar os trunfos que permitam os "Javalis" ganhar mais alguns anos de vida, sendo que 20 congressistas e 13 senadores, tanto republicanos como democratas, assinaram uma missiva que se opõe à retirada do A-10.

Largada de bombas de queda retardada           Foto: Jim Haseltine

Entretanto, notícias que dão conta de um contrato existente entre a USAF e o grupo Northrop Grumman, para manutenção e modernização da frota A-10, podem significar que o modelo ainda ficará em serviço por vários anos mais, embora seja uma dedução com pouco grau de fiabilidade.

Para já, a USAF ainda não fez qualquer anúncio oficial definitivo sobre a retirada dos 351 A-10 ainda no ativo. A decisão deverá ser tomada em fevereiro de 2014, quando será discutido o orçamento para o ano fiscal de 2015 nos EUA.

As inúmeras estações para armamento do A-10  bem visíveis na foto       Foto: Jim Haseltine







MARINHA RUSSA RECEBE NOVOS MIG-29 (M1290 - 359PM/2013)

MiG-29KUB em testes a bordo do porta-aviões Admiral Kuznetsov   Foto: MiG Corporation

A Marinha Russa recebeu no passado dia 25 de novembro quatro novos MiG-29K/KUB para utilização no seu porta-aviões Admiral Kuznetsov, anunciou o Ministério da Defesa do país:

"O fabricante MiG entregou dois MiG-29K monolugares e dois MiG-29KUB bilugares para operação em porta-aviões" referiu o porta-voz do Min. Defesa a propósito.

O Ministério da Defesa russo assinou um contrato em fevereiro de 2012, para a compra de 20 MiG-29K e quatro MiG-29KUB até 2015. 
As aeronaves irão ser utilizadas no único porta-aviões russo operacional, complementando os Su-33 atualmente em uso.

O piloto de testes Sergei Korotkov a bordo de um MiG-29K   Foto: MiG Corporation

O MiG-29K é a variante naval do MiG-29, com asas dobráveis, gancho de paragem, estrutura reforçada e capacidade multirole. Ao contrário do Su-33 que é destinado apenas a missões de defesa aérea, o MiG-29K pode ser armado com uma grande variedade de armamento ar-ar e ar-superfície, e designadores de alvos de laser.

O modelo até agora estava apenas ao serviço na Índia, passando agora a Marinha Russa a ser o segundo utilizador, o que representa um enorme balão de oxigénio para o gabinete de projetos de caças, que outrora liderou em quantidade e qualidade nas forças aéreas de influência soviética/russa.

Fonte: Ria Novosti
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro

terça-feira, 26 de novembro de 2013

EUA DESAFIAM NOVA ZONA DE IDENTIFICAÇÃO E DEFESA AÉREA CHINESA (M1289 - 358PM/2013)

Boeing B-52 Stratofortress   Foto: Kevin J. Gruenwald/USAF


Segundo noticiou o Wall Street Journal, uma parelha de B-52 da USAF voou hoje sobre as ilhas disputadas por China e Japão no Mar da China Oriental
O voo realizou-se sem prévio aviso a Pequim, que no passado dia 23 estabeleceu unilateralmente uma Zona de Identificação e Defesa Aérea cobrindo as ilhas Diaoyu (Senkaku em japonês).
Segundo informações prestadas por fontes oficiais americanas, os bombardeiros descolaram da base de Guam e entraram no espaço aéreo reclamado pela China, pelas 19 horas de Washington (onde ainda era dia 25).

Alegadamente, o voo dos B-52 da Base Aérea de Anderson em Guam, fazem parte do exercício Coral Lightning, planeado já há bastante tempo. Os bombardeiros não estavam armados e não levavam escolta de caças. 

Mas o "voo de rotina" tomou especial relevo devido ao anúncio no passado fim-de-semana por parte da China, e contraria a tentativa de Pequim de aumentar a sua preponderância na região.
Apesar dos avisos de que a violação do espaço aéreo reclamado poderia desencadear uma resposta militar, as fontes oficiais americanas referiram não houve qualquer contacto por parte de aeronaves chinesas, enquanto os B-52 estiveram na "zona proibida".

Com o anúncio da criação da nova Zona de Identificação e Defesa Aérea, Pequim passou a requerer que as aeronaves que atravessem a região identifiquem o  transponder e a frequência rádio. O Cor. Steve Warren, porta-voz do Pentágono, disse que os EUA não iriam cumprir estas exigências.

As autoridades chinesas ainda não comentaram o episódio.


Fonte: Wall Street Journal
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro






segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MIRAGE F1 NA ARGENTINA: SIM, NÃO, TALVEZ... (M1288 - 357PM/2013)

Mirage F1M do Ejercito del Aire

Apesar das notícias que têm dado como certa a aquisição de 15 Mirage F1 pela Argentina, utilizados pelo Ejército del Aire espanhol até junho passado, o negócio poderá não se concretizar, segundo revelou o diário argentino ABC Hoy, no passado dia 22 de novembro.

O referido jornal explica que os caças destinados à VI Brigada Aérea da Força Aérea Argentina, num negócio estimado em 100 M EUR, poderão afinal não interessar, por motivos técnicos. 
Alegadamente as aeronaves estarão muito próximo de completar as horas de voo previstas antes de realizar manutenção profunda e o Governo espanhol não está disposto a realizar as referidas inspeções periódicas, para ampliar a vida útil dos aparelhos, pelo que "a compra não se realizará".

No mesmo artigo, refere-se ainda que altos quadros da Força Aérea Argentina e do Ministério da Defesa, estarão a analisar a possibilidade de adquirir caças Kfir de origem israelita, também em uso na América do Sul, concretamente na Colômbia e Equador.

O Ministério da Defesa espanhol por enquanto não comenta a situação "a pedido do comprador", referindo apenas que a operação continua em negociações.


O MAIS BARATO NA POLÓNIA: M-346 (M1287 - 356PM/2013)

Alenia Aermacchi M-346     Foto: Alenia Aermacchi

O avião de treino avançado de caça/ataque ligeiro com licitação mais barata no concurso para substituição dos envelhecidos TS-11 Iskra na Polónia é o M-346 da Alenia Aermacchi.
A Comissão do Ministério da Defesa polaco abriu os envelopes com as propostas no passado dia 22 de novembro e revelou que o valor mais baixo era o da aeronave italiana com 1160 M Zlots (cerca de 280 M EUR) por oito aeronaves M-346. 
As duas outras propostas presentes a concurso foram a BAE Systems britânica a propor 1700 M Zlots e a Lockheed Martin/KAI nos 1800 M Zlots, ambas por isso consideravelmente acima da Aermacchi, ultrapassando inclusive o orçamento fixado pelo executivo de Varsóvia, de 1200 M Zlots.

A Comissão irá agora proceder à avaliação dos parâmetros das ofertas, incluindo o preço e o ciclo de vida dos produtos, relativamente aos requisitos do concurso.
Apesar da aeronave T-50 da Lockheed Martin/KAI sempre ter parecido a mais adequada aos requisitos polacos, tal como comentámos no Pássaro de Ferro recentemente, o peso de uma proposta financeira mais vantajosa, bem como a cooperação com empresas locais, pode fazer pender a balança na direção de Itália.

Um decisão final e a assinatura do contrato definitivo, está prevista para o primeiro trimestre de 2014.

Fonte: Analisi Difesa
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro

COREIA DO SUL DECIDE-SE PELO F-35A (M1286 - 91AL/2013)



Segundo a agência Reuters, a Coreia do Sul vai comprar 40 aviões de combate Lockheed Martin F-35A Lightning II, segundo decisão tomada na passada sexta feira pelas chefias militares daquele país asiático. A entrega da primeira aeronave deverá acontecer em 2018.
Termina assim uma "busca" que se tornou algo errática, a dada altura, com avanços e recuos, propostas e contra propostas que, inclusivamente, chegaram a passar pela ideia da produção pela própria Coreia do Sul do seu caça de 5ª geração.
A decisão agora tomada marca a maior encomenda única de equipamento militar já feita pela Coreia do Sul.


Os sul coreanos poderão ainda ampliar sua frota de combate com a aquisição de mais 20 caças de vários modelos (não especificados), segundo informou um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul.

Fonte: Reuters.
Edição e tradução: Pássaro de Ferro.

domingo, 24 de novembro de 2013

USAF NA LÍBIA: CUMPRINDO ALÉM DO DEVER (M1285 - 355PM/2013)


Descolagem ao anoitecer de um F-16 em full afterburner   Foto: Nathanael Callon/USAF

"Era o anoitecer, uma das piores alturas para usar óculos de visão noturna (NVG - Night Vision Goggles). O sol punha-se sobre o meu ombro direito. O Mediterrâneo estava escuro e o céu por cima estava escuro, era como estar dentro de um buraco negro gigante. Era difícil distinguir que lado ficava para cima e para baixo. Começámos à procura de alvos fora de Tripoli. Tínhamos chegado à conclusão que pela quantidade de equipamento terra-ar na zona, o regime de Kadafi iria começar a usá-lo contra os aviões da coligação. Eliminar esse equipamento era por isso de prioridade máxima."

O encaixe dos NVGs visível no capacete do piloto do F-16   Foto: Michael R. Holzworth/USAF

O Maj. Adam Thornton, piloto instrutor da 56ª Esquadra de Terino, diz que nunca irá esquecer esta missão. Foi a missão mais longa que voou, na qual eliminou múltiplos alvos inimigos e ganhou uma medalha, por cumprir além e acima do dever.

Thornton estava a bordo de um avião, a caminho da base aérea de Nellis no Nevada (EUA), vindo da base da Shaw na Carolina do Sul, para um destacamento temporário, quando a meio do voo, o avião mudou de rota e regressou a Shaw. A sua unidade havia sido ativada, em resposta à Operação Odissey Dawn, a operação na Líbia liderada pelos EUA, para implementação de uma zona de exclusão aérea e prevenir que as forças leais ao então presidente Muammar Kadafi, executassem ataques aéreos contra as forças rebeldes.

   Manutenção de rotina do sensor de alerta de radar em Aviano    Foto: Katherine Windish/USAF

Duas semanas depois, numa quinta-feira à tarde Thornton recebeu a notícia de que seria destacado para a base de Aviano, mas sem saber por quanto tempo aí ficaria. "Chegámos a Aviano segunda-feira à tarde e na quinta-feira seguinte, estava a voar a minha primeira missão sobre a Líbia" disse.

Então, a Operação Odissey Dawn já tinha mudado para Operação Unified Protector, que era liderada pelas forças NATO. As forças da coligação passaram as três semanas seguintes a reunir informação e a preparar-se para entrar: "Estávamos tipo, de fora, sobre o Golfo de Sidra, à espera de abater radares" disse Thornton. "Isto progrediu em começarmos a voar sobre terra, à procura da localização de radares e mísseis terra-ar (SAM)."

Bombas inteligentes são colocadas nas estações das asas de um F-16    Foto: Katherine Windish/USAF

A missão mais longa de Thornton ocorreu a 10 de julho, deixando a exuberante paisagem de Itália e descendo sobre a escuridão de África: "Descolámos do norte de Itália mesmo antes do anoitecer. Conseguia ver os cumes dos Alpes cobertos de neve a desaparecer à distância. Algo que provavelmente não vou voltar a ver na minha vida".

Thornton concentrou-se ao chegar à zona de combate, confirmando os aviónicos do caça primeiro, sistemas defensivos (chaffs e flares) e sensores de busca, antes de entrar em território hostil. E não demorou muito até encontrar o primeiro alvo, depois de entrar. "Localizámos um de radar iluminação frontal, que estava descrito nas ameaças previstas para o voo. Identificámo-lo positivamente como sendo do regime de Kadafi e em 15 minutos recebemos autorização para o atacar". Thornton juntamente com o seu asa, prepararam-se para avançar.
"Entrámos com o designador de alvos Sniper, para gerar coordenadas para a bomba. O tempo normal para a largada da bomba é de cerca de um minuto, que é o tempo mais longo da tua vida" referiu, acrescentado depois "quando acertou no radar do SA-6, foi mesmo no alvo".
A bomba acertou no chassis e explodiu, deixando o alvo a arder como um néon laranja.

Thornton e o seu asa foram depois chamados a ajudar outro ataque da coligação, que necessitava do seu apoio. Enquanto no local, encontraram outro radar usado para apoiar baterias de SAMs. Thornton largou de novo as bombas e acabou com o alvo. "Foi um impacto direto" disse, "quando a bomba explodiu, o local parecia que era feito de papel prensado. Não ficou nada senão um ponto quente no solo".

Thornton voava no escuro através destes ataques. Todas as luzes na aeronave estavam apagadas de modo a minimizar as possibilidades de ser detetado pelo inimigo.

Maj. Adam Thornton junto ao seu F-16C em Aviano     Foto:USAF

Voou um total de 11 horas desde que descolou, até que aterrou. Por esta missão ganhou uma medalha, atribuída a militares e civis que participam em atos únicos de heroismo, no suporte a operações de combate. Mas para Thornton, ganhar uma medalha não foi a parte mais satisfatória, mas sim executar o trabalho para o qual fora treinado durante os oito anos anteriores: "Houve vários camaradas que receberam medalhas, mas nenhum dos que lá estiveram sentiram ter feito nada de especial" declarou. "Senti-me lisonjeado pela condecoração, mas o mais gratificante é realizar o trabalho para o qual fui treinado".

Fonte: USAF
Tradução: Pássaro de Ferro






sábado, 23 de novembro de 2013

FINAIS FELIZES (M1284 - 354PM/2013)

Foto: Dietmar Eckell

O fotógrafo alemão Dietmar Eckell viajou por todo o mundo, em busca de restos de aeronaves abandonadas acidentadas, para registar em imagens num único livro. A única premissa: todos os acidentes tiveram um final feliz, isto é, todos os tripulantes sobreviveram. Daí o título aparentemente irónico para a obra, mas na verdade justificado por esse detalhe.

Foto: Dietmar Eckell

Um trabalho que começou no interesse visual de registar "objetos" históricos e que evoluiu para um trabalho de investigação que durou mais de dois anos. No total, 15 destroços de aeronaves, abandonados há décadas (entre 10 e 70 anos) foram retratados por Dietmar, em lugares tão remotos como o Círculo Polar Ártico ou a Papua Nova Guiné, e através de quatro continentes.

Foto: Dietmar Eckell

Segundo o autor, apesar do mote ser um tema de aviação, o trabalho é muito mais do que simples fotos de destroços de aviões. 
É sobre o que foram magníficos aviões, belas paisagens e bonitas histórias. É sobre heróis - os pilotos que transformaram desastres em milagres, sobre o destino, o tempo, o espaço e o fim.

Foto: Dietmar Eckell

Dietmar Eckell não pretendeu dar às suas fotos uma abordagem documental, mas sim o modo como os aviões se integraram na paisagem e passaram a fazer parte de um "quadro maior", tentando captar a beleza surreal dos locais.

Foto: Dietmar Eckell

No final, um livro de fotografia de 96 páginas, com 50 fotos de grande dimensão, para a impressão do qual angariou fundos através do sítio de internet que criou para o projeto.

Foto: Dietmar Eckell
Foto: Dietmar Eckell
Foto: Dietmar Eckell

O livro pode ser adquirido através do site do autor em: http://igg.me/p/340928
Mais informações sobre o autor e outros trabalhos em www.dietmareckell.com

Foto: Dietmar Eckell


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