domingo, 24 de novembro de 2013

USAF NA LÍBIA: CUMPRINDO ALÉM DO DEVER (M1285 - 355PM/2013)


Descolagem ao anoitecer de um F-16 em full afterburner   Foto: Nathanael Callon/USAF

"Era o anoitecer, uma das piores alturas para usar óculos de visão noturna (NVG - Night Vision Goggles). O sol punha-se sobre o meu ombro direito. O Mediterrâneo estava escuro e o céu por cima estava escuro, era como estar dentro de um buraco negro gigante. Era difícil distinguir que lado ficava para cima e para baixo. Começámos à procura de alvos fora de Tripoli. Tínhamos chegado à conclusão que pela quantidade de equipamento terra-ar na zona, o regime de Kadafi iria começar a usá-lo contra os aviões da coligação. Eliminar esse equipamento era por isso de prioridade máxima."

O encaixe dos NVGs visível no capacete do piloto do F-16   Foto: Michael R. Holzworth/USAF

O Maj. Adam Thornton, piloto instrutor da 56ª Esquadra de Terino, diz que nunca irá esquecer esta missão. Foi a missão mais longa que voou, na qual eliminou múltiplos alvos inimigos e ganhou uma medalha, por cumprir além e acima do dever.

Thornton estava a bordo de um avião, a caminho da base aérea de Nellis no Nevada (EUA), vindo da base da Shaw na Carolina do Sul, para um destacamento temporário, quando a meio do voo, o avião mudou de rota e regressou a Shaw. A sua unidade havia sido ativada, em resposta à Operação Odissey Dawn, a operação na Líbia liderada pelos EUA, para implementação de uma zona de exclusão aérea e prevenir que as forças leais ao então presidente Muammar Kadafi, executassem ataques aéreos contra as forças rebeldes.

   Manutenção de rotina do sensor de alerta de radar em Aviano    Foto: Katherine Windish/USAF

Duas semanas depois, numa quinta-feira à tarde Thornton recebeu a notícia de que seria destacado para a base de Aviano, mas sem saber por quanto tempo aí ficaria. "Chegámos a Aviano segunda-feira à tarde e na quinta-feira seguinte, estava a voar a minha primeira missão sobre a Líbia" disse.

Então, a Operação Odissey Dawn já tinha mudado para Operação Unified Protector, que era liderada pelas forças NATO. As forças da coligação passaram as três semanas seguintes a reunir informação e a preparar-se para entrar: "Estávamos tipo, de fora, sobre o Golfo de Sidra, à espera de abater radares" disse Thornton. "Isto progrediu em começarmos a voar sobre terra, à procura da localização de radares e mísseis terra-ar (SAM)."

Bombas inteligentes são colocadas nas estações das asas de um F-16    Foto: Katherine Windish/USAF

A missão mais longa de Thornton ocorreu a 10 de julho, deixando a exuberante paisagem de Itália e descendo sobre a escuridão de África: "Descolámos do norte de Itália mesmo antes do anoitecer. Conseguia ver os cumes dos Alpes cobertos de neve a desaparecer à distância. Algo que provavelmente não vou voltar a ver na minha vida".

Thornton concentrou-se ao chegar à zona de combate, confirmando os aviónicos do caça primeiro, sistemas defensivos (chaffs e flares) e sensores de busca, antes de entrar em território hostil. E não demorou muito até encontrar o primeiro alvo, depois de entrar. "Localizámos um de radar iluminação frontal, que estava descrito nas ameaças previstas para o voo. Identificámo-lo positivamente como sendo do regime de Kadafi e em 15 minutos recebemos autorização para o atacar". Thornton juntamente com o seu asa, prepararam-se para avançar.
"Entrámos com o designador de alvos Sniper, para gerar coordenadas para a bomba. O tempo normal para a largada da bomba é de cerca de um minuto, que é o tempo mais longo da tua vida" referiu, acrescentado depois "quando acertou no radar do SA-6, foi mesmo no alvo".
A bomba acertou no chassis e explodiu, deixando o alvo a arder como um néon laranja.

Thornton e o seu asa foram depois chamados a ajudar outro ataque da coligação, que necessitava do seu apoio. Enquanto no local, encontraram outro radar usado para apoiar baterias de SAMs. Thornton largou de novo as bombas e acabou com o alvo. "Foi um impacto direto" disse, "quando a bomba explodiu, o local parecia que era feito de papel prensado. Não ficou nada senão um ponto quente no solo".

Thornton voava no escuro através destes ataques. Todas as luzes na aeronave estavam apagadas de modo a minimizar as possibilidades de ser detetado pelo inimigo.

Maj. Adam Thornton junto ao seu F-16C em Aviano     Foto:USAF

Voou um total de 11 horas desde que descolou, até que aterrou. Por esta missão ganhou uma medalha, atribuída a militares e civis que participam em atos únicos de heroismo, no suporte a operações de combate. Mas para Thornton, ganhar uma medalha não foi a parte mais satisfatória, mas sim executar o trabalho para o qual fora treinado durante os oito anos anteriores: "Houve vários camaradas que receberam medalhas, mas nenhum dos que lá estiveram sentiram ter feito nada de especial" declarou. "Senti-me lisonjeado pela condecoração, mas o mais gratificante é realizar o trabalho para o qual fui treinado".

Fonte: USAF
Tradução: Pássaro de Ferro






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