sexta-feira, 13 de abril de 2007

BLACK HAWK DOWN

Hawk T-1A sinistrado - Foto: Pedro Aragão, via Airliners.net


F-16B 15120

Ao contrário do que o título possa sugerir, este episódio nada tem a ver com o famoso filme em que Hollywood retratou a história de um helicóptero de forças especiais americanas abatido em Mogadíscio.
Passou-se em Beja durante o festival aéreo NTM96, quando um Hawk T-1A (matricula xx302 s/n 1335/312127) da Royal Air Force, Sqn 78, durante uma simulação de ataque à Base, chocou em voo com um F-16B da Força Aérea Portuguesa.
O F-16B da FAP, s/n 15120, pilotado pelo então Cap Pilav Francisco sofreu apenas danos menores (estabilizador esquerdo danificado) ao cruzar-se tangencialmente com o Hawk. Este último já não teve tanta sorte, uma vez que se despenhou a cerca de 10 km a NW da BA11, na zona de Cuba, após ejecção do respectivo piloto. O “nosso” F-16 aterrou aparentemente sem dificuldades de maior, facto confirmado posteriormente pelo próprio piloto, que referiu não ter sentido grandes diferenças no comportamento do aparelho, mesmo tendo-lhe sido subtraída (como já disse) mais de metade de um dos estabilizadores horizontais.
Recordo-me perfeitamente que quando todos aqueles aviões levantaram voo (nesse ano realizou-se, como já aludi, o Tiger Meet em Beja, pelo que no ataque em massa participaram a quase totalidade das esquadras ali presentes) senti um “arrepio premonitor” do que sucederia minutos mais tarde.
Curiosamente, o facto de haver muitas aeronaves no ar, que efectuavam passagens consecutivas sobre a base, vindas de todas as direcções, levou a que grande parte do público só se tivesse apercebido do acidente quando o Hawk explodiu ao esmagar-se no solo.
Eu, por mero acaso, encontrava-me a seguir o referido Hawk quando este se cruzou com o F-16. Parecia que tinham colidido, mas como em inúmeras situações em festivais aéreos, interpretei como sendo ilusão de óptica. Quase simultaneamente vejo alguma coisa a libertar-se do Hawk e pensei “o Hawk está a lançar chaffs?! Isto este ano está bastante realista…”.
Só quando os “chaffs” tomaram uma trajectória estranha e por fim se “transformaram” em pára-quedas me apercebi do que realmente sucedia.
Do que se conseguiu saber do inquérito subsequente ao acidente (sempre inexplicavelmente muito sigiloso, como de resto todos os acidentes em território nacional) a aeronave britânica, devido ao elevado número de aviões que cruzavam a zona do pretenso ataque, terá inadvertidamente invadido o espaço do avião português, que efectuava funções de CAP na referida simulação de ataque.
Felizmente do incidente houve apenas a registar danos materiais, já que conforme referido, o F-16 da FAP aterrou em segurança e o piloto britânico após breve estadia no hospital para tratar ferimentos menores causados pela ejecção e check up geral, pôde seguir para a Grã-Bretanha.


Paulo "Wildething 07" Mata

4 Comentários:

Toga disse...

Eu tambem estive lá, e estava em cima de um contentor a filmar com uma "agora" velinha camara Beta, a trajectoria desse Hawk, e quando passou por cima de mim, pareia filmagem, tentei localizar outro avião, e ouvi os gritos das pessoas, rodei e já estava o paraquedas aberto, iniciei as filmagens e posterior queda da aeronave, foi brutal.
Fiz 600km e assiti a uma queda, felizmente sem danos pessoais.
Foi BRUTAL.
Desculou imediatamente o PUMA de serviço, e depois aterrou toda a gente.

Pedro Ferreira disse...

pois foi mesmo isso, eu tambem tive lá e lembro-me como se fosse ontem...

Carlos Dionísio disse...

Caro "Toga".
Obrigado pela partilha das suas memórias. A sua descrição parece-me muito próxima da realidade (da que eu recordo). O acidente decorreu logo no início da demonstração (que depois, obviamente, ficou significativamente alteradada), durante o "mass attack".
O Puma descolou em pouco minutos (a memória sugere-me, a esta distância temporal, uns 5 minutos). O que me parece menos exacto na sua descrição é que depois não "aterrou toda a gente". Das aeronaves que participavam no "mass attack", julgo que 24, incluindo os 2 F-16 em Combat Air Patrol, todas terão divergido (Montijo, julgo) para libertar a Base e o espaço aéreo para as operações de salvamento (Puma, por exemplo) e para dar total prioridade à potencial aterragem (ou ejecção, se necessário fosse) do F-16 "tocado". Presumo que o Capitão PilAv Alberto Francisco deve ter estado a testar a resposta da máquina e a "arrefecer" as emoções para depois aterrar com sucesso na pista da BA 11.
Mais uma vez agradeço a sua partilha.

Pedro disse...

Assisti ao acidente ainda do lado de fora da base, uma vez que deixámos o carro bastante longe da mesma e o GNR disse que " era já ali " lol Ainda fiz umas fotos com uma Canon T90 Tank e uma 100-300, mas actualmente não sei dos negativos. Lembrei-me disto hoje porque acabo de adquirir o Hawk da Matchbox e lembrei-me do acidente...e tive uma brutal dor de barriga à pala de um cachorro quente que comi na base, que até tive de faltar 2 dias ao serviço !!!

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