Já nem sei há quanto tempo guardo, nem tão pouco como o arranjei, este recorte de uma edição do Correio da Manhã, de 2 de Abril de 2001, há tanto tempo que, na altura em que o arranjei não pensava sequer em entreter-me a escrever sobre este tema, um pouco tétrico, dirão alguns.
Talvez por me dedicar há algum tempo ao tema dos aviation wrecks&relics, um bocadinho por arrasto, e sobretudo a partir do meu escrito “Açores - Contingências da sinistralidade”, surge a temática dos locais de acidentes aéreos, túmulos e memoriais, nomeadamente do período da 2ª Grande Guerra, temas aos quais tenho dedicado alguma atenção, como por certo, os leitores mais perspicazes, já terão reparado.
Aqui há uns meses, e em viagem de férias pelo centro do país (começo aqui a encontrar um padrão nos meus escritos), desenhei um percurso que passasse por Loriga, caminho que faria de qualquer maneira, já que, gosto muito de conduzir em estradas nacionais, quanto menos percorridas melhor, onde me deixo levar pelo seu encanto, das coisas simples da paisagem, a vegetação e a orografia, a organização desorganizada do território, do caminho feito aos “esses”, e as pessoas, com que nos cruzamos no caminho. Por isso, lá me apeei do asfalto lisinho das autoestradas, e fui pelas curvas e contracurvas, de Viseu, Nelas, Seia, até Loriga (não vos vou maçar com o percurso todo). Assim fiz, fui lá prestar devida homenagem a estes aviadores.
Loriga é um dos muitos pontos de passagem “obrigatória”, para quem se interessa pela história da aviação da 2ª Grande Guerra, mas para aqui vir tem mesmo de se vir de propósito. Será daqueles locais por onde não passou Cristo, o “velho” Júlio César, nem o Capitão Kirk, nas suas deambulações siderais pelo cosmos profundo que, como se sabe, vai de Contumil até ao Grande Nada. E, ainda que não tenha passado por lá ninguém importante, a História da 2ª Grande Guerra passou por Loriga, quando pouco depois da meia-noite do dia 22 de Fevereiro de 1944, despenha-se a poucos quilómetros a Norte desta aldeia, em plena Serra da Estrela, numa encosta conhecida por Penha do Gato (1500m), um Lockheed Hudson Mk.VI, aparelho com o registo EW906/NO-P (c/n 42-6615), do 48th (RAF) Squadron, vitimando os seus seis ocupantes.
1 Comentários:
Excelente trabalho.
A esta longínqua localização ainda não tive a possibilidade de me deslocar... ficará para outras voltas.
Um abraço,
Carlos Guerreiro
Enviar um comentário