domingo, 8 de outubro de 2017

F-16 CONTRA GRIPEN (OUTRA VEZ) (M1924 - 61/2017)

Formação mista de Gripen e F-16

Não se trata de uma luta nos céus, mas sim na "secretaria".
F-16 e Gripen vêm-se confrontando nos últimos concursos para aquisição de caças, em vários países à volta do globo.
Acresce que, com a gradual obsolescência das frotas de caças de origem soviética, agravada pelo resfriar das relações com a Rússia, devido à anexação da Crimeia em 2014, vários países do antigo Bloco Leste europeu, vêm solicitando soluções no mercado para substituir os seus MiGs.

E se, tal como escrevemos antes, numa primeira fase o F-16 terá perdido algum terreno para o caça de origem sueca, muito devido ao desinvestimento da Lockheed Martin na plataforma de armas F-16 em favor do novel F-35, o gigante estadunidense do armamento corrigiu mais tarde a mão e começou a apresentar versões modernizadas do F-16, como uma solução mais económica, direccionada aos países que não estejam interessados ou não possam "embarcar no comboio" do F-35.
Os últimos exemplos da rivalidade que referimos, são a Croácia e a Eslováquia.

MiG-21bisD da FA Croata       Foto: Tomislav Haraminčić/Wikimedia

O primeiro país, saído do desmembramento da antiga Jugoslávia, opera uma dúzia de MiG-21, que apesar de recentemente terem sofrido algumas modernizações realizadas na Ucrânia, destinadas principalmente à compatiblização com os sistemas de navegação/comunicação da NATO, têm estado envolvidos em polémica. É que cinco dos doze MiG-21 modernizados que foram incorporados na Arma Aérea do país do Adriático, estavam  armazenados em Odessa, alegadamente pertencentes a uma encomenda cancelada pelo Iemen. Uma investigação contudo está a ser conduzida para determinar ao certo de que células se trata, dado que os números de série terão sido adulterados, sendo na verdade os cinco MiG-21 ex-búlgaros.
Por todas esta razão e as já enunciadas, o Governo de Zagreb está por isso interessado em renovar a frota de caças do país, tendo realizado em Julho passado, um pedido de propostas à Suécia, EUA, Coreia do Sul, Grécia e Israel.
Destes cinco países, surpreendentemente a Coreia do Sul não avançou com o seu KAI AT-50, resumindo-se as propostas abertas na semana transacta, a EUA, Israel e Grécia com F-16 em segunda mão e a Suécia com o Gripen. Segundo o ministro da Defesa croata, uma decisão será tomada dentro dos dois próximos meses, tendo em conta "para além das características e capacidades das aeronaves, (...) três parâmetros: contrato intergovernamental, preço e pacote de cooperação económico-financeiro".

MiG-29 eslovaco
A Eslováquia é outro país no mercado, em busca de 14 caças que possam substituir os doze MiG-29 actualmente ao serviço da sua Força Aérea, pese embora tenha adiado mais uma vez uma decisão definitiva, esperada que era até ao fim de Setembro de 2017.
Embora reconhecendo que retardar a decisão prolongará a dependência de material russo, o ministro da Defesa de Bratislava, Peter Gadjos justificou o adiamento com a necessidade de equilibrar os gastos da Defesa entre Força Aérea e Exército, igualmente necessitado de renovar equipamento. A opinião local é contudo, que o Gripen terá ascendente sobre o F-16, uma vez que os vizinhos República Checa e Hungria já utilizam o modelo, propiciando por isso a uma uniformização de frotas na região.

Em "banho-maria" está ainda a decisão da Bulgária em adquirir oito unidades de um novo modelo que substitua os seus MiG-29, num processo que já esteve decidido em favor do caça sueco, mas que seria revertido pelo novo Governo de Sófia, alegando que o anterior Governo interino que tomou a decisão, não tinha competências para o fazer. De recordar que Portugal é um dos países que apresentou proposta neste concurso, contemplando F-16 vindos dos EUA em segunda mão, a modernizar em solo luso. Concorreu ainda a Itália com Eurofighter Typhoon igualmente em segunda mão.
Fontes não-oficiais dizem esperar-se uma decisão final até ao fim do corrente ano de 2017.

Num outro segmento de marcado, o das empresas particulares que fornecem serviços de treino de combate aéreo, o F-16 estará em fase de aquisição por duas conhecidas empresas do ramo (Discovery Air Defence e TacAir), de modo a proporcionar ameaças credíveis para os caças de 5ª Geração.
A Saab entretanto, pretende intrometer-se neste nicho de mercado com uma versão adaptada do Gripen C (com algumas melhorias da versão E), conforme revelou o seu chefe de Vendas e Marketing Richard Smith, na feira de equipamentos de Defesa DSEI em Londres, em Setembro passado. Apesar de se falar já no interesse da ASDOT (britânica) e AdAir (americana) no Gripen Aggressor, não está claro se esta solução pretende aproveitar células provenientes do mercado de segunda-mão (a Suécia irá trocar a totalidade da sua frota de Gripen C/D por novos E/F nos próximos anos), ou se estará limitada a células novas construídas de raiz nesta nova configuração.

A Grécia foi um dos países a apresentar proposta à Croácia para a venda de F-16 Bloco 30. Em fundo a cauda de um Gripen checo

F-16 e Gripen têm por isso muitos duelos pela frente, apesar de estarem normalmente do "mesmo lado das trincheiras".





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