segunda-feira, 11 de maio de 2009

A FEBRE DO MIG-29


Mig-29 polaco exibe a elegância das linhas do Mig-29
(c)Pawel Gorski



No ar o Mig-29 traçou novos limites de manobrabilidade
(c) Andreas Zeitler



Mig-29 com cores alemãs ocidentais: algo impensável quando o avião foi projectado!!!
(c) Konstantin Wedelstaedt



Os motores foram um dos calcanhares de Aquiles do avião
(c)Emiel Bonte



Células de Mig-29 em phase out na Rússia
(c)Ilya Morozov



À semelhança de muitos países do defunto Pacto de Varsóvia, na Roménia definharam dezenas de células de Mig-29 abandonados aos elementos.
(c)Robin Polderman


Se houve avião que marcou a minha década de oitenta esse avião foi o Mig-29.
A primeira vez que vi aquele design arrojado, fiquei maravilhado com as linhas modernas, as entradas de ar duplas inovadoramente debaixo da fuselagem, rompendo com quase tudo o que se via até à altura, principalmente se tivermos em conta a linha genética da aviação do bloco de leste.

As capacidades deste avião viriam mesmo a ganhar proporções míticas em pouco tempo, chegando-se a considerar pela primeira vez a possibilidade da aviação do Pacto de Varsóvia ter suplantado os seus pares ocidentais.
A pressão era por isso muito grande e vi-me obrigado a ir de propósito a Lisboa comprar um kit do Mig-29 e coleccionei toda e qualquer revista com fotos do Fulcrum, como é conhecido no ocidente.
Algumas participações em feiras de aviação internacionais, já no período da “Glasnost” em que a ainda URSS começou a abrir-se ao mundo ocidental, e uma visita à Finlândia, contribuíram para consolidar o estatuto de coqueluche da aviação mundial, baseado nalguns truques de prestidigitação que impressionavam o incauto espectador.
Sabe-se agora contudo, que esses truques provavelmente não fariam assim tanta diferença numa situação real de combate aéreo, e apesar de inegavelmente mais manobrável que o F-15 e o F-16, o Mig-29 em mais de 20 anos no activo não conta uma única vitória.
Poderá, e terá (muito) a ver com as tácticas e treino superiores dos adversários enfrentados, mas os números crus e duros não enganam.
Por alguma razão a Alemanha vendeu à Polónia os exemplares que herdou da RDA, a 1 Euro cada um.
Cada vez mais agravados os problemas pelo desinvestimento na plataforma de armas que é o Mig-29, em detrimento do SU-27 e ulteriores versões do mesmo, a carreira do Mig-29 como avião de primeira linha está no seu crepúsculo, com cerca de 70% da frota do seu maior operador, a Rússia, sem condições para voar.
Ficará quiçá para sempre a dúvida, se o Mig-29 foi de facto um avião bestial, ou se não passou de uma besta.

12 Comentários:

António Luís disse...

Muito bem escrito!
O Mig-29, como bem escreves, fez parte do nosso imaginário.
Relembro-te (não sei se eficazmente ou não) que o Kit que compraste em Lisboa possuía alguns defeitos de forma que de algum modo nos desiludiram... Mas era o que havia na altura, fruto da "fiabilidade" possível, dados os constrangimentos da guerra fria...

Paulo Mata disse...

Para ser exacto, a miniatura da ESCI que se arranjou na altura era miserável! lol

Pedro disse...

Eu comprava uma destas células para o meu quintal :)

Também me fascinou bastante este avião e este post fez-me rever o Kit que tenho desta aeronave (anos 80, pois claro)

abraços

Rui Sousa, Madeira Spotters disse...

Já tem 20 anos de activo? Como o tempo passa...
Lembro-me bem do fascínio desse avião...

S7alker disse...

Durante muitos anos o meu avião preferido, pelo menos até eu descobrir o Su-37. Sempre achei estes aviões russos da década de 80 algo especial, um gigantesco passo em frente em relação aos seus antecessores (será que ninguém chamava aos MiG-21 cubanos em África de "charutos"?).

Em qualquer caso, parabéns pelos 3 anos de blog!

Anónimo disse...

Bem dizes, o MiG29 sempre fez sonhar... :)

Quanto à validade da plataforma deve haver acesso aos conbates simulados pelos americanos usando MiG29, algures não?

Paulo Mata disse...

Sim, tanto na Europa como nos EUA houve várias avaliações detalhadas entre o Mig-29 e os opositores ocidentais. Tenho até uma reportagem da primeira metade da década de 90 entre F-16 holandeses e Mig-29 alemães numa revista (Air International ou Aircraft Illustrated), cujas conclusões eram precisamente as que coloquei no post. Mas ao detalhe só mesmo os profissionais. Já tive a oportunidade de inquirir pilotos de combate que me responderam que era "informação classificada"...

Kleber disse...

Realmente, as reais pontencialidades do Mig-29 nunca foram divulgadas, bem como sempre foram superestimadas. Deve-se pensar no Fulcrum como unidade de defesa de ponto, rápido e ágil, e não numa plataforma completa, contra as quais foi confrontado. E as derrotas que teve foi nas mãos de pilotos que nem sabiam onde estavam os inimigos. Em combate próximo, o Mig-29 + DASH + R-73 era superior a qualquer par ocidental. Mas tinha que estar nas mãos certas, e defendendo seu território.

Spertnez disse...

Excelente post! Sou fã do equipamento militar russo e o Mig-29 é um dos meus preferidos.
Quanto a questão de vitórias é algo bem relativo. No iraque em 91 um Mig-29 acabou derrubando um Mig-23 em fogo amigo atingindo-o com um R-73. No mesmo conflito um B-52 foi atingido por um R-27 disparado de um Mig-29. O B-52 conseguiu voltar para a base. O piloto iraquiano só disparou uma vez e se tivesse lançado outro míssel talvez tivesse derrubado o B-52.
Recentemente na Georgia um Mig-29 russo derrubou um UAV georgiano, as imagens foram feitas pelo próprio UAV antes de ser atingido.
Acho este avião tremendamente injustiçado, os conflitos em que esteve envolvido eram de proporções totalmente desfavoraveis. Acredito que o Mig-29 tenha condições de vencer seus rivais ocidentais em iguais condições de luta.

Se tiver um tempo e quiser ler meu artigo ficaria honrado.

http://gustasou.blogspot.com/2009/06/o-rotulo-da-coreia-do-norte.html

Paulo Mata disse...

Caro Spertnez, conheço os casos que mencionou, mas considerar o abate de uma aeronave amiga, ou de um UAV como vitória não me pareceu apropriado. O caso do B-52 não conhecia, mas de qualquer modo uma vez que a aeronave não foi de facto abatida tampouco se poderá considerar uma vitória. Será quando muito uma "quase" vitória.
Coloquei no forum 9Gs um artigo sobre uma avaliação entre F-16 e Mig-29 do início da década de 90, que deve interessar pelo menos ao Kyriu também ;)

Abraços

link: http://www.forum9gs.net/viewtopic.php?f=4&t=1727&p=40944#p40944

Spertnez disse...

Paulo "Wyldething 07" Mata, acho que eu não me expliquei direito. Não quis considerar o abate de uma aeronave amiga e o UAV como vitórias, apenas mencionei os atritos em que o Fulcrum participou, e como pode ver são poucos, o resto foram derrotas no Iraque, Servia e Eritreia.
Quanto ao artigo não consegui abrir! O link parece estar desabilitado, mas fiquei curioso em ve-lo!
Quanto ao B-52 foi na primeira noite do conflito! O piloto iraquiano disparou um R-27 sem saber qual era o alvo.
Obrigado pelo retorno!


http://gustasou.blogspot.com/2009/06/russia-nova-rival-antiga.html

Paulo Mata disse...

Caro Spertnez, talvez tenha que se registar no forum para poder ver o artigo, porque já verifiquei e ele está a funcionar. Se não conseguir envie-me um endereço de email que eu mando por correio electrónico. Abraços

ARTIGOS MAIS VISUALIZADOS

CRÉDITOS

Os textos publicados no Pássaro de Ferro são da autoria e responsabilidade dos seus autores/colaboradores, salvo indicação em contrário.
Só poderão ser usados mediante autorização expressa dos autores e/ou dos administradores.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Laundry Detergent Coupons
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...>