sábado, 10 de março de 2007

VIPER 1.1

Falcon 2.1 sobre o mar, visto da bolha do Viper 1.1 - (c) A. Luís
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Viper 1.1 - Tower, Viper 1.1 ready for departure.
Tower - Viper 1.1, clear for take off, runway 01, contact departure on chanel 16.
O Pw F-100/220E atrás do meu assento dispara em full ab. Menos de 1 km de pista é engolido em segundos.
Eu, de costas coladas à cadeira, respiração suspensa e... de repente... o Viper 1.1 é puxado quase na vertical, penetrando as nuvens e atingindo, em menos de nada, um céu limpo e de um azul de arco-íris.
Quando as nuvens passam a ser o nosso chão, tudo o que deixamos em terra parece demasiado precário.
Voamos agora pouco acima das nuvens, sem um palmo de terra à vista. O "meu" piloto leva o Viper 1.1 em direcção ao alvo, uma ponte ferroviária no interior, que une um vale feito de pedras brutas e cinzentas, rasgadas por um rio bravo e estreito.
Passamos de novo para baixo das nuvens e o Viper 1.1 encaixa-se, pouco depois, no respectivo vale, serpenteando entre este e os montes que o ladeiam a 400 nós. Visto da bolha que me cobre, tudo acontece numa vertigem louca. "Largamos" o armamento e o Viper 1.1 aponta de novo o nariz ao céu, à medida que se vira para Oeste, rumo ao mar.
De repente, as nuvens aparecem-me por baixo da cabeça, e o estômago dá uma volta. O Viper 1.1 roda sobre o seu eixo, a "brincar", comigo exangue, de olhos trocados e respiração suspensa.
Meia dúzia de segundos e tudo volta ao normal.
3 ou 4 minutos volvidos, contacto visual com uma outra formação. Os Falcon 2.1 e 2.2 juntam-se a nós, ainda rumo à costa que haveria de tornar-se nosso chão pouco depois.
O "meu" Viper 1.1 toma a liderança da formação e rumamos a casa.
1000 pés. Casas, estradas, árvores, um ou dois rios, tudo devorado numa vertigem de 500 nós.
Mais uns minutos e a formação muda de rumo para aproximação à pista 01.
"Raspamos" a pista (coisa para uns 100 pés ou menos...) e eu, feito passageiro, fico de novo exangue e atordoado, envolvido no looping da praxe à vertical da pista. Tudo demasiado depressa e as coisas a trocarem de posição por artes mágicas.
Viper 1.1 - Tower, Viper 1.1 ready to land.
Tower - Viper 1.1 clear to land on runway 01.
Uma hora de vôo, um turbilhão de emoções, e um despertador a anunciar-me mais um dia de trabalho...
...Há dias em que não apetece acordar!

2 Comentários:

Anónimo disse...

Gostei Antonio.Bela narrativa.
Abraço
Jorge

Anónimo disse...

Belo voo. Realmente, algumas noites não deveriam tornar-se dia mesmo.

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