domingo, 19 de outubro de 2014

"GUERRA" NO DESERTO MAIS SECO DO MUNDO (M1703- 300PM/2014)

F-16AM chilenos         Foto: FAB

O cenário é inóspito. O deserto do Atacama, no Norte do Chile, é o local mais seco do mundo. É quase impossível ver uma árvore: quando se vê alguma, dá para perceber que foi plantada e tem uma irrigação forte. É mais fácil, na verdade, ver um SOLMÁFARO, um indicador de radiação ultra-violeta do sol. E é difícil ver em algum nível abaixo do “Peligroso”!

O "solmáforo"     Foto: FAB

E o que tem o tal deserto?
É que no meio desse mar de areia localizado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, que acontece o exercício SALITRE, que conta com a participação de 73 militares e cinco aviões da Força Aérea Brasileira. Esse pessoal foi para o Chile com uma única intenção: treinar missões de guerra aérea.

F-5EM brasileiros no deserto do Atacama               Foto: FAB

Além dos chilenos, com os seus caças F-16 e F-5, também participam a Argentina, os Estados Unidos e o Uruguai. Eles voam, respetivamente, os caças A-4AR Fightinghawk, F-16 Fighting Falcon e A-37 Dragonfly. A FAB esteve presente com quatro F-5EM, modernizados, e um reabastecedor em voo KC-130 Hércules. Chilenos e norte-americanos (ou estadosunidenses) também levaram os seus KC-135, outro tipo de avião-tanque.


Num exercício como este, a grande maioria das pessoas tem uma pergunta direta: – QUEM GANHOU?

Mas a resposta não é a que se espera ouvir: “Na verdade, todos ganharam”. Mas dá para explicar.

O facto é que todos os aviões tiveram o seu dia de “caça” e o seu dia de “caçador”. Afinal, é para isso que servem os exercícios. A quantidade de voos ajuda: só os F-5 brasileiros fizeram mais de 30 missões, com missões pela manhã e à tarde. Dá para treinar bastante.

Imagens usadas nos debriefings das missões para analisar o decorrer das missões     Foto: FAB

Mas o  foco real do Salitre é a coordenação das missões. Na verdade, só 12 caças chilenos fazem o papel da “Força Inimiga”, operando a partir da cidade de Iquique. Em Antofagasta, ficam baseadas as aeronaves de todos os países (inclusive outros F-16 chilenos).

Todos os dias, mais de 20 aviões descolam em poucos minutos. Os A-4 e A-37 vão atacar alvos simulados no solo enquanto que os F-16 “vermelhos” tentam impedir isso. Mas para isso eles têm que enfrentar a escolta de F-16 e F-5.

Acontece que cumprir uma missão com mais de 20 aviões não é coisa fácil. O tempo de planeamento é grande. Para que todos falem a mesma língua, tudo segue o padrão NATO. Falando em língua, a Salitre acontece em inglês. Até quando um piloto argentino precisa de falar com um uruguaio, por exemplo, em vez de falarem espanhol (língua nativa de ambos), a conversa é em inglês.

KC-130 brasileiro        Foto: FAB

E porque é que isso é importante?
Já falámos  que o Brasil também participou com um avião-tanque KC-130. Pois é: além de reabastecer os F-5EM brasileiros, o KC-130 também transferiu combustível em voo para os A-4AR argentinos. Essa padronização de procedimentos permite isso: se for necessário, pilotos de vários países estão prontos para voarem juntos diversas missões.

É essa a ideia de exercícios como a Salitre, já na sua terceira edição, ou do CRUZEX, realizado no Brasil a cada dois anos.

A tradicional "foto de família" do exercício Salitre 2014      Foto: FAB

Este treino acabou na sexta-feira passada (17/10). E foi nesse deserto frio e seco, do outro lado da Cordilheira dos Andes, que durante duas semanas a FAB se treinou para se tornar ainda mais capacitada a cumprir sua missão.

Fonte: FAB
Adaptação: Pássaro de Ferro

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