Os MiGs na guerra da Guiné (M731 - 9JM/2012)

Ao longo da guerra colonial na Guiné, os relatos de actividade aérea suspeita foram sempre uma constante, o que levou o Exército português a enviar alguns meios de defesa aérea para prevenir qualquer ataque vindo dos países vizinhos. A Força Aérea deslocou também um pequeno destacamento de caças F-86, que durante três anos (1961-1964) patrulhou os céus da Guiné. Após a retirada dos F-86, a Guiné ficou mais sujeita a incursões aéreas inimigas, que ocorreram por diversas vezes na fronteira com a Guiné-Conakry. Existem alguns episódios interessantes (poucos) envolvendo MiGs da Força Aérea Guineana (FAG), que se aventuram para lá da fronteira.

Um dos aspectos mais interessantes nestas histórias é a falta de fontes do lado da FAG. Sabemos o que se passava do lado português, mas não sabemos o que se passava do lado guineano, a não ser por fontes cubanas. O regime de Havana teve um papel importante no apoio à guerrilha e ajudou também a FAG a voar na fase final da guerra. Os guineanos tinham MiGs-17 em Conakry, mas grandes problemas na sua sustentação, o que levou Cuba e enviar pilotos e técnicos militares para apoiar a FAG.

 Em 2008, um coronel da Força Aérea cubana, que esteve do lado guineano, escreveu um livro sobre o tema, que me valeu de muito numa investigação que estou agora a terminar. O livro é praticamente impossível de comprar fora de Cuba e só com muita sorte se encontra à venda no Ebay, mas é um testemunho importante sobre o papel cubano na FAG e o envolvimento que os pilotos cubanos tiveram em 1973/74 na operacionalização dos MiGs guineanos. Este é daqueles temas muito dado a especulações e gostei, por isso, de saber o que se passava do outro lado da fronteira. O trabalho que fiz lança uma nova luz sobre toda essa problemática.