Na sequência de anteriores edições sobre C-130’s aqui no Pássaro de Ferro, surgiu-me uma imagem que tenho na minha colecção, da autoria do Dr. Miguel Santos, de um C-130 das Fuerzas Aéreas Venezuelanas, estacionado na Base Aérea nº4, nas Lajes, naquela que seria muito possivelmente uma escala sem história, entre aqui e ali, ligando dois ou mais pontos neste mapa arredondado a que chamamos Terra.
Porém, os Açores e as Lajes em particular, base de onde parte e onde chega tanta gente, entre histórias de vidas salvas por Dédalos e Ícaros que tudo fazem "Para Que Outros Vivam", encerram também pedaços da História da Aviação que, como tantos outros, estão carregado de tristeza e dor pela perda da Vida Humana.
O leitor mais atento já terá por certo notado que não comecei esta minha postagem, com a habitual expressão «Se bem me lembro…» já que, em verdade, não me lembro, pois à data do sucedido, teria eu os meus 9 anos, a caminho dos 10, e estaria eu a começar a minha 4ª Classe. (…suspiro…)
Consequentemente, dormia já eu descançado, por certo agarrado à minha almofada preferida e enroscado num pijama quentinho, quando se deu o infortúnio.
Por volta das 22 horas do dia 3 de Setembro de 1976, (há 35 anos, portanto) despenha-se no local do Lajedo, na Vila das Lajes, o C-130H nºFAV-7772 “24 de Julio” (c/n 4408), das Fuerzas Aereas Venezolanas. Perecendo a totalidade das 68 pessoas que seguiam a bordo, incluindo os 5 tripulantes. O C-130 que seguia caminho para Espanha, transportando o Orfeón Universitário da Universidad Central de Venezuela, que se deslocava pela primeira vez a Barcelona para participar no “Festival Internacional de Canto Coral”.
Na origem deste acidente estiveram sem dúvida as condições meteorológicas adversas resultantes da proximidade do furacão Emmy. Por razões pouco claras, e que não se pretendem esmiuçar aqui, o piloto do C-130 não conseguiu contactar a torre, tendo por iniciativa própria tentado a aterragem por diversas(?) vezes, sendo que em uma delas tentativa o avião despenha-se a escassos 1200 metros da pista.
Interessante referir que apesar da intempérie, o povo das redondezas, alertado pelo barulho, de imediato acorreu no sentido de prestar auxílio, assim como o pessoal da Base, sem que pudessem fazer alguma coisa. Os corpos foram sendo retirados para a Igreja de Nª. Sra. Da Misericórdia, onde se mantiveram recolhidos e onde na manhã seguinte se rezou missa.
Este acidente provocou um sentimento de profunda consternação, à escala nacional na Venezuela, cujas mazelas ainda hoje se fazem sentir, dor também ela sentida e partilhada de forma profunda pelas gentes terceirences, que se desdobraram em cerimónias religiosas e promoveram a construção, em apenas seis meses, de um memorial às vitimas. À data da inauguração deste monumento, 5 de Março de 1977, rezou-se missa, tendo assistido cerca de 5000 pessoas.
Ainda que a bibliografia Açoriana seja escassa, excepção seja feita aos escritos As Lajes da Ilha Terceira, de Avelino de Freitas de Meneses, e ainda Base Aérea das Lajes, de Manuel Martins [ ver ... http://bu153188.blogspot.com/2009/08/ba4-e-os-livros.html ],
há no ciberespaço alguns escritos muito interessantes sobre este acidente, cuja leitura recomendo em,
http://upatasuryocoima.obolog.com/33-anos-tragedia-orfeon-universitario-328099
e também…
http://www.fav-club.com/index.php?option=com_content&view=article&id=192:la-tragedia-del-orfeon-universitario-&catid=26:historia&Itemid=25
e ainda uma reportagem sobre o orfeão em:
https://www.youtube.com/watch?v=lLs7V1m_kCI&feature=youtu.be
Actualmente, o local [ GPS: 38°45'28.36"N 27° 6'18.86"W ] não reflecte a glória que o respeito por este infortúnio merece, conforme as imagens o demonstram, mas por certo a edilidade irá, repôr a situação.
Registe-se o devido e público reconhecimento e agradecimento ao sempre presente Dr. Miguel Santos, uma ajuda imprescindível para a elaboração deste e outros escritos e pela cedência das fotos, bem como as correcções posteriores efectuadas por sugestão do Sr. Maj. A. Mendes.
(fotos de 13 de Julho de 2021)
3 Comentários:
Com o meu mais penitenciado pedido de desculpas aos leitores, efectuei nesta data algumas pequenas correcções ao texto que me foram sugeridas pelo Sr. Maj. A. Mendes, a quem, agradeço as mesmas.
Amigos nesta noite tão triste eu estava a trabalhar foi terrível uma noite e dias seguintes para esquecer um recordar de muita tristeza
Eu estava a Trabalhar na secçao de despacho, foi horrivel essa noite e a semana seguinte, ainda tenho autocolantes do grupo coral de caracas
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