sábado, 3 de setembro de 2011

Se bem me lembro … o trágico voo do C-130 FAV-7772 da Força Aérea Venezuelana [5] (M537 - 19RF/2011)




Na sequência de anteriores edições sobre C-130’s aqui no Pássaro de Ferro, surgiu-me uma imagem que tenho na minha colecção, da autoria do Dr. Miguel Santos, de um C-130 das Fuerzas Aéreas Venezuelanas, estacionado na Base Aérea nº4, nas Lajes, naquela que seria muito possivelmente uma escala sem história, entre aqui e ali, ligando dois ou mais pontos neste mapa arredondado a que chamamos Terra.


Porém, os Açores e as Lajes em particular, base de onde parte e onde chega tanta gente, entre histórias de vidas salvas por Dédalos e Ícaros que tudo fazem "Para Que Outros Vivam", encerram também pedaços da História da Aviação que, como tantos outros, estão carregado de tristeza e dor pela perda da Vida Humana.



O leitor mais atento já terá por certo notado que não comecei esta minha postagem, com a habitual expressão «Se bem me lembro…» já que, em verdade, não me lembro, pois à data do sucedido, teria eu os meus 9 anos, a caminho dos 10, e estaria eu a começar a minha 4ª Classe. (…suspiro…)

Consequentemente, dormia já eu descançado, por certo agarrado à minha almofada preferida e enroscado num pijama quentinho, quando se deu o infortúnio.

Por volta das 22 horas do dia 3 de Setembro de 1976, (há 35 anos, portanto) despenha-se no local do Lajedo, na Vila das Lajes, o C-130H nºFAV-7772 “24 de Julio” (c/n 4408), das Fuerzas Aereas Venezolanas. Perecendo a totalidade das 68 pessoas que seguiam a bordo, incluindo os 5 tripulantes. O C-130 que seguia caminho para Espanha, transportando o Orfeón Universitário da Universidad Central de Venezuela, que se deslocava pela primeira vez a Barcelona para participar no “Festival Internacional de Canto Coral”.

Na origem deste acidente estiveram sem dúvida as condições meteorológicas adversas resultantes da proximidade do furacão Emmy. Por razões pouco claras, e que não se pretendem esmiuçar aqui, o piloto do C-130 não conseguiu contactar a torre, tendo por iniciativa própria tentado a aterragem por diversas(?) vezes, sendo que em uma delas tentativa o avião despenha-se a escassos 1200 metros da pista.


Interessante referir que apesar da intempérie, o povo das redondezas, alertado pelo barulho, de imediato acorreu no sentido de prestar auxílio, assim como o pessoal da Base, sem que pudessem fazer alguma coisa. Os corpos foram sendo retirados para a Igreja de Nª. Sra. Da Misericórdia, onde se mantiveram recolhidos e onde na manhã seguinte se rezou missa.


Este acidente provocou um sentimento de profunda consternação, à escala nacional na Venezuela, cujas mazelas ainda hoje se fazem sentir, dor também ela sentida e partilhada de forma profunda pelas gentes terceirences, que se desdobraram em cerimónias religiosas e promoveram a construção, em apenas seis meses, de um memorial às vitimas. À data da inauguração deste monumento, 5 de Março de 1977, rezou-se missa, tendo assistido cerca de 5000 pessoas.


Ainda que a bibliografia Açoriana seja escassa, excepção seja feita aos escritos As Lajes da Ilha Terceira, de Avelino de Freitas de Meneses, e ainda Base Aérea das Lajes, de Manuel Martins [ ver ... http://bu153188.blogspot.com/2009/08/ba4-e-os-livros.html ],


há no ciberespaço alguns escritos muito interessantes sobre este acidente, cuja leitura recomendo em,


http://upatasuryocoima.obolog.com/33-anos-tragedia-orfeon-universitario-328099

e também…

http://www.fav-club.com/index.php?option=com_content&view=article&id=192:la-tragedia-del-orfeon-universitario-&catid=26:historia&Itemid=25

e ainda uma reportagem sobre o orfeão em:

https://www.youtube.com/watch?v=lLs7V1m_kCI&feature=youtu.be


Actualmente, o local [ GPS: 38°45'28.36"N 27° 6'18.86"W ] não reflecte a glória que o respeito por este infortúnio merece, conforme as imagens o demonstram, mas por certo a edilidade irá, repôr a situação.







Registe-se o devido e público reconhecimento e agradecimento ao sempre presente Dr. Miguel Santos, uma ajuda imprescindível para a elaboração deste e outros escritos e pela cedência das fotos, bem como as correcções posteriores efectuadas por sugestão do Sr. Maj. A. Mendes.



(fotos de 13 de Julho de 2021)





4 Comentários:

Corsário de Segunda disse...

Com o meu mais penitenciado pedido de desculpas aos leitores, efectuei nesta data algumas pequenas correcções ao texto que me foram sugeridas pelo Sr. Maj. A. Mendes, a quem, agradeço as mesmas.

Unknown disse...

Amigos nesta noite tão triste eu estava a trabalhar foi terrível uma noite e dias seguintes para esquecer um recordar de muita tristeza

Anónimo disse...

Eu estava a Trabalhar na secçao de despacho, foi horrivel essa noite e a semana seguinte, ainda tenho autocolantes do grupo coral de caracas

Anónimo disse...

Nascido e criado nas Lajes na Canada das Vinhas morava em frente a ( cabine da luz ) que não existe mais.
Nessa noite passava uma tempestade que se chamava ( ammy ) se não me engano era esse o nome.
Era um "rapazim" na época de escola do antigo Ciclo ( Praia )13 anos .
Lá por volta das 20.30 mais ou menos, noite braba com ventos fortes, relâmpagos, trovões, chuva forte uma verdadeira tempestade, quando o céu clareou em toda a vizinhança parecia que estava de dia, estava vendo tv e pela janela o clarão assim entrou e logo depois abrandou e foi diminuindo demorou talvez 30 segundos.
Logo os mais velhos se calcaram com botas de cano que havia na época e subiram até ao largo de São João, onde se formou um pequeno grupo Pina Abreu, Jorge da Ivone, José e outros dali partiram subindo pela canada que vai da acesso aos algares que faz parte do lajedo na subida enfrentam chuva, lama, e muita água. Quando chegaram na esquina da casa de pedra as labaredas vivas ainda e o cheiro de queimado, o calor intenso batia na cara sentia -se forte. Ao se aproximar começa o horror dos detalhes do acidente... O cheiro dos seres humanos cada vez mais forte, a cauda do avião tinha alguns lá dentro, em sua volta não se via nimguem nem se escutava gemidos, nem choros, as lanternas dos homens que prestam os primeiros testemunhos vasculham por vidas mas em vão.
Os detalhos mais fortes vou deixam sem mencionar são chocantes, horrores daquela noite são muito fortes .
Que suas almas descansem em paz.
Quase esqueço de um detalhe a Nair mãe do João da Nair os dois já falecidos afirmou nessa noite ter visto o avião no ar em chamas ela afirmou isso várias vezes.
Me despeço deixando um forte abraço a todos deste filho do ramo grande.

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