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sexta-feira, 5 de março de 2021

EXERCÍCIO LIGHTNING HANDSHAKE JUNTA US NAVY E MARROCOS [M2231 - 19/2021]

USS Eisenhower sobrevoado por meios aéreos da US Navy e 
 

O Grupo de Combate do porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower (IKE CSG) está a participar no Lightning Handshake, um exercício marítimo bilateral entre os EUA, a Real Marinha Marroquina (RMN) e a Real Força Aérea Marroquina (RMAF) durante a primeira semana de março.

O exercício destina-se a aumentar a interoperabilidade entre as Marinhas dos EUA e as Forças Armadas Marroquinas em várias áreas de guerra, incluindo: guerra de superfície, guerra anti-submarina, guerra aérea, apoio logístico combinado e operações de interdição marítima.

Em nome dos marinheiros atribuídos ao IKE CSG, é uma honra participar neste histórico exercício marítimo bilateral, marcando 200 anos de uma parceria duradoura com o Marrocos ”, disse o contra-almirante Scott Robertson, comandante do Grupo de Combate de Porta-aviões Dois. “Exercícios como o Lighting Handshake aumentam a base de nossa interoperabilidade e o suporte contínuo de nosso compromisso de longo prazo com a segurança na região.

O Lightning Handshake 2021 aumenta a capacidade das forças marítimas dos Estados Unidos e de Marrocos para trabalharem conjuntas e combinadas na resolução de questões de segurança e aumentar a estabilidade na região.


Os navios participantes no Lightning Handshake do IKE CSG, comandado pelo contra-almirante Scott Robertson, incluem o navio-almirante USS Dwight D. Eisenhower (CVN 69). Os navios do Destroyer Squadron 22 incluem os destroyers de mísseis guiados classe Arleigh Burke USS Mitscher (DDG 57) e USS Porter (DDG 78).


As aeronaves que participam do Lightning Handshake incluem as Esquadras da Ala de Porta-aviões (CVW) 3, embarcados no Eisenhower. Compreendem os "Fighting Swordsmen" do Strike Fighter Squadron (VFA) 32, "Gunslingers" do Strike Fighter Squadron (VFA) 105, "Wildcats" do Strike Fighter Squadron (VFA) 131, "Rampagers" do Strike Fighter Squadron (VFA) 83; "Dusty Dogs" do Helicopter Sea Combat Squadron (HSC) 7; "Swamp Foxes" do Esquadrão de Ataque Marítimo de Helicópteros (HSM) 74; "Screwtops" do Esquadrão de Comando e Controle Aerotransportado (VAW) 123; "Zappers" do Electronic Attack Squadron (VAQ) 130 e um destacamento do Fleet Logistics Support Squadron (VRC) 40 "Rawhides.”

F-5 e F-16 marroquinos em formação com F/A-18 Super Hornet da US Navy

Os meios marroquinos que participam do Lightning Handshake incluem: Fragata Tarnk Ben Ziyad da Marinha Real Marroquina (Fragata Classe SIGMA) Centro de Operações Marítimas do QG da Royal Naval (MOC) Centro de Operações Aéreas do QG da Força Aérea Real (AOC), um helicóptero Panther e dois F-16 e F-5.

Exercício similar foi realizado em 2018 com o Grupo de Combate do porta-aviões USS Harry S. Truman (HSTCSG), envolvendo igualmente as Marinhas dos EUA e Marroquina nas seguintes áreas de guerra: comunicação, ligação, guerra anti-submarina, apoio aéreo próximo e apoio de fogo naval de superfície.


Reabastecimento em voo de um F/A-18 da US Navy a um F-5 marroquino


Fotos: James Mullen/US Navy



sábado, 4 de fevereiro de 2017

F-35 MAIS BARATO (M1868 - 05/2017)

Lockheed Martin F-35 Lightning II


A Casa Branca emitiu um comunicado ontem, 3 de Fevereiro de 2017, a anunciar o acordo entre o Departamento de Defesa e a Lockheed Martin, relativamente aos custos do último lote de produção do polémico caça de 5ª Geração F-35.

O Lote de Produção Inicial nº10, coloca os custos do modelo A abaixo dos 100M USD, pela primeira vez. Os modelos B (STOVL) e C (Marinha), embora igualmente mais baratos, relativamente ao contrato anterior, estão ainda acima da marca dos 100M USD, conforme a lista apensa:

·        F-35A:  94.6M USD (7.3% redução do Lote 9)
·        F-35B: 122.8M USD (6.7% redução do Lote 9)
·        F-35C  121.8M USD (7.9% redução do Lote 9)

A redução de custo no modelo A é contudo a mais relevante, uma vez que este representa cerca de 85% do programa geral. Relativamente ao Lote 1, a redução de preço situa-se já em cerca de 60%.

O Lote 10, que contempla 90 células de F-35, significa igualmente um aumento no número de células fabricadas, na ordem dos 40% relativamente ao lote anterior, que consistiu em 57 caças.
A distribuição de células do Lote 10, pelos países integrantes do Programa será de acordo com a lista discriminada abaixo:

·        44 F-35A USAF
·        9 F-35B US Marines
·        2 F-35C U.S. Navy
·        3 F-35B Reino Unido
·        6 F-35A Noruega
·        8 F-35A Australia
·        2 F-35A Turquia
·        4 F-35A Japão
·        6 F-35A Israel
·        6 F-35A Coreia do Sul

O Lote 10 significa por isso uma redução de um total de 728M USD, relativamente aos preços do Lote 9.

De notar que a administração Trump tem sido particularmente crítica do Programa F-35, mesmo ainda antes da tomada de posse. A par com as reduções de custos que reclamava e agora conseguidas, terá já ordenado um estudo comparativo com o F-18E/F Super Hornet da Boeing, para aferir até que ponto este modelo ou uma evolução dele, poderá substituir  parcialmente o F-35 nas Forças Armadas americanas.







segunda-feira, 16 de junho de 2014

EUA ENVIAM TROPAS E MEIOS PARA O IRAQUE (M1621 - 190PM/2014)

Super porta-aviões USS George Bush         Foto: Winston Likert/US Navy

À medida que os extremistas islâmicos se aproximam dos subúrbios de Bagdad, o Pentágono destacou soldados do Exército e Fuzileiros na embaixada americana, para reforçar a segurança e garantir a evacuação de pessoal diplomático.

A chegada das tropas ontem, domingo, marcou o primeiro destacamento operacional de tropas americanas, desde a retirada em dezembro de 2011.

Entretanto, pelo menos dois navios de guerra da US Navy foram posicionados no Golfo Pérsico, onde irão para já proporcionar "mais opções ao Comandante-em-Chefe para proteger cidadãos e interesses americanos no Iraque, se assim decidir usá-los", disse o porta-voz do Pentágono, Contra-Almirante John Kirby em comunicação oficial hoje 16 de junho.

A administração Obama está entre as espada e a parede, ao ter de escolher entre duas opções de alto risco: voltar a colocar tropas americanas no terreno, ou enfrentar críticas semelhantes às que se sucederam em 2012, quando o consulado dos EUA em Bengazi na Líbia foi atacado, com a consequente morte de quatro diplomatas, incluindo o Embaixador.

Também esta segunda-feira, o navio de desembarque anfíbio USS Mesa Verde foi destacado para águas do Golfo Pérsico, onde se juntará ao super porta-aviões USS George Bush, já mobilizado no sábado passado. O porta-aviões transporta caças-bombardeiros F/A-18 que podem aportar poder de fogo sobre o Iraque, enquanto o USS Mesa Verde transporta a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros, bem como aeronaves MV-22 Osprey, que ficarão de sobreaviso, no caso de ser necessária uma evacuação da embaixada em Bagdad.

Também durante o dia de hoje, as forças rebeldes ISIS divulgaram através do Twitter, fotos de execuções sumárias de soldados iraquianos, que alegadamente se terão rendido, tendo sido conduzidos a valas comuns, onde foram então executados. A autenticidade das fotos foi já confirmada pelo porta-voz do Exército iraquiano, Gen. Qassim al-Moussawi.

Esta é a primeira de uma série de fotos divulgadas que mostram a execução sumária dos cativos, numa vala comum, às mãos do auto-denominado Estado Islâmico. Optámos por não as exibir dado o seu conteúdo altamente violento

Numa iniciativa inédita desde há quase quatro décadas, o Irão manifestou disponibilidade para cooperar com Washington, no sentido de garantir a estabilidade no Iraque.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

IRST JÁ VOA NO F/A-18 (M1431 - 49PM/2014)

O pod IRST no suporte ventral do F/A-18F para o primeiro voo     Foto: US Navy

A Marinha dos EUA (US Navy) testou pela primeira vez no dia 11 de fevereiro passado, na base aérea de Edwards, o sistema Infrared Search and Track (IRST) num Boeing F/A-18 Super Hornet, que permitirá encontrar alvos difíceis de detetar a longas distâncias ou debaixo de intensas contramedidas eletrónicas, através do seguimento de fontes de calor.

A Boeing e a Lockheed Martin estão a desenvolver e integrar o IRST, uma modernização essencial para as capacidades de combate dos Super Hornet da US Navy.

"Adicionar um sistem de infravermelhos avançado ao Super Hornet alarga consideravelmente as capacidades de combate da Marinha" disse o Cap. Frank Morley, gestor do Programa F/A-18. "Combinado com o radar avançado (NR: AESA) do Super Hornet e as capacidades eletrónicas de empastelamento de radar do Growler, o IRST permitirá à frota dominar os céus em todos os ambientes".

"Continuamos a desenvolver a aeronave (F/A-18) para bater futuros adversários" disse Tim Adrian, gestor do programa IRST para o F/A-18. "Quando o radar não é uma opção, esta modernização permite ao operador localizar alvos e lançar a arma mais adequada à missão".

O IRST está a ser desenvolvido através dum contrato de 135M USD assinado em 2011, estando atualmente prevista a sua utilização operacional para 2017. A tecnologia foi primeiramente testada no avião King Air de testes da Boeing, o que permitiu reduzir custos e avançar a tecnologia antes da instalação no Super Hornet.

O King Air de testes da Boeing    Foto:Boeing

"O sucesso deste primeiro voo e dos voos de testes anteriores realça a maturidade da próxima geração de sistemas IRST, que a Lockheed Martin e a Boeing fornecem agora à US Navy, para apoiar os objetivos dos Grupos de Combate de Porta-aviões" disse a propósito Ken Fuhr diretor de programas de asas fixa da Lockheed Martin Missiles and Fire Control.

Fonte: Boeing
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O DIA EM QUE UM P-3 IRANIANO FEZ UMA RAPADA A UM PORTA-AVIÕES AMERICANO (M1418 - 40PM/2014)

Foto: US Navy
Foto: US Navy
Foto: US Navy
Algures durante o verão de 2012, um P-3F da Força Aérea Iraniana sobrevoou a baixa altitude o porta-aviões USS Abraham Lincoln da Marinha dos EUA (US Navy), a navegar então no Golfo Pérsico.
A notícia foi sabida primeiro através de um sítio de internet iraniano, que mostrava inclusivamente fotos da ocorrência, tiradas a partir do P-3 iraniano. Mais tarde, a US Navy divulgaria também fotos tiradas a partir do porta-aviões e do piloto do F/A-18 que escoltou o P-3 para longe do Lincoln.

A partir das imagens e alguns depoimentos, foi possível reconstituir o sucedido:

Um dos quatro P-3F da década de 70, operados pelo Irão, aproximou-se do Abraham Lincoln a baixa altitude. A ação teve lugar em águas internacionais, onde tanto o grupo do porta-aviões, como o P-3 têm direito de poder estar.
Segundo um antigo piloto de P-3 americano, que analisou as  fotos, "o P-3 parece executar uma manobra conhecida como eight-point rig. A manobra destina-se a proporcionar uma série de fotos de oito perspetivas do encontro"(...) "Esta manobra usava-se regularmente sobre navios mercantes, para determinar o nome, porto de origem, bandeira, tipo de casco, convés de carga, rumo e velocidade, além de fotos, do navio".

Pelas fotos pode verificar-se que o P-3 parece evitar passar diretamente apontado ao Lincoln, traçando antes uma espécie de quadrado à sua volta, o que o ex-piloto de P-3 confirma: "é de propósito. A manobra destina-se a evitar uma aproximação ameaçadora relativamente ao navio, apesar de que sempre achei que a simples proximidade é ameaçadora para um navio militar".

Foto via Aerospacetalk.ir
Foto via Aerospacetalk.ir

O USS Abraham Lincoln enviou um F/A-18E Super Hornet para intercetar o P-3, quando este subiu a altitudes mais elevadas após as passagens baixas.
Destes instantes de contacto entre o Super Hornet e o P-3, há imagens de ambas as tripulações a fotografarem-se mutuamente.

Foto: US Navy
Foto: US Navy

Fonte: war is boring
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro

domingo, 12 de janeiro de 2014

BRASIL, O GRIPEN E O RESTO DO MUNDO (M1375 - 12PM/2014)

Saab JAS39 gripen

A opção brasileira pelos aviões de caça suecos no concurso que contrapôs caças americanos e franceses e, no início, também os russos da Sukhoi mostra, além de uma disputa técnica, também uma nova atitude de política externa do Brasil. Esta é a opinião do Professor José Niemeyer, diretor dos cursos de Relações Exteriores do IBMEC, prestigiado instituto de economia do Brasil. O Professor Niemeyer fala também dos bastidores da política brasileira, nas ações que resultaram na compra dos 36 aviões Gripen, do fábricante sueco Saab.

– Como  analisa a escolha pelo governo brasileiro do avião Gripen da Suécia para o fornecimento dos aviões militares e renovação da Força Aérea Brasileira?

– Não era uma escolha esperada, na verdade a maior expectativa era em relação a uma parceria com a França. Houve uma mudança no rumo das negociações que não ficou muito clara. Acho importante a gente pensar esse acordo entre Brasil e Suécia por duas perspectivas.
Primeiramente, pela perspectiva estratégico-militar, visto que o Gripen é um avião menor, mais leve, com menor autonomia de combate. Ele vai ficar localizado em Anápolis e a gente tem que entender que de Anápolis ele terá uma autonomia que vai chegar às margens da fronteira com a Venezuela, às margens da costa brasileira, às margens da Amazónia, e também ao sul do país. Ou seja, o raio dele vai ser um raio de menor alcance comparado, por exemplo, ao Sukhoi que foi cogitado no começo da licitação, tendo também uma autonomia menor do que o avião norte-americano e que o avião francês. 
Do ponto de vista técnico, tem uma outra questão que é a troca de tecnologia, que foi uma variável estratégica para a aeronáutica brasileira. A troca de tecnologia no setor militar sempre foi muito importante, mas hoje ganha uma importância especial porque o mundo caminha para o que a gente chama de sistema multilateral aberto, então não faz muito sentido países que não detêm tecnologia aceitarem uma imposição de não haver troca de tecnologia. Se o mundo caminha para um multilateralismo aberto, ficou mais fácil do ponto de vista diplomático para os países que não detêm tecnologia negociar tecnologia, tanto no campo civil quanto no militar, para acabar um pouco com aquele engessamento norte-sul entre os possuidores de tecnologia e dos não possuidores de tecnologia.

Tem uma questão importante também, além da troca de tecnologia, é o tamanho do contrato. Parece que durante o termo do contrato, a compra pode chegar a 160 aeronaves. Então é um acordo interessante do ponto de vista da quantidade e da qualidade do recurso de poder, que no caso é o avião. Agora partindo do aspeto da viabilidade política do acordo, esse acordo terá que ser melhor analisado no tempo e no espaço. Pois o Brasil optou por um avião sueco, e não por um avião norte-americano ou francês.
Nesse caso, a ação brasileira é uma ação alternativa, pois os Estados Unidos sempre foram parceiros estratégicos do Brasil, principalmente no campo da Segurança do Estado e segurança regional. E a França, que foi, principalmente durante o segundo mandato do governo Lula, tratada como principal parceiro do Brasil, inclusive há um acordo entre Brasil e França para construção e aprimoramento dos nossos submarinos convencionais, os Tucuna. Ou seja, a França já tem uma parceria com o Brasil no campo militar, assim como a Itália teve no passado.

– Aliás, o Brasil já comprou à França o porta-aviões São Paulo.


– Há um acordo para a melhoria e produção de submarinos convencionais entre Brasil e França. Portanto, era esperado que o avião fosse o francês, mas o Brasil escolheu o caminho do meio e isso não tem jeito, nas relações internacionais isso implica um risco. Até porque tem um outro complicador, pois a França e os Estados Unidos são competidores no campo estratégico militar. A França não acompanha os Estados Unidos em todas as decisões no Conselho de Segurança da ONU. A França tem uma autonomia militar desde a II Guerra Mundial. A França faz testes nucleares e tem uma forma muito controlada de realizar esses testes, o que sempre incomoda os Estados Unidos e vice-versa. A França investe muito em energia nuclear para fins civis.

Portanto, quando a gente analisa o que a França e os Estados Unidos pensam em relação à potência do Estado, os dois países não são necessariamente países parceiros. Eles têm agendas no campo da potência do Estado muito específicas. Foi uma ação alternativa o Brasil buscar um avião sueco. Agora, é um avião europeu.

– Por que motivo, na sua opinião, foram necessários cinco mandatos presidenciais brasileiros, dois do Fernando Henrique Cardoso, dois do Lula e um da presidente Dilma Rousseff, para a escolha do avião sueco para a substituição da Força Aérea brasileira? Você partilha da opinião de que os Estados Unidos foram descartados em função das denúncias do Edward Snowden de que o Brasil foi espionado pelos Estados Unidos?

– Eu vou começar pela segunda pergunta. Acho que a questão do Snowden foi fundamental para a decisão de não comprar o avião norte-americano. Os militares brasileiros devem ter começado a perceber que seria muito fácil para o setor de segurança e informação americano conseguir ter algum controlo sobre a forma como o Brasil utilizaria os aviões, pois a aviónica de uma aeronave está muito ligada à questão da comunicação. Se o Brasil está a ser investigado naquele nível, também não é difícil controlar um meio militar.

E a primeira questão tem a ver com algo que até hoje se discute no Brasil, que é como a sociedade brasileira entender os gastos militares. Portanto, quando temos outras questões da área das políticas públicas para serem resolvidas, na área da educação, saúde, segurança pública, talvez o tempo que se levou para tomar a decisão tenha muito a ver com esse cuidado com a opinião pública.

– Qual seria a repercussão?

– A opinião pública poderia não gostar do gasto, pois é um gasto considerável. Outro ponto importante também é que a compra do avião sueco mostra uma leve divisão dentro do executivo federal, dentro do governo brasileiro.

Pois o ministro da Defesa, Celso Amorim, é uma pessoa de inteira confiança de Lula. Foi ministro das Relações Exteriores quando a França foi colocada como principal parceira no acordo de compra dos caças, depois volta como ministro da Defesa, mas parece que o que prevaleceu foi a decisão da equipa técnica da Força Aérea. Acho que aí há uma disputa muito interessante dentro do governo, dentro dos grupos que formam o governo.

Por exemplo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que foi ministro do Trabalho no governo Lula, é considerado um nome muito forte para uma futura presidência, e a informação que eu tenho é que já há uma fábrica da Saab, montadora de camiões e que monta o Gripen, ali naquela região do ABC paulista. Eu soube que Marinho fazia um movimento já há algum tempo para que o Gripen fosse o vencedor da licitação. Inclusive, até criando numa Universidade, em São Bernardo, um grupo para se estudarem as questões ligadas à defesa nacional, estudos estratégicos, para já começar a mostrar dentro da cidade a importância da compra desses aviões. Ele foi à Suécia pessoalmente fazer um lobby, visitando a Rainha da Suécia, o Rei da Suécia. E essa foi uma vitória de Luiz Marinho, porque o avião vai ter que ser montado, você terá que fabricar algumas peças, vai criar toda uma indústria direta e indireta para esse processo, e isso vai ficar centrado ali em São Bernardo. Portanto, é uma grande vitória de Luiz Marinho, inclusive eu diria que, do ponto de vista político, é o maior vencedor.

Então isso é importante, porque a gente começa a perceber que no PT começa a surgir uma nova geração de lideranças que vai se colocar à disposição do Partido e Luiz Marinho é um deles. Outro ponto importante é discutir porque é que o Brasil decidiu essa ação mais alternativa de comprar um avião sueco. Será que Ministério da Defesa, a Abin (Agência Brasileira da Inteligência), a presidência da república, o gabinete de segurança nacional, o conselho de defesa nacional, perceberam que o Brasil tem espaço nesse mundo que caminha para um multilateralismo aberto, que o Brasil tem espaço para ocupar, e que seria mais interessante que Brasil tivesse mais autonomia num momento como este? E a compra do Gripen traz mais autonomia para o Brasil? Isso tem que ser pensado.

No último domingo, na Folha de São Paulo, o Fernando Henrique escreveu um artigo interessante, no qual ele defendeu que o Brasil volte a ter um relacionamento mais próximo com os Estados Unidos e com a Europa e que não fique tratando a política externa como uma política pública, uma política de estado de stop and go, de se aproximar de alguns países, aí depois volta, se aproxima, tenta recuperar o Mercosul, ao mesmo tempo quer uma aproximação com os países do norte do continente, depois tem alguns acordos com a Europa, mas ao mesmo tempo não abre mão de ter um relacionamento com a China e com a Índia. E isso faz parte do multilateralismo aberto que eu falo, porém o Fernando Henrique quer deixar claro, e eu concordo com ele, que em diplomacia o tempo e recursos são esgotáveis. Nós não temos diplomatas suficientes para fazer acordo com todo e qualquer país. Também não temos tempo para isso. A negociação exige tempo.

Isso mostra bem o que o PSDB pensa em relação à política externa se voltar ao poder. O PSDB tem uma visão mais focada de política externa, principalmente com os seus parceiros tradicionais, Estados Unidos e Europa, e tentar melhorar as relações do Brasil com os países do Sul, principalmente a partir do Mercosul. E a compra do Gripen, se a gente for analisar as notícias da imprensa argentina, pode mostrar para o nosso principal parceiro no sul, que é a Argentina, e também a Venezuela (agora também no Mercosul), que o Brasil busca uma autonomia de criar acordos com países alternativos, e não com França e Estados Unidos. E isso pode incentivar Argentina e Venezuela a fazerem o mesmo, ou incentivar, por exemplo, a Argentina a ter uma postura mais próxima dos Estados Unidos. Então, a Venezuela pode pensar o seguinte: o Brasil busca uma postura mais alternativa ao aproximar-se da Suécia, então o governo venezuelano pode solidificar ainda mais a sua parceria com a Rússia no campo estratégico-militar.

Então uma ação como esta do Brasil pode fazer com que outros países da América Latina, principalmente Argentina e Venezuela, comecem a buscar também acordos alternativos no campo da segurança e da defesa nacional. Então, por mais que o Brasil não seja um player relevante no campo da segurança internacional, e definitivamente não é, e Suécia também não é, pois é uma fornecedora de tecnologia militar, eu sinto que nós vamos precisar de um bom tempo para ver como ficam as relações Brasil-Estados Unidos, pois acordos como estes refletem-se também em acordos de comércio, acordos de cooperação económica, acordos de troca de tecnologia no campo civil.


Fonte: A Voz da Russia
Edição: Pássaro de Ferro

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