sábado, 3 de dezembro de 2022

VIAGENS, MUSEUS, AVIÕES E BEAUFIGHTERS INTERDICTUS… [Parte 1] - [M2364 - 80/2022]

Regresso aqui ao Pássaro de Ferro, com uma verborreia desinteressante acerca de vários aviões que tive a oportunidade de ver numa incursão em terras de Sua Majestade Britânica (ainda a ERII), e que, sendo para mim “novidades”, para muitos dos leitores serão punny things

Como já me leram dizer, não tenho por prioridades deslocar-me em férias com o propósito de ver aviões per se, mas antes para conhecer o Mundo, como fizeram os Descobridores, naturalmente à escala da minha insignificante pessoa e cabedais. Os planos traçados no mapa deste ano incluíram duas deslocações às ilhas britânicas, onde passei por alguns locais que são para todos nós aficionados da “cousa do ar”, locais que nos fazer encrespar os pelotes dos braços, como diz o povo, como se a Morte tivesse passado por nós.  Confesso-vos que também passei por alguns cemitérios históricos, por cima de alguns túmulos até, e… não a vi.

As ilhas britânicas são férteis em museus e um sem número de locais históricos da aviação, foram elas um dos seus muitos berços, locais esses de diversa dimensão e tamanho que partilham todos de um mesmo espírito: o perpectuar da história da aviação, das pessoas e máquinas, e na sua divulgação em todas as vertentes projectando no futuro as artes de fazer voar e voar os Pássaros de Ferro.


Em oportunidade visitei o National Museum of Flight [NMF], em East Fortune, a Este de Edimburgo, na Escócia, que está localizado no espaço de um antigo aeródromo cuja origem remonta á Grande Guerra.

É naturalmente, um dos locais de referência, e a visita que fiz, confesso, tinha por objectivo ver o nosso Beaufighter mas não me deixaram, e como fraco consolo, não tão fraco quanto isso, desloquei-me lá para ver o espaço e a restante colecção. A colecção inclui também algumas aeronaves que estão expostas no National Museum of Scotland [NMS], em Edimburgo.

Da totalidade da colecção do NMF, destaco aqui, através de algumas fotografias, aeronaves que foram para mim as mais significativas ou apenas que achei curiosas, ou ainda … porque sim.

Algumas das aeronaves da colecção estão num dos halls mais antigos do conjunto de edifícios do NMS, numa disposição que remete para uma espécie de caminho de desenvolvimento da aeronáutica.
 
Num dos salões mais antigos do NHS encontramos este curioso girocóptero, Kay Gyroplane 195L. 


Em East Fortune, iniciei a visita no hall do Concorde, uma das máquinas mais extraordinárias que já tive oportunidade de ver voar. Aqui podemos também encontrar outros aviões como um HS Hawk dos Red Arrows,  um Jetstream 31 (fuselagem), bem como diversos motores e outros equipamentos, seguindo pela restante colecção adiante que se encontra distribuída por edifícios novos e antigos do brilhantemente conservado espaço, onde ainda tive oportunidade de almoçar.

Este aparelho é o primeiro da frota da British Airways, o “Alpha Alpha” (G-BOAA) que registou o seu primeiro voo em 1974 e o último em Agosto de 2000, tendo totalizado 8064 voos e 17.824 horas de voo. A sua deslocação para aqui foi muito curiosa, desde Heathrow, onde se encontrava, de onde veio embarcado… (mas não foi o único)
No hangar dedicado à aviação civil, e a necessitar de algum cuidado, um delicioso e estrambólico Scottish Aviation Twin Pioneer Mk.2, nas cores da Flight One Ltd.
Um Hawker Sea Hawk F.2, nas cores do 736 NAS, da Royal Fleet Air Arm, baseado mais a Norte, no Lossiemouth Station Flight. Um dos aparelhos de que simplesmente gosto.
Impecável este Jaguar da Guerra do Golfo que me lembro de acompanhar na televisão, em revistas e, eu, através dos slides da MAP que coleccionei. Imagens muito giras destes aviões, com as suas pin-ups e war markings
Outro dos muitos aparelhos que nunca tinha visto com as mãos (!!!),um EECo. Lightning F.2A , este pertenceu ao 92 Esquadrão da RAF.
Em tudo idêntico ao que existe nas reservas do Museu do Ar, um Bristol Bolingbroke Mk.IV T. No nosso caso, poderia perfeitamente ser terminado o seu restauro para representar uma das versões de uma das Esquadrilhas equipadas com os Blenheim da Arma de Aeronáutica do Exército. Fica a ideia …

Como referi era o meu principal objectivo da visita, de (pelo menos) ver o Bristol Beaufighter TF.X (reg.RD220) que pertenceu à nossa Aeronáutica Naval (reg. BF-10). A foto acima pertence à minha colecção e é da autoria do Jack Friell, que o fotografou em Alverca em 1964…  Na internet encontram várias fotos deste aparelho em restauro. 

No exterior encontramos, diversos aparelhos visitáveis, como um BAC 1-11, um DH Comet e um Avro Vulcan B.2 . Facto curioso em relação a este último aparelho, com o registo XM597 da RAF, e que ostenta na fuselagem “mission markings” de duas largadas de misseis e uma bandeira do Brasil. Trata-se da largada misseis Shrike sobre as forças Argentinas durante a Operação Black Buck nas Falklands -- e este é um que tem uma história muito curiosa para contar o célebre “Black Buck 6” que foi aterrar de emergência no Rio de Janeiro. A operação Black Buck operação que fez precisamente em Maio último 40 anos . 



Visitei também o Morayvia Aviation Museum, em Kinloss, quase em frente à antiga base RAF Kinloss, actuais Kinloss Barracks, do Exército Inglês.

Resultado do confinamento, e apesar de já nem se ouvir falar em Covid em parte nenhuma, o museu estava fechado ao público, ainda assim, fui por lá muito bem recebido por um dos seus voluntários, o Sr. Nigel Haggar, ex-militar que foi tripulante de Vulcan e instrutor de voo de Jet Provost, e que nos guiou de uma forma muito pessoal pelas diferentes salas do museu, e nos mostrou o seu acervo, exposição, armazéns e oficinas de restauro. Saí de lá de coração cheio!

Este museu, fez-me lembrar, ainda que por fraca semelhança, um outro projecto igualmente privado que cá pela nossa terra tem muitas e boas provas dadas no que concerne á educação para a aeronáutica nas camadas mais jovens, mas que, ao contrário do que se passa no Morayvia Aviation Museum, mais do que o crescimento do seu acervo, falta o trabalho na área do restauro das aeronaves da sua colecção, trabalho esse que como se sabe é permanente.

Retive algumas aeronaves e equipamentos que me chamaram mais a atenção, que fotografei e até visitei o interior!

O nosso guia para a visita, Nigel Haggar, debruçados sobre um mapa da Escócia, explicando o funcionamento do dispositivo SAR.
Uma das muitas curiosidades é este cockpit de um F-35, uma réplica construída para a filmagem de algumas das cenas do filme Terminator Dark Fate.
Destaco um dos maiores motores em exposição, com o after-burner é claro, um Rolls Royce Olympus Mk.101 que propulsionava o BAC TSR-2. Este motor teve desde a sua origem diversas variantes que equiparam aparelhos tão significativos como o Avro Vulcan e o Concorde.
Nunca tinha estado junto de um Dragonfly, este estava impecável e em manutenção, junto de outros, a serem preparados para o Inverno. Westland Dragonfly HR 3 [reg.WP495/G-AJOV]
Uma séria dor de cabeça para a manutenção e restauro de um acervo que está ao ar livre, sobretudo nestas latitudes. Dois belos exemplares de helicópteros de Busca e Salvamento, em primeiro plano um Westland Wessex Mk.2 [reg.XR528] e mais atrás um Sea King HAR.3 [reg. XZ592].
Aspecto do cockpit do Sea King HAR.3 [reg. XZ592]
Porque nem sempre é possível preservar um avião completo, dois cockpits, de um HS Nimrod MR2 [reg. XV240] e de um Vickers Valiant B1 [reg. XD875].
Aspecto do cockpit do Vickers Valiant B1.
Um Westland Wessex HU5 [reg. XT466/CU-528]
Este Handley Page Dart Herald [reg. G-APWJ] nas cores da Air UK, foi recebido no inicio deste ano por cedência do Museu da RAF, em Duxford.



No regresso desta viagem, passei pelo Montrose Air Station Heritage Centre, outra associação que aposta fortemente no trabalho de voluntariado e que possui também uma interessantíssima colecção de aparelhos e edifícios porém, como não tinha sequer planeado lá ir e não os contactei previamente, dei literalmente com o nariz na porta pois, era quarta-feira e estavam fechados … 

Deixo-vos com dois registos fotográficos do exterior, muito interessante apesar da pequena dimensão do local. 



Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de aviação


Nota:
O autor do texto/reportagem escreve na grafia antiga.

Thanks to: Nigel Haggar (Morayvia), and the rest of the volunteers, for the wonderfull tour. Hope to visit again soon!



2 Comentários:

TopGum disse...

Obrigado

Corsário de Segunda disse...

Obrigado ao "TopGun", pelo seu obrigado, ainda que anónimo.
Bem haja aos leitores deste nobre pasquim digital.
Rui 5513 Ferreira

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