quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O PRINCÍPIO DO FIM

Mig-29 nas cores da RDA


Mig-29 incorporado na Luftwaffe ainda com camuflagem original


Mig-29 com camuflagem final da Luftwaffe


XB-70 Valkyrie: bombardeiro estratégico dos EUA concebido para ataque nucelar. Nunca chegou a a entrar em serviço.



Mig-25 Foxbat: Caça soviético construído exclusivamente para fazer face à ameaça que representava a perspectiva do XB-70


Cemitério de aeronaves da Uniao Soviética /Rússia. Pode distinguir-se a deriva de um Mig-21 e vários Mig-25



Agora que se apagam as luzes sobre as comemorações da queda do Muro de Berlim, decidi escrever no Pássaro de Ferro algumas linhas sobre o tema. Quem me conhece sabe que não sou pessoa de alinhar em histerismos colectivos, nem de explorar o óbvio, como muitas vezes se assiste na comunicação social, recalcando certos temas até à exaustão. A queda do Muro de Berlim (que em rigor dever-se-ia chamar derrube), e pese embora a quantidade de vezes que fomos bombardeados com o tema nos últimos dias, teve contudo uma importância demasiado grande no mundo para poder ignorar a efeméride das duas décadas decorridas sobre a data em que ocorreu.
Mais a mais, quando proporcionou no mundo da aviação de que se fala neste blogue, cenas completamente impensáveis para quem nasceu e cresceu sob o status quo da Guerra Fria.

E é por isso que dizer que a queda do Muro de Berlim significou a libertação de um povo separado artificialmente, seria pouco, quando o que representou realmente foi a queda de toda uma ideologia, que tal como um castelo de cartas, foi arrastando os regimes próximos geográfica ou ideologicamente.
O argumento de que o Muro foi construído para que os ocidentais não se evadissem para o bloco de Leste (na RDA era chamado “Muro de protecção anti-fascista”), se alguma vez convenceu alguém, ficou então perfeitamente visível na nudez do seu conteúdo.

Regressando à aviação, foram os acontecimentos de 9 de Novembro de 1989 que proporcionaram quase de repente visões de Migs com a cruz de ferro da (antiga) República Federal Alemã, mais tarde em operações da NATO e por fim, antigos países do Pacto de Varsóvia passarem para a égide da organização de que foram inimigos figadais por várias décadas.
Milhares de aeronaves que foram construídas sempre com o mesmo princípio estratégico ficaram quase de repente obsoletas, vazias de inimigo e de sentido, de ambos os lados do Muro.

Não vivi o 25 de Abril de 1974 para poder descrever o que significa a libertação de um povo (nasci escassos 3 meses depois) e vivi à distância a queda dos regimes socialistas diametralmente opostos ao nosso, mas comuns na repressão dos respectivos povos, reféns de ideologias impostas. Poderíamos até aprender algo com alguns desses países, que vivendo décadas num regime social e económico totalitário, se adaptaram à economia de mercado melhor que nós, que teimamos muitas vezes em viver na subsídio-dependência do Estado.

Terminando a hipérbole e regressando ao Muro de Berlim, dizer que o mundo não voltou a ser o mesmo desde o dia que este foi deitado abaixo, seria ainda assim um eufemismo, para a profundidade das mudanças que aportou ao palco mundial. Mesmo se o princípio do fim da Cortina de Ferro começou realmente no Verão anterior, foi sem dúvida a queda do Muro que o oficializou. E as Portas de Brandeburgo voltaram novamente a ser um símbolo de abertura. Sem uma irónica parede barricada na frente.

Vivemos agora num mundo perfeito? Garantidamente que não.
Cabe-nos aprender dos erros do passado para que seja melhor o futuro.

Portas de Brandeburgo com o Muro de Berlim na frente


Portas de Brandeburgo nos dias de hoje

PS: Quem nunca viu o filme Goodbye Lenin, pode alugá-lo em qualquer clube de vídeo. É uma caricatura mordaz mas fiel de quem viveu e acreditou no regime socialista e se confronta com as mudanças pós queda do Muro. E mais não conto.


3 Comentários:

Anónimo disse...

Excelente texto!

António Luís disse...

Concordo!
Excelente reflexão.

S7alker disse...

Deveras, excelentes palavras, sobre o fim de um mundo. O fim de um século, como se diz. O Século XX terá sido um século curto, sob esse olhar. Começou em 1914 e acabou em 1991. Nesse período a História moveu-se como dificilmente se vira até então. Agora estamos numa fase caótica, ansiando por um futuro mais límpido, qual azul céu, e por não cometer os erros do passado.

Parabéns novamente ;)

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