terça-feira, 25 de novembro de 2025

PORTUGAL IRÁ EMPRESTAR KC-390 e C-130 À ÁUSTRIA

KC-390 da Esquadra 506 da Força Aérea Portuguesa

As Forças Armadas Austríacas (Bundesheer) iniciaram o processo de renovação da sua frota de transporte aéreo, desativando o primeiro dos seus antigos C-130 Hercules. Para garantir a capacidade integral de transporte aéreo durante o período de transição, a Áustria assegurou entretanto uma cooperação estratégica com Portugal, que envolve o empréstimo de aeronaves da Força Aérea Portuguesa, que serão essenciais até que o Bundesheer receba os primeiros C-390 Millennium, o que está previsto para 2028.

A Ministra da Defesa austríaca, Klaudia Tanner, justificou a desativação do primeiro C-130 por razões de custo operacional, afirmando que "estender a vida útil da aeronave custaria significativamente mais do que a variante de empréstimo com Portugal, para o período até a chegada do primeiro C-390 Embraer, em 2028." Os dois C-130 restantes da frota austríaca devem permanecer em serviço até 2030, quando a renovação da frota de transporte estará previsivelmente concluída.

C-130H Hercules da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa

A parceria com Portugal assume a forma de uma variante de empréstimo, que abrange tanto a frota C-130H Hercules (recentemente atualizada na OGMA) como o moderno KC-390 Millennium da Força Aérea Portuguesa,  recentemente entrado em serviço operacional. Segundo Daniel Kosak, Assessor Especial para Estratégia da Ministra da Defesa, a Áustria poderá acionar aeronaves de qualquer dos modelos, conforme a necessidade, até receber as suas próprias aeronaves C-390.

Além do empréstimo de aeronaves, a cooperação entre os dois países envolve também a formação de tripulações austríacas. Segundo o Gen. Vodosek, Chefe de Sistemas de Armas do Bundesheer, os pilotos austríacos realizarão qualificação nos C-130 portugueses. No que diz respeito ao C-390M, apesar do treino inicial ocorrer no Brasil, "alguns pilotos já estão a ser treinados no C-390M em Portugal". As tripulações mistas luso-austríacas também serão possíveis e destacadas como um "caso exemplar de cooperação internacional". 

Outro exemplo recente da cooperação entre os dois países, estende-se às asas rotativas, com o treino de tripulações dos helicópteros Black Hawk da Esquadra 551 - Panteras da FAP, com a sua congénere na Áustria.

A substituição permanente dos C-130 por C-390 na Áustria foi iniciada em 2021, com o contrato assinado em 2024 em conjunto com os Países Baixos, no âmbito de um acordo Governo a Governo. A Áustria receberá um total de quatro C-390 até 2030, com a entrega das duas primeiras aeronaves em 2028. 




sexta-feira, 21 de novembro de 2025

CEMGFA COM "ELEFANTES" EM MÁLAGA

C295M MPA da Esquadra 502 - Elefantes em Málaga, Espanha    Foto: Jose António Fernandez
 

O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), General José Nunes da Fonseca, acompanhado pelo Chefe de Estado Maior da Força Aérea, Gen, João Cartaxo Alves, realizaram uma visita ao Contingente Nacional empenhado na missão ÍNDALO 2025, no âmbito da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira - FRONTEX, em Málaga, Espanha.

 A visita incluiu uma deslocação ao hangar e à sala de operações do destacamento, onde foram observados os procedimentos e as capacidades empregues nas ações de vigilância, reconhecimento e busca e salvamento, pelos 18 militares e um avião  C295M (atualmente o n/c 16712)  da Esquadra 502 - "Elefantes".


A participação dos Elefantes, na Operação ÍNDALO aconteceu este ano em duas fases distintas, iniciando-se a 19 de março e estendendo-se até 11 de junho, para retomar novamente a 3 de setembro, com término previsto para 26 de novembro. 


Foto: Jose António Fernandez

O mês de outubro revelou ser de especial intensidade, com por exemplo três missões de vigilância realizadas no dia 19 e o avistamento no dia 24, de uma embarcação de fibra com mais de uma dezena de migrantes, incluindo jovens menores de idade, a navegar em direção ao sul de Espanha, na zona de Cartagena. Já no dia seguinte, seriam avistadas quatro embarcações em situação irregular, uma delas transportando um bebé. 

Todos os incidentes envolvendo estas pequenas embarcações, que por vezes percorrem mais de 200 quilómetros desde o norte de África, foram prontamente reportados à FRONTEX, à Guardia Civil e ao Centro de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) de Almería, em Espanha.

Foto: Jose António Fernandez

A missão ÍNDALO tem como objetivos principais o controlo das fronteiras marítimas externas da União Europeia, focando-se na salvaguarda da vida humana, na prevenção da migração ilegal e no combate ao tráfico de seres humanos, bens, armamento e outras atividades ilícitas. 


Agradecimentos: Jose António Fernandez





quarta-feira, 12 de novembro de 2025

EMBRAER AMPLIA CAPACIDADES ANTI-DRONE DO SUPER TUCANO

Ilustração do uso do sensor eletro-ótico na designação do alvo com laser, para guiamento dos foguetes  Imagem: Embraer

A Embraer anunciou o alargamento do portefólio de missões da sua aeronave A-29 Super Tucano, com a adição de capacidades de combate a ameaças modernas não tripuladas (contra-UAS) de forma eficaz e acessível. 

Continuamos a expandir as capacidades do A-29 para cumprir com as missões mais recentes enfrentadas por muitas nações ao redor do mundo”, declarou Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “Os desafios contínuos na guerra moderna e os conflitos recentes em todo o mundo demonstraram a necessidade urgente de soluções para combater SANTs. O A-29 é a ferramenta ideal para enfrentar sistemas aéreos não tripulados de forma eficaz e de baixo custo, somando-se ao já extenso conjunto de missões da aeronave, que inclui apoio aéreo próximo, reconhecimento armado, treino avançado e muitas outras.”

Aproveitando os recursos operacionais do A-29 e novos sensores, incluindo datalinks específicos para receber coordenadas iniciais e direcionamento de alvos, o sensor Eletro-ótico/Infravermelho (EO/IR) para rastreamento e designação a laser, bem como os foguetes guiados por laser e as metralhadoras .50 embutidas nas asas para neutralizar Sistemas Aéreos Não Tripulados (UAS, sigla em inglês) designados. O Conceito Operacional (CONOPS) definido pela Embraer permitirá que operadores atuais e futuros do A-29 adicionem missões de combate a Sistemas Aéreos Não Tripulados (SANTs) aos seus perfis operacionais sempre que necessário.

Entre as missões já incluídas no portefólio do A-29 Super Tucano estão:

Treino avançado de pilotos
Apoio Aéreo Próximo (Close Air Support, CAS)
Patrulha e interdição aérea
Treino de controladores aéreos avançados
Informação, Vigilância e Reconhecimento (IVR) armado
Vigilância de fronteiras
Escolta aérea

O anúncio da nova capacidade anti-drone do Super Tucano, surge numa época em que múltiplos países buscam soluções de baixo custo e eficazes para combater as ameaças que representam principalmente os drones-kamikaze, no moderno campo de batalha.

Nesse sentido, a aeronave da Embraer apresenta manutenção reduzida, para um elevado nível de fiabilidade, disponibilidade e integridade estrutural, com baixos custos de ciclo de vida, principalmente se comparado com plataformas mais complexas.

O Super Tucano foi selecionado por 22 forças aéreas em todo o mundo, sendo Portugal o primeiro cliente europeu, com a recente aquisição de uma dúzia de exemplares da nova variante A-29N Super Tucano, direcionada e adaptada aos padrões da NATO. 

Voos do A-29N Super Tucano PT-CYV observados no dia 10 de novembro de 2025

Durante os últimos dias, o Super Tucano com o registo temporário PT-CYV foi observado no radar virtual ADSB- Exchange a realizar o que parecem voos de teste. A entrega oficial das cinco primeiras aeronaves - que começaram a chegar à OGMA em Alverca desde agosto, para a receber os equipamentos específicos da nova variante - é esperada até ao final do ano. 



quarta-feira, 5 de novembro de 2025

PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DOS F-16 AINDA NÃO FOI INICIADO - diz o ministro da Defesa

F-16AM da Força Aérea Portuguesa

O Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, reiterou hoje, durante a audição sobre a apreciação na especialidade do Orçamento de Estado para 2026, que o processo formal de substituição da frota de caças F-16 da Força Aérea Portuguesa ainda não foi iniciado.

Em resposta a insistentes questões de um deputado sobre a aquisição de novos aviões de combate, nomeadamente os F-16, o Ministro adotou um tom sóbrio, sublinhando que a decisão final dependerá da avaliação do "melhor equipamento" disponível no "mundo livre", no momento oportuno.

Nuno Melo reconheceu a sua "declaração genérica e convicta" sobre a necessidade de reforçar o pilar europeu de defesa, citando as alterações geoestratégicas dos Estados Unidos no Indo-Pacífico e o apelo a que a União Europeia faça mais pela sua própria defesa: "Temos que produzir mais na Europa e temos que comprar mais na Europa e temos de produzir mais em Portugal e garantir que se compre mais em Portugal, e esta é a teoria geral."

Contudo, Nuno Melo estabeleceu uma clara ressalva: se a União Europeia não dispuser do "melhor equipamento" (...) "obviamente que também consideramos outras possibilidades de um lado e do outro do Atlântico."

Posto isto, o ministro da Defesa recusou endossar o apoio a qualquer modelo específico, seja ele o Gripen, o Rafale ou o F-35, face à ausência de um processo aberto, concluindo a sua clarificação afirmando categoricamente: "Dito isso, nada está excluído, mas nada está decidido."

Nuno Melo defendeu que a existência de "vários concorrentes" no mercado internacional, tanto na Europa como nos EUA, na verdade é "muito boa" porque "significa que o preço baixa e as contrapartidas não são dadas apenas por um [fornecedor]." O processo irá por isso "seguir o seu curso" no devido tempo, para garantir o melhor equipamento para a Força Aérea Portuguesa, ponderando "todas as outras circunstâncias que são atendíveis ao caso."



terça-feira, 4 de novembro de 2025

ETAP-C - OPERAÇÕES AÉREAS EM TANCOS [M2662 - 85/2025 ]


 KC-390 - Portugal

Terminou no dia 31 de outubro, o Curso – Programa Europeu de Transporte Aéreo Tático (ETAP-C) 2025, que decorreu na Base Aérea N.º 11, em Beja, reunindo aeronaves e tripulações de várias forças aéreas europeias num exercício que reforçou a interoperabilidade e a cooperação no domínio do transporte aéreo tático.
Organizado pela Força Aérea Portuguesa (FAP), o ETAP-C é a quarta edição a decorrer em 2025. Esta vertente do exercício, a de Curso, teve como objetivo fornecer às tripulações participantes um programa abrangente de táticas de transporte aéreo, destinado a aprimorar o conhecimento tático, ampliar a capacidade de atuação em cenários complexos e aumentar a sobrevivência em ambiente operacional hostil.
Durante duas semanas de atividade aérea e de planeamento conjunto, foram realizadas missões de largada de carga e paraquedistas, apoio às forças no terreno, operações especiais e transportes médicos, recriando cenários próximos dos que as tripulações enfrentam em teatros de operações reais.


CN-235 - França


C-130 - Itália


C-130 - Polónia



A-400 - Alemanha



A-400 - Bélgica

As imagens desta edição referem-se a operações aéreas efetuadas em Tancos, com diversas aeronaves dos países participantes.

Texto: Força Aérea Portuguesa e Pássaro de Ferro
Fotografia: Nuno Freitas


segunda-feira, 3 de novembro de 2025

SEGUNDO LOTE DE SUPER TUCANO A CAMINHO DE PORTUGAL - atualização 6/11/2025

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

Foto: Keane Freire - conta Instagram

O segundo lote de A-29 Super Tucano, compreendendo duas aeronaves destinadas à Força Aérea Portuguesa, iniciou hoje o voo ferry até Portugal, cumprindo a primeira etapa entre as instalações do fabricante Embraer, em Gavião Peixoto, no estado de São Paulo e Recife, no nordeste do Brasil.

Imagem: FlightRadar24

As aeronaves com registo temporário PT-CUS e PT-CYU, chegaram a Recife pelas 15h30 locais, tendo sido captadas em vídeo pelo canal Youtube Felipe Aviation, que disponibilizou as imagens que abaixo partilhamos:

Das imagens captadas, dá para perceber finalmente a localização dos símbolos nacionais, embora ainda ocultas, uma vez que as aeronaves ainda não foram formalmente entregues.

A partir de Beja, descolou igualmente hoje o P-3C n/c 14807, que irá prestar apoio de busca se salvamento e comunicações à parelha de Super Tucano, na travessia transatlântica.

Imagem: ADSB-Exchange

Fazendo fé no que foi a rota das aeronaves do primeiro lote de A-29, em agosto passado, o voo até Portugal terá escalas em Fernando de Noronha (Brasil), Sal (Cabo Verde), Gando (Canárias), antes de chegar finalmente a Alverca, onde irão receber o equipamento NATO durante as próximas semanas.

Lembramos que pelo menos um dos A-29 do primeiro lote foi já notado a voar em voos de experiência a partir de Alverca, durante o mês de outubro.

Iremos atualizar o artigo à medida que nos chegue mais informação e material audiovisual.


Atualização 4 de novembro de 2025 às 14h30

A parelha de Super Tucano partiu de Recife pelas 8h30 locais, tendo sido captada em vídeo a chegada a Fernando de Noronha, da segunda aeronave da parelha:



Atualização 11h00, 6 de novembro de 2025

Fotos dos dois Super Tucano na escala em Fernando de Noronha.

Foto: Bruno Carvalho

Foto: Bruno Carvalho

Foto: Bruno Carvalho

Entretanto o P-3 n/c 14807, que irá prestar apoio à parelha de A-29, descolou de Recife pela 7h00z, de acordo com o radar virtual ADSB Exchange, devendo reunir em voo com os monomotores, ao sobrevoar Fernando de Noronha, pelo que o trio deverá encontrar-se neste momento já no trajeto transatlântico, em rota para a próxima escala em Espargos na ilha do Sal, Cabo Verde.





Agradecimentos: Valter Andrade, Felipe AviationKeane Freire e Bruno Carvalho







EXÉRCITO ANUNCIA 12 HELICÓPTEROS PARA A NOVA UNIDADE

Sikorsky UH-60 Black Hawk

Em partilha nas redes sociais, a propósito da requalificação de dois pilotos, para a edificação das capacidades da nova Unidade de Helicópteros de Apoio, Proteção e Evacuação (UHAPE), o Exército Português assumiu publicamente pela primeira vez que irá receber uma dotação de uma dúzia de helicópteros. Igualmente novidade foi a divulgação do modelo UH-60L Black Hawk, embora essa informação tenha mais tarde sido suprimida.

Oficialmente contudo e para já, ainda só está publicada em Diário da República, a autorização para a aquisição dos primeiros três helicópteros (com mais um de opção), que terão chegada ao ritmo de 1 por ano até 2028, segundo avançou o Chefe de Estado Maior do Exército, há algumas semanas atrás.

As obras no Aeródromo Militar de Tancos, para receber as aeronaves de asas rotativa, há muito ansiadas pelo Exército, estão também já a decorrer, tendo conclusão aprazada para o final do primeiro trimestre de 2026. Em andamento também, a formação de pessoal de terra, 

Por saber, fica o tipo de equipamento e possibilidade de armamento com que virão equipados.



sábado, 1 de novembro de 2025

RAF Harrier GR.7, o guerreiro da guerra fria

 Kosovo, o regresso da limpeza étnica ao coração da Europa 

(Episódio 3 - Último)

Com o pod TIALD (Thermal Imaging Airborne Laser Designator) os pilotos dos Harrier viram facilitada a tarefa de identificar e atacar com elevada precisão alvos pequenos e camuflados mas, por vezes, esse sistema revelou um comportamento algo… temperamental.  O Tenente Zanker descobriu essa faceta da tecnologia num ataque a 19 de Abril.  O alvo era um depósito de munições e de mísseis SAM SA-6 no aeroporto de Pristina – alvo que já tinha surgido na lista no dia 29 de Março mas, nessa ocasião, as fracas condições meteorológicas “riscaram” a missão.  Três semanas depois, e com o clima mais favorável, Zanker liderou uma formação de quatro Harrier rumo a Pristina;…

 

 “Quando nos aproximamos da área notei algumas nuvens baixas, mas nada que impedisse o ataque.  Liguei o pod TIALD e orientei a mira na direcção do alvo – conseguia ver claramente o edifício no pequeno ecrã no cockpit.  Como a mira não estava exactamente centrada usei o comando direccional na manete de aceleração com o polegar esquerdo e pressionei o botão “lock”.  A partir daqui o sensor deveria bloquear e seguir automaticamente o alvo.  Como tudo parecia porreiro, pressionei o botão de disparo do laser.  Com o sistema em modo “auto” agora era só esperar que o computador largasse as bombas no momento adequado.  Passados alguns momentos senti um ligeiro duplo tremelique no Harrier seguido do característico sinal sonoro agudo  – as duas bombas Paveway de 500kg estavam a caminho! 

 

“Passados uns 5 segundos, começo a notar uma nuvem no topo do ecrã e a mover-se lentamente em direcção á mira…  Nesta altura o software do pod TIALD deveria entrar no modo “memória” e manter o laser minimamente apontado no alvo, mas…não.  Em vez disso, a mira ganhou vida própria e começou aos saltos a perseguir a nuvem para fora do ecrã!  Perdi completamente de vista a mira e sabe-se lá para onde estaria a orientar as bombas!  Reiniciei o pod e, o mais rapidamente possível, voltei a orientar a mira para o telhado do alvo e, não me perguntem como, as bombas Paveway ainda arranjaram energia suficiente para se orientarem até ao centro do edifício que, literalmente, desapareceu num imenso “flash”.”  

 


Especialistas de armamento inspeccionam bombas Paveway II, prontas a ser carregadas no Harrier logo atrás.  Nesta foto é possível apreciar o verdadeiro volume desta potente arma de 454kg de peso e quase 4 metros de comprimento.

 

As realidades da guerra, e o sempre presente perigo de provocar baixas civis, ficou novamente espelhado na missão de 30 de Abril – uma ataque que envolveu seis Harrier a uma ponte sobre o rio Uvac em Kokin Brod, na Sérvia Ocidental.  Novamente, o Tenente Zanker recorda o incidente;…  

 

“Perto do ponto de largada das bombas notamos novamente algumas nuvens soltas mas, ao pesquisar mais adiante com a ajuda do sensor infravermelho do TIALD, confirmei que as condições pareciam melhores.  Ainda não conseguia ver a ponte mas estava confiante que teria tempo suficiente para a encontrar e atacar com precisão.  O par de Harrier á minha frente largou as bombas conforme planeado e passados alguns segundos avistei a estrutura da ponte – era agora a minha vez de lançar.  Dispensei a função “auto-track” e fiz “zoom” sobre a ponte.  Via perfeitamente os arcos metálicos e apontei manualmente o laser para o centro do tabuleiro.  Disparei o laser e, de quando em vez, ajustava ligeiramente a mira para manter o alvo bem centrado.  As bombas demoraram o que pareceu uma eternidade até chegar ao solo, mas acabaram por acertar no tabuleiro com uma tremenda explosão.”

 


“Slides” tirados de um pod TIALD de um ataque a um depósito de munições Sérvio.  Nesta ocasião as condições climatéricas eram bastante favoráveis mas num dia de nebulosidade ou com mais humidade no ar, a aquisição de alvos seria muito mais complicada.

 

 

 “Mal regressamos a Gioia del Colle todos os pilotos reuniram-se na sala de operações para visualizar em detalhe o ataque.  O software do pod TIALD permitia rever toda a gravação sobreposta com as conversações rádio e uma série de dados de voo.  Além disso, ao vermos o vídeo na tela gigante conseguíamos visualizar de forma mais ampla, e com muito mais detalhe, comparado com o minúsculo ecrã de 10cm no cockpit do Harrier.  Com uma cerveja na mão e bem sentados iniciamos a projecção do “filme” e vimos de imediato a estrutura da ponte, a estrada, as rampas de acesso, as bermas, tudo.  Mas também vimos no topo da tela outra coisa… um carro civil a dirigir-se lentamente para a entrada da ponte.  Ninguém viu aquele carro durante o ataque mas agora na enorme tela vimo-lo imediatamente.

 

“Oh não”, alguém exclamou atrás de mim, “quando tempo é que ele tem?”

 

O carro entra devagarinho na rampa da ponte e segue tranquilamente.

 

“Menos de 40 segundos…”, responde o líder ´Benny` Ball.

 

Ouvimos o som agudo do laser activo e sabíamos que as bombas já estavam no ar.

 

“Porque que é que ele vai tão devagar?!  Acelera!!  C’mom mate!!”

 

Gritávamos para a tela como se estivéssemos a ver um jogo de futebol em directo quando, na realidade, o destino daquele desgraçado já tinha sido traçado há um par de horas.  Quando faltavam 20 segundos para o impacto o carro passou directamente sobre a mira laser no centro da ponte!

 

“Go, go, go!!”, gritávamos a plenos pulmões.  A sala começou a encher-se de gente atraída por toda aquela comoção e gritaria.  Muitos deles, ao verem as imagens, rapidamente se juntavam ao coro colectivo.  No  momento em que o carro pareceu sair do tabuleiro a tela tornou-se totalmente branca – o flash da explosão “cegou” momentaneamente o sensor IR do pod TIALD e deixou todos na assistência em total “suspense”…  Quando o ecrã recuperou a definição, vimos o carro parado na berma da ponte.  Todos ficamos em silêncio e temíamos o pior.  De repente, o carro arranca a grande velocidade e desaparece de vista!  Um dia de sorte para ele….e para nós!”

 


Sempre que possível, os pilotos dos Harrier em Gioia del Colle usavam a técnica STOVL (Short Take-Off and Vertical Landing) – não só permitia descolar com cargas mais pesadas como aumentava os limites de segurança. 

 

 

O destacamento de Harrier GR.7 da RAF voou 870 missões operacionais durante a Operação Engadine.  Toda essa experiência foi muito útil para identificar as limitações do pod TIALD e das bombas guiadas por laser Paveway, especialmente em condições meteorológicas adversas, típicas do centro da Europa.  Estas lições levaram directamente à adopção da bomba Enhanced Paveway II que acrescentava GPS ao sensor laser.  Assim, quando os Harrier voltaram ao combate, no Iraque em 2003, trouxeram novas armas, novos sensores e novas tácticas.

 

Mas isso será história para outro dia.


Texto e seleção de imagens: Icterio
Edição: Pássaro de Ferro


sábado, 18 de outubro de 2025

PRIMEIRO HELICÓPTERO DO EXÉRCITO CHEGA EM 2026

 

O Chefe do Estado-Maior do Exército, General Eduardo Mendes Ferrão, afirmou em entrevista à agência Lusa que as obras de modernização do Aeródromo Militar de Tancos decorrem a bom ritmo, prevendo-se a conclusão da reabilitação do Hangar Norte no início de 2026, para poder albergar a nova Unidade de Helicópteros de Apoio, Proteção e Evacuação do Exército (UHAPE).  Intervenções na infraestrutura do aeródromo, pista, torre de controlo, áreas de manutenção e depósitos gerais, têm igualmente conclusão prevista para março de 2026. 

As referidas obras inserem-se no âmbito do Projeto dos Helicópteros de Apoio, Proteção e Evacuação (HAPE), que visa dotar o Exército Português de meios próprios de asa rotativa, com capacidade para missões militares, nomeadamente missões de apoio aéreo próximo às forças terrestres, reconhecimento e proteção armada, transporte de pessoal e material, projeção e extração de forças. E ainda apoio à proteção civil em catástrofes naturais.

A UHAPE será equipada com três helicópteros médios, com opção por uma quarta aeronave, esperando-se a chegada do primeiro aparelho até ao final de 2026, com mais um por ano até 2028. Já a formação de pilotos e técnicos terá início antes da primeira entrega, cumprindo os requisitos europeus de aeronavegabilidade militar. 

Apesar de não ter ainda sido oficialmente revelado o modelo que irá equipar a UHAPE, crê-se que o eleito seja o UH-60 Black Hawk, a adquirir em moldes semelhantes ao mesmo modelo da Força Aérea.

O projeto de edificação da UHAPE está inscrito na Lei de Programação Militar, com um investimento inicial de 50M EUR, contempla ainda formação complementar em exércitos aliados e articulação com entidades civis no âmbito do Plano de Apoio Militar de Emergência (PAMEEX). O Exército admite mesmo a utilização dual do aeródromo de Tancos, reconhecendo o impacto estratégico e económico para a região do Médio Tejo.



sexta-feira, 17 de outubro de 2025

EXERCÍCIO ETAP-C 25-4 EM BEJA

KC-390 da Esquadra 506 - Rinocerontes da Força Aérea Portuguesa à descolagem em Beja

Escassas duas semanas após a conclusão do exercício NATO Tiger Meet 25, a Base Aérea nº11 vai receber em Beja um novo exercício internacional, no caso o ETAP-C, ou Programa Europeu de Transporte Aéreo Tático – Curso.

Este exercício, direcionado especificamente para as aeronaves de transporte militar, está integrado no Programa de Transporte Aéreo Tático Europeu (ETAP), que foi desenvolvido com o objetivo de melhorar a capacidade operacional de transporte aéreo dos países europeus, promovendo uma maior interoperabilidade entre as nações cooperantes.

C-130H Hercules da Esquadra 501 - Bisontes da Força Aérea Portuguesa

Na quarta edição de 2025 do ETAP-C, a decorrer entre 19 e 31 de outubro, participam aeronaves e tripulações de sete forças europeias, nomeadamente Portugal (C-130 da Esq. 501 e KC-390 da Esq. 506), Bélgica, Luxemburgo e Alemanha (A400M), França (CN235), Itália e Polónia (C-130).

O curso visa fornecer às tripulações participantes, um curso abrangente de táticas de transporte aéreo, ampliar a capacidade de atuação em cenários complexos e aumentar a sobrevivência em ambiente operacional hostil.


Desde 2015 que Portugal, e Beja em particular, vem acolhendo exercícios promovidos pelo European Air Transport Fleet (EATF), que foram evoluindo ao longo dos anos, nomeadamente o EATT, ETAP-T e agora ETAP-C.

O ETAP-C 25-4 marca também a estreia da Esquadra 506 com o KC-390, em exercícios direcionado especificamente para táticas de aeronaves de transporte.






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