sábado, 20 de dezembro de 2025

NOVA ERA NA FORÇA AÉREA PORTUGUESA - Do Espaço à 6ª Geração

A substituição do F-16 MLU da Força Aérea Portuguesa é um dos temas centrais da modernização da FAP

Em entrevista ao Diário de Notícias publicada na sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), General Cartaxo Alves faz um retrato do momento de profunda transformação que se vive no ramo aéreo das Forças Armadas Portuguesa. Ao mesmo tempo, a diretiva de planeamento estratégico para o horizonte 2024-2034 estabelece um roteiro ambicioso que visa elevar Portugal a um novo patamar de autonomia. Este plano integra capacidades espaciais sem precedentes, drones de alta performance e a preparação crítica para a sucessão da frota F-16, consolidando o conceito de poder aeroespacial português.

O Fim da Era F-16 e o Horizonte da 6.ª Geração

Um dos anúncios mais aguardados foi a confirmação de que a decisão sobre a substituição dos F-16M deverá ocorrer durante o ano de 2026. Após mais de 30 anos de serviço, o General alerta que o processo começou tarde, mas que o foco agora é a conectividade total. Para a transição, a FAP planeia uma abordagem em duas fases. Embora o F-35 surja como a escolha natural de 5.ª geração pela sua interoperabilidade na NATO, o General já olha para a 6.ª geração, que introduzirá tecnologias disruptivas como armas de energia dirigida. O Investimento estima-se entre 3000M e 4800M EUR, para a aquisição de 14 a 28 novas aeronaves, a ser enquadrado na Lei de Programação Militar. A quantidade de aeronaves de 5ª geração a adquirir dependerá da participação num programa de 6ª geração. Abre a porta a ter dois caças de gerações diferentes em operação simultaneamente.

Portugal como Potência Espacial: A Constelação do Atlântico

Pela primeira vez, a Força Aérea assume o Espaço como um domínio operacional crítico. O programa espacial, sediado no novo Space Technological Hub em Alverca, prevê lançamentos imediatos, com dois satélites em fevereiro e abril de 2026, totalizando quatro até ao final do ano, para uma capacidade final de oito satélites até 2028 (em parceria com a Finlândia e o programa SAFE da UE). Estes satélites terão por missão a observação da Terra, com radares de abertura sintética (resolução de 25cm) para vigilância militar, controlo de pescas e monitorização ambiental, com capacidade de revisita de apenas 30 minutos.

Drones e a Modernização da Vigilância (ISR)

A experiência colhida nos conflitos internacionais (Ucrânia e Médio Oriente) recentes acelerou a integração de sistemas aéreos não tripulados na estrutura da Força Aérea. Através de parcerias com a indústria nacional, a instituição irá receber dois novos sistemas de vigilância e reconhecimento AR5 da Tekever ainda este ano, de um total de oito, estando paralelamente a decorrer o desenvolvimento de um drone de maior dimensão, com cerca de 20 metros de envergadura, capaz de permanecer em operação por períodos de 12 a 16 horas, com capacidades de conectividade superiores. Aquisição de sistemas anti-drone para todas as bases.

Este reforço tecnológico é acompanhado pela modernização da rede de radares terrestres, datados atualmente da década de 80, que serão substituídos por sistemas de última geração capazes de detetar ameaças complexas como mísseis de cruzeiro e drones com reduzida assinatura radar.

Reforço de Meios e Recuperação de Frotas

O cumprimento da meta de 2% do PIB para a Defesa permitiu uma "lufada de ar fresco" financeira. À FAP coube um aumento de cerca de 170M EUR no orçamento, dos quais 60M EUR aplicados na opção de aquisição do sexto KC-390 e os restantes 110M EUR na recuperação de sistemas, aquisição de sistemas de radar, drones e capacidade espacial.

O programa KC-390 está já consolidado com três aeronaves operacionais e a aquisição de uma sexta célula, com o intuito de aumentar a capacidade de transporte no âmbito da NATO. 

A frota de helicópteros Black Hawk conta cinco aeronaves integradas, com o objetivo de nove até ao final de 2026. Estes helicópteros já estão a ser certificados para operar em 24 heliportos hospitalares. 

A frota P-3C CUP de patrulhamento marítimo será aumentada de 5 para 11 aeronaves (via protocolo com a Alemanha), com modernização focada na conectividade em tempo real. Início da segunda fase de modernização da frota.

Programa de investimento na Defesa SAFE europeu

O programa prevê um investimento de aproximadamente 180M EUR para a Força Aérea. Este valor não se destina à compra de aeronaves, mas sim ao reforço da infraestrutura de defesa e vigilância, focando-se em quatro eixos:

Radares de última geração: Substituição dos sistemas da década de 1980 por tecnologia capaz de detetar mísseis de cruzeiro e drones.

Sistemas de Defesa Aérea: Aquisição de mísseis terra-ar de médio alcance.

Drones: Reforço das capacidades de vigilância e reconhecimento.

Capacidade Espacial: Aquisição de quatro satélites.


O Pilar Humano: Recorde de Formação

Apesar dos desafios de retenção no passado, o General Cartaxo Alves destaca uma inversão de tendência em 2025, com saldo positivo pela primeira vez em anos. Entram mais militares do que saem (saldo de +240 em 2025). Em instrução atingiu-se uma marca histórica com 1300 militares em formação atualmente, o dobro da média da última década. Maior estabilidade com 67% do efetivo (cerca de 6300 militares) pertence agora ao Quadro Permanente, garantindo a especialização necessária para operar sistemas de alta tecnologia. No entanto, o General admite que ainda existe um défice de aproximadamente mil militares em relação ao quadro previsto, um caminho que continuará a ser percorrido através da valorização da carreira e do reconhecimento do trabalho militar.


Incentivos e Apoio à Família Militar

A inversão da tendência de queda nos efetivos é atribuída a um conjunto integrado de medidas que vão além dos ajustes salariais. O General destaca que o nível tecnológico da FAP é um forte atrativo para jovens engenheiros que procuram trabalhar com sistemas de complexidade inigualável no mundo civil. Somam-se a isto melhorias nas infraestruturas e condições de trabalho, bem como um reforço no apoio social. A assistência médica nas bases aéreas foi alargada às famílias e filhos dos militares, e a questão da habitação junto às unidades tem sido fundamental para garantir estabilidade. O próximo passo deste processo de valorização será a revisão do regime de reformas, tema que está a ser articulado com a tutela.


Visão Estratégica para 2035 e o Futuro do Combate em Rede

Projetando a Força Aérea para a próxima década, o General Cartaxo Alves antevê uma instituição de elite, reconhecida internacionalmente pelo seu sucesso na integração entre o ecossistema militar e o civil, especialmente na área espacial. O futuro do combate aéreo será definido pela cooperação entre meios tripulados e não tripulados. O CEMFA explica que a sexta geração de caças operará em "enxames", onde uma aeronave tripulada será escoltada por vários sistemas não tripulados coordenados, capazes de proteção e ataque de precisão. Esta visão sublinha que, embora a tecnologia seja o garante da sobrevivência no campo de batalha, ela serve o propósito último de defender a paz e a soberania nacional através de militares altamente preparados e motivados.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

SUPER TUCANO CHEGAM A BEJA





Depois da entrega oficial em Alverca, dos primeiros A_29N Super Tucano à Força Aérea Portuguesa,  no dia de ontem, 17 de dezembro de 2025, quatro das células voaram hoje até à sua nova "casa" na Base Aérea nº11, em Beja.

Entre as 11h00 e as 11h15 sensivelmente, foram aterrando os quatro monomotores na pista 19R da BA11. Curiosamente, foi possível observar que as aeronaves envergavam novamente, as matrículas temporárias com que chegaram a Portugal, a saber: PT-CYV, PT-CVN, PT-CUS e PT-CYU.

Os A-29 no FlightRadar24 em rota de Alverca para Beja

Tal como referido na peça sobre a cerimónia de receção, as aeronaves irão para já ser integradas na Esquadra 101 - Roncos, e foram recebidas com a habitual saudação com canhões de água, momento  partilhado nas redes socias pela Força Aérea.

Foto: FAP

Foi também possível já observar, a anterior geração (TB-30 Epsilon) e a nova geração (A-29N Super Tucano) da Esquadra 101, a coabitar no mesmo espaço.







quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

FORÇA AÉREA RECEBEU OFICIALMENTE OS PRIMEIROS A-29N SUPER TUCANO [M2670 - 93/2025]

A Embraer entregou hoje os cinco primeiros A-29N Super Tucanos à Força Aérea Portuguesa (FAP) durante uma cerimônia realizada nas instalações da OGMA em Alverca, na presença de autoridades civis e militares e executivos da Embraer e convidados. A entrega ocorre um ano e um dia depois da assinatura do contrato de aquisição.

Integrado na mesma cerimónia, o Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e o presidente da Embraer SA, Bosco da Costa Júnior assinaram uma carta de interesse, com vista à instalação de uma fábrica de aeronáutica, em Beja. A futura unidade terá capacidade para o fabrico de aviões A-29N Super Tucano em Portugal. A edificação desta fábrica vai gerar emprego qualificado, com melhores salários, beneficiando a economia e a indústria portuguesa. As aeronaves produzidas nessa linha de montagem deverão atender a futuras necessidades do Estado Português e eventual procura de outras nações europeias, por meio de negociações governo a governo, contribuindo para o fortalecimento da base industrial de defesa em Portugal e na Europa.





Quanto aos 12 Super Tucanos, dos quais cinco foram hoje oficialmente entregues à FAP, trata-se de investimento de 200M EUR na modernização da Força Aérea Portuguesa, dos quais 75M serão aplicados na indústria nacional, através de um conjunto de empresas que farão o “upgrade”, reconfigurando os aviões para as exigências e os padrões técnicos da NATO.

Falamos de uma nova capacidade de ataque aéreo ao solo, com provas dadas, para apoio às Forças Nacionais Destacadas. Mas falamos também de novos cenários. O Super Tucano oferece agora a possibilidade de desempenhar missões de luta anti-drone, comprovando a flexibilidade da aeronave escolhida pela Força Aérea. Sublinho escolhida ‘pela Força Aérea’, com decisões políticas apoiadas em pareceres técnicos”, afirmou Nuno Melo.


Além da instrução de pilotagem, os A-29N Super Tucano fabricados pela empresa brasileira Embraer SA, vão levar a cabo missões de apoio aéreo próximo para operações conjuntas e ou combinadas. Portugal será o primeiro país a europeu a voar a nova versão desta aeronave. Também está previsto que a formação e o treino de pilotos sejam feitos em Portugal.


A decisão do governo é mais um passo no reequipamento das Forças Armadas, estimulando a criação de indústria em Portugal. Só em 2025 nasceram 60 novas empresas nas indústrias de defesa (IDD), captando cada vez mais jovens para o interior do país.

Com configuração NATO, Portugal torna-se o primeiro operador europeu e mundial desta versão. Os A-29N reforçam capacidades como o apoio aéreo próximo em operações conjuntas e/ou combinadas e missões de luta anti-drone.

Segundo o Ministério da Defesa Nacional, este marco representa também um contributo relevante para a indústria nacional, com impacto no emprego qualificado, na economia e na autonomia estratégica de Portugal.


Nos próximos dias, os A-29N seguem para a Base Aérea N.º 11, em Beja, onde irão integrar para já a Esquadra 101.
Fontes: MDN, Embraer e FAP
Adaptação: Pássaro de Ferro 



sábado, 6 de dezembro de 2025

BLACK HAWK PARA EMERGÊNCIA MÉDICA APROVADOS PELA UE

Sikorski UH-60 Black Hawk da Esquadra 551 da FAP
A compra de quatro helicópteros Black Hawk adicionais para a Força Aérea Portuguesa (FAP), anunciada pelo ministro da Defesa Nuno Melo, no Parlamento há cerca de um mês atrás, recebeu aprovação da União Europeia. A revelação foi feita na reportagem transmitida ontem 5 de dezembro de 2025 no programa Exclusivo, da TVI.

A incerteza pairava sobre a fonte de financiamento até esta quinta-feira, quando o Ministério da Defesa Nacional (MDN) confirmou que Bruxelas aprovou a canalização de verbas remanescentes do PRR, para este fim.

O MDN e a FAP enfrentam, ainda assim, uma corrida contra o tempo, para concretizar a aquisição destes quatro helicópteros Sikorsky UH-60 Black Hawk, com capacidade para a realização de missões de emergência médica. O sucesso da operação é crucial para evitar a perda dos fundos comunitários provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no valor de 32M EUR.

Apesar da garantia do financiamento agora conseguida, o processo legal e contratual ainda carece no entanto de formalização, além da concretização da compra até ao prazo inflexível de 31 de agosto de 2026.

Fontes oficiais da FAP indicam que já foi realizada uma consulta informal à ACE Aeronautics, LLC – a empresa que forneceu os últimos aparelhos – para confirmar a disponibilidade de células que possam ser entregues dentro deste período. A ausência de aeronaves disponíveis no mercado inviabilizaria a candidatura e resultaria na consequente perda das verbas.

A Esquadra 551 - "Panteras" da FAP recebeu até ao momento cinco, de nove helicópteros Black Hawk, também eles financiados pelo PRR, em dois lotes distintos. A presente aquisição elevará o número total para treze aparelhos.

A revelação da intenção de compra deste terceiro lote de helicópteros Black Hawk para a Força Aérea, recebeu inúmeras críticas inesperadas, desde alegada impossibilidade de aterrar nos heliportos hospitalares nacionais, à falta de condições para o transporte de doentes, incluindo até o ruído (!).

Argumentos na sua grande maioria a roçar o absurdo, sobretudo tendo em conta que se trata do mesmo tipo de aparelhos que durante o verão passado realizaram inúmeras missões de emergência médica, enquanto a empresa concessionária dos transportes aéreos para o INEM, não conseguiu assegurar os serviços. Já para não referir que o Black Hawk é o helicóptero padrão de inúmeras forças armadas por todo o mundo, para a realização de resgates e evacuações médicas de combate, com enorme sucesso.

Segundo a  Força Aérea, os Black Hawk podem operar em 24 heliportos hospitalares e 112 locais próximos de unidades de saúde. Mesmo a ANAC acabaria por esclarecer que o parecer que classificava os Black Hawk como inadequados para a maioria dos heliportos hospitalares, se referia a "voos civis, e não militares".

Acresce ainda dizer que os Black Hawk da Esquadra 551, têm por missões primárias o combate a incêndios rurais e a mobilidade aérea, podendo realizar transportes médicos em complemento aos meios do INEM, tal como sucedeu entre julho e outubro do corrente ano, ou sempre que necessário, como em situações de catástrofe ou de algum modo anómalas. 

Fica portanto por confirmar agora, a disponibilidade de helicópteros no mercado, que possam ser entregues até ao final de agosto de 2026, para que o aumento da frota de Black Hawk da FAP seja concretizado.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

ABERTO CONCURSO PARA BLACK HAWK DO EXÉRCITO

UH-60 Black Hawk
O concurso para a dotação de helicópteros Black Hawk para a Unidade de Helicópteros de Apoio, Proteção e Evacuação (UHAPE) do Exército Português foi finalmente lançado, ontem 4 de dezembro de 2025, através da plataforma NATO Support and Procurement Agency (NSPA), com 29de janeiro de 2026, como data limite para entrega das propostas. 

A documentação do concurso solicita propostas para três helicópteros recondicionados na variante mínima UH-60L, com opção contratual para uma quarta aeronave. O orçamento aprovado para esta compra ascende a 40,8M EUR, verba que foi autorizada em outubro de 2024.  

Além das aeronaves e pacote de sobressalentes para 480 horas de voo cada, o Caderno de Encargos prevê ainda equipamento de combate a incêndios e kit de evacuação médica.

Para operações táticas, suportes internos para metralhadores tipo M3M e M240, kit para montagem externa de armamento EGMS (para metralhadoras ou rockets), blindagem para cabine e cockpit e sistema FRIES para fast rope.

Do contrato constam ainda formação para pilotos e técnicos,  tanque de combustível interno auxiliar, sistemas de suporte em terra, documentação técnica e assistência técnica durante um ano. 

O programa de entregas será faseado com a primeira entrega prevista para o 3º trimestre de 2026 e a última no 2º trimestre de 2028.



quinta-feira, 27 de novembro de 2025

AVANÇA ATUALIZAÇÃO DOS P-3 EX-ALEMÃES

P-3C CUP II ex-Marineflieger alemã

O Ministério da Defesa autorizou a Força Aérea Portuguesa (FAP) a realizar despesa com a atualização de cinco aeronaves de patrulhamento marítimo P-3C CUP II adquiridas à Alemanha em 2023. A medida visa garantir o cumprimento de requisitos operacionais essenciais da NATO e reforçar a vigilância no espaço marítimo nacional.

O Despacho assinado a 20 de novembro pelo ministro da Defesa, Nuno Melo, formaliza o investimento de 24M EUR a ser distribuído entre 2025 e 2028, financiado através de verbas da Lei de Programação Militar. 

A modernização é considerada urgente, uma vez que as aeronaves P-3 Orion são fundamentais para missões de busca e salvamento, vigilância e reconhecimento, guerra antissubmarina e antissuperfície, além do cumprimento de compromissos internacionais no âmbito da NATO.

As modificações, a serem implementadas em cinco das seis aeronaves adquiridas à Marinha Alemã em 2023, visam uniformização de equipamentos com a restante frota de P-3C CUP+ já ao serviço da Esquadra 601, nomeadamente o Link16 Crypto Modernization, o Automatic Identification System e atualização do sistema de acústicos.

O contrato de aquisição das seis células P-3C CUP II da Marineflieger abrangia também kits de modernização MLU, que incluem reforços estruturais das asas, mas aparentemente o programa de atualização ora aprovado não inclui nenhum tipo de trabalhos com tal relacionado. 

Considerações à parte, o que se pode depreender da decisão de atualizar cinco células CUP II, a adicionar às cinco CUP+ também recentemente alvo de atualização de sistemas, é que haverá a intenção de colocar operacional uma frota de uma dezena de Orion.



terça-feira, 25 de novembro de 2025

PORTUGAL IRÁ EMPRESTAR KC-390 e C-130 À ÁUSTRIA

KC-390 da Esquadra 506 da Força Aérea Portuguesa

As Forças Armadas Austríacas (Bundesheer) iniciaram o processo de renovação da sua frota de transporte aéreo, desativando o primeiro dos seus antigos C-130 Hercules. Para garantir a capacidade integral de transporte aéreo durante o período de transição, a Áustria assegurou entretanto uma cooperação estratégica com Portugal, que envolve o empréstimo de aeronaves da Força Aérea Portuguesa, que serão essenciais até que o Bundesheer receba os primeiros C-390 Millennium, o que está previsto para 2028.

A Ministra da Defesa austríaca, Klaudia Tanner, justificou a desativação do primeiro C-130 por razões de custo operacional, afirmando que "estender a vida útil da aeronave custaria significativamente mais do que a variante de empréstimo com Portugal, para o período até a chegada do primeiro C-390 Embraer, em 2028." Os dois C-130 restantes da frota austríaca devem permanecer em serviço até 2030, quando a renovação da frota de transporte estará previsivelmente concluída.

C-130H Hercules da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa

A parceria com Portugal assume a forma de uma variante de empréstimo, que abrange tanto a frota C-130H Hercules (recentemente atualizada na OGMA) como o moderno KC-390 Millennium da Força Aérea Portuguesa,  recentemente entrado em serviço operacional. Segundo Daniel Kosak, Assessor Especial para Estratégia da Ministra da Defesa, a Áustria poderá acionar aeronaves de qualquer dos modelos, conforme a necessidade, até receber as suas próprias aeronaves C-390.

Além do empréstimo de aeronaves, a cooperação entre os dois países envolve também a formação de tripulações austríacas. Segundo o Gen. Vodosek, Chefe de Sistemas de Armas do Bundesheer, os pilotos austríacos realizarão qualificação nos C-130 portugueses. No que diz respeito ao C-390M, apesar do treino inicial ocorrer no Brasil, "alguns pilotos já estão a ser treinados no C-390M em Portugal". As tripulações mistas luso-austríacas também serão possíveis e destacadas como um "caso exemplar de cooperação internacional". 

Outro exemplo recente da cooperação entre os dois países, estende-se às asas rotativas, com o treino de tripulações dos helicópteros Black Hawk da Esquadra 551 - Panteras da FAP, com a sua congénere na Áustria.

A substituição permanente dos C-130 por C-390 na Áustria foi iniciada em 2021, com o contrato assinado em 2024 em conjunto com os Países Baixos, no âmbito de um acordo Governo a Governo. A Áustria receberá um total de quatro C-390 até 2030, com a entrega das duas primeiras aeronaves em 2028. 




sexta-feira, 21 de novembro de 2025

CEMGFA COM "ELEFANTES" EM MÁLAGA

C295M MPA da Esquadra 502 - Elefantes em Málaga, Espanha    Foto: Jose António Fernandez
 

O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), General José Nunes da Fonseca, acompanhado pelo Chefe de Estado Maior da Força Aérea, Gen, João Cartaxo Alves, realizaram uma visita ao Contingente Nacional empenhado na missão ÍNDALO 2025, no âmbito da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira - FRONTEX, em Málaga, Espanha.

 A visita incluiu uma deslocação ao hangar e à sala de operações do destacamento, onde foram observados os procedimentos e as capacidades empregues nas ações de vigilância, reconhecimento e busca e salvamento, pelos 18 militares e um avião  C295M (atualmente o n/c 16712)  da Esquadra 502 - "Elefantes".


A participação dos Elefantes, na Operação ÍNDALO aconteceu este ano em duas fases distintas, iniciando-se a 19 de março e estendendo-se até 11 de junho, para retomar novamente a 3 de setembro, com término previsto para 26 de novembro. 


Foto: Jose António Fernandez

O mês de outubro revelou ser de especial intensidade, com por exemplo três missões de vigilância realizadas no dia 19 e o avistamento no dia 24, de uma embarcação de fibra com mais de uma dezena de migrantes, incluindo jovens menores de idade, a navegar em direção ao sul de Espanha, na zona de Cartagena. Já no dia seguinte, seriam avistadas quatro embarcações em situação irregular, uma delas transportando um bebé. 

Todos os incidentes envolvendo estas pequenas embarcações, que por vezes percorrem mais de 200 quilómetros desde o norte de África, foram prontamente reportados à FRONTEX, à Guardia Civil e ao Centro de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) de Almería, em Espanha.

Foto: Jose António Fernandez

A missão ÍNDALO tem como objetivos principais o controlo das fronteiras marítimas externas da União Europeia, focando-se na salvaguarda da vida humana, na prevenção da migração ilegal e no combate ao tráfico de seres humanos, bens, armamento e outras atividades ilícitas. 


Agradecimentos: Jose António Fernandez





quarta-feira, 12 de novembro de 2025

EMBRAER AMPLIA CAPACIDADES ANTI-DRONE DO SUPER TUCANO

Ilustração do uso do sensor eletro-ótico na designação do alvo com laser, para guiamento dos foguetes  Imagem: Embraer

A Embraer anunciou o alargamento do portefólio de missões da sua aeronave A-29 Super Tucano, com a adição de capacidades de combate a ameaças modernas não tripuladas (contra-UAS) de forma eficaz e acessível. 

Continuamos a expandir as capacidades do A-29 para cumprir com as missões mais recentes enfrentadas por muitas nações ao redor do mundo”, declarou Bosco da Costa Junior, Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “Os desafios contínuos na guerra moderna e os conflitos recentes em todo o mundo demonstraram a necessidade urgente de soluções para combater SANTs. O A-29 é a ferramenta ideal para enfrentar sistemas aéreos não tripulados de forma eficaz e de baixo custo, somando-se ao já extenso conjunto de missões da aeronave, que inclui apoio aéreo próximo, reconhecimento armado, treino avançado e muitas outras.”

Aproveitando os recursos operacionais do A-29 e novos sensores, incluindo datalinks específicos para receber coordenadas iniciais e direcionamento de alvos, o sensor Eletro-ótico/Infravermelho (EO/IR) para rastreamento e designação a laser, bem como os foguetes guiados por laser e as metralhadoras .50 embutidas nas asas para neutralizar Sistemas Aéreos Não Tripulados (UAS, sigla em inglês) designados. O Conceito Operacional (CONOPS) definido pela Embraer permitirá que operadores atuais e futuros do A-29 adicionem missões de combate a Sistemas Aéreos Não Tripulados (SANTs) aos seus perfis operacionais sempre que necessário.

Entre as missões já incluídas no portefólio do A-29 Super Tucano estão:

Treino avançado de pilotos
Apoio Aéreo Próximo (Close Air Support, CAS)
Patrulha e interdição aérea
Treino de controladores aéreos avançados
Informação, Vigilância e Reconhecimento (IVR) armado
Vigilância de fronteiras
Escolta aérea

O anúncio da nova capacidade anti-drone do Super Tucano, surge numa época em que múltiplos países buscam soluções de baixo custo e eficazes para combater as ameaças que representam principalmente os drones-kamikaze, no moderno campo de batalha.

Nesse sentido, a aeronave da Embraer apresenta manutenção reduzida, para um elevado nível de fiabilidade, disponibilidade e integridade estrutural, com baixos custos de ciclo de vida, principalmente se comparado com plataformas mais complexas.

O Super Tucano foi selecionado por 22 forças aéreas em todo o mundo, sendo Portugal o primeiro cliente europeu, com a recente aquisição de uma dúzia de exemplares da nova variante A-29N Super Tucano, direcionada e adaptada aos padrões da NATO. 

Voos do A-29N Super Tucano PT-CYV observados no dia 10 de novembro de 2025

Durante os últimos dias, o Super Tucano com o registo temporário PT-CYV foi observado no radar virtual ADSB- Exchange a realizar o que parecem voos de teste. A entrega oficial das cinco primeiras aeronaves - que começaram a chegar à OGMA em Alverca desde agosto, para a receber os equipamentos específicos da nova variante - é esperada até ao final do ano. 



quarta-feira, 5 de novembro de 2025

PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DOS F-16 AINDA NÃO FOI INICIADO - diz o ministro da Defesa

F-16AM da Força Aérea Portuguesa

O Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, reiterou hoje, durante a audição sobre a apreciação na especialidade do Orçamento de Estado para 2026, que o processo formal de substituição da frota de caças F-16 da Força Aérea Portuguesa ainda não foi iniciado.

Em resposta a insistentes questões de um deputado sobre a aquisição de novos aviões de combate, nomeadamente os F-16, o Ministro adotou um tom sóbrio, sublinhando que a decisão final dependerá da avaliação do "melhor equipamento" disponível no "mundo livre", no momento oportuno.

Nuno Melo reconheceu a sua "declaração genérica e convicta" sobre a necessidade de reforçar o pilar europeu de defesa, citando as alterações geoestratégicas dos Estados Unidos no Indo-Pacífico e o apelo a que a União Europeia faça mais pela sua própria defesa: "Temos que produzir mais na Europa e temos que comprar mais na Europa e temos de produzir mais em Portugal e garantir que se compre mais em Portugal, e esta é a teoria geral."

Contudo, Nuno Melo estabeleceu uma clara ressalva: se a União Europeia não dispuser do "melhor equipamento" (...) "obviamente que também consideramos outras possibilidades de um lado e do outro do Atlântico."

Posto isto, o ministro da Defesa recusou endossar o apoio a qualquer modelo específico, seja ele o Gripen, o Rafale ou o F-35, face à ausência de um processo aberto, concluindo a sua clarificação afirmando categoricamente: "Dito isso, nada está excluído, mas nada está decidido."

Nuno Melo defendeu que a existência de "vários concorrentes" no mercado internacional, tanto na Europa como nos EUA, na verdade é "muito boa" porque "significa que o preço baixa e as contrapartidas não são dadas apenas por um [fornecedor]." O processo irá por isso "seguir o seu curso" no devido tempo, para garantir o melhor equipamento para a Força Aérea Portuguesa, ponderando "todas as outras circunstâncias que são atendíveis ao caso."



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