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domingo, 29 de setembro de 2024

HELICÓPTEROS BLACK HAWK DA FAP - Entrevista com CEO da ACE Aeronautics [M2534 – 78/2024]

UH-60A Black Hawk da Esquadra 551 da Força Aérea Portuguesa

A ACE Aeronautics venceu recentemente o concurso para o fornecimento de três helicópteros médios, adicionais aos seis adquiridos pelo Estado Português à Arista, que terão como missão primária o combate a incêndios florestais.

A ACE esteve contudo já envolvida no processo de modernização das seis células UH-60A Black Hawk adquiridas em 2022, nomeadamente nos trabalhos de modernização das células e instalação do moderno flight deck integrado Ace Deck G5000H.

As três células objeto deste segundo contrato são originalmente do modelo UH-60L, o que significa que a Força Aérea Portuguesa (FAP) irá operar estes dois modelos inicialmente diferentes. Motivo por isso para uma conversa com Rich Enderle (RE), presidente da ACE Aeronautics, com a revista online The Way of the Warrior (W), e que aqui hoje transcrevemos:

W: Sabemos que estes três helicópteros Black Hawk têm algumas diferenças em relação aos seis anteriores que a Força Aérea Portuguesa comprou à Arista Aviation. Pode explicar-nos as principais diferenças?

RE: "Os helicópteros anteriores eram aeronaves UH-60A, que possuem motores T700-GE-700 e uma caixa de transmissão padrão, o que lhes dá um limite de carga de gancho externo de 8000 libras [cerca de 3600 kg]. As novas aeronaves serão UH-60L, que passaram por uma remodelação completa no Depósito do Exército [dos EUA] em Corpus Christi, possuem motores T700-GE-701C/D e uma caixa de transmissão com durabilidade melhorada, que aumenta o peso bruto total da aeronave e o limite de carga do gancho para 9000 libras [cerca de 4000 kg]. Também estarão equipados com um radar meteorológico e provisão para um guincho externo."

W: O que significa este contrato para a Ace Aeronautics?

RE: "A Ace Aeronautics tem orgulho de ter vencido este concurso da FAP para fornecer as próximas três aeronaves para expandir a sua frota. Esta seleção prova que a nossa disponibilidade para ir mais além e tornar-se um parceiro de longo prazo da FAP, é o que torna a Ace Aeronautics especial."

W: O ACE Deck Garmin 5000 é uma grande atualização para estes helicópteros. Há até quem o considere muito superior ao cockpit digital atual do Exército dos EUA. Quais são as principais vantagens de usar este cockpit? E como vê a evolução deste cockpit num futuro próximo?

RE: "As principais vantagens do ACE DECK estão na área das aproximações IFR-certificadas GPS ILS-equivalentes, que o cockpit do Exército dos EUA não pode fazer; segurança, facilidade de uso, arquitetura aberta para adicionar novas capacidades e suporte a longo prazo. A Ace continuará a evoluir o núcleo do ACE DECK, tendo em mente que nem todos os clientes querem os recursos mais premium que poderíamos oferecer. Esta abordagem de 'ACE DECK base certificado + opções personalizadas' permite-nos oferecer uma resposta com melhor valor a todos os clientes, com soluções para clientes que têm requisitos únicos."


W: O número de países da NATO e aliados que usam o UH-60 está a aumentar todos os anos, e no lado civil vemos a mesma coisa. Gostaríamos de saber a sua opinião sobre o ponto logístico do UH-60. Quão vantajosas serão as aquisições passadas de seis e estes três novos UH-60 para a FAP?

RE: "O UH-60 Black Hawk é uma plataforma multifunções comprovada, que está a demonstrar as suas capacidades tanto no lado governamental como no civil. Com a alienação pelo Exército dos EUA, há uma grande quantidade de aeronaves que foram ou serão vendidas e colocadas em operação e também haverá aeronaves que serão desmanteladas para peças, para sustentar a frota operacional. As peças de ambos os modelos são na sua maioria intercambiáveis, exceto os motores atualizados e a transmissão melhorada no 60L."


Stock de células UH-60 Black Hawk da ACE Aeronautics    Fotos: ACE Aeronautics

W: Pelo que entendemos, tem uma vasta experiência a voar esta aeronave. Pode contar-nos um pouco sobre a sua carreira no Exército dos EUA e a sua experiência pessoal com o UH-60?

RE: "Depois de me formar no Curso de Aviador de Asas Rotativas do Exército dos EUA em 1980, frequentei o curso de transição UH-60 em 1982. Fui então selecionado para frequentar o Curso de Piloto de Testes da Manutenção do Exército mais tarde, nesse mesmo ano. Voei vários modelos do UH-60 (UH-60A, UH-60A+, UH-60L e MH-60L) durante os 27 anos seguintes, até à minha reforma em 2007. Operei a aeronave em numerosas operações de combate, enquanto membro do 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais. Na minha última missão como Comandante da Brigada de Logística do Centro de Aviação, fui responsável por uma frota de 85 aeronaves UH-60A/L que lançávamos três vezes por dia, para apoiar o treino diurno e noturno, dos futuros aviadores do Exército."

W: Este é um helicóptero muito conhecido pelo seu uso em Operações Especiais. Por que é que é o favorito destas unidades?

RE: "É uma aeronave multifunções testada em combate, que tem a redundância necessária para suportar uma gama completa de operações de combate, incluindo operações armadas, de assalto e a bordo de navios."

W: Estes helicópteros foram comprados principalmente para situações de combate a incêndios e emergências nacionais, em que os militares estarão envolvidos. Mas quão rapidamente poderiam ser equipados para operações de combate completas?

RE: "A aeronave pode ser rapidamente adaptada para operações de combate. Existem inúmeros kits disponíveis hoje em dia, que fornecem armamento, bem como proteção balística."


Kit de armamento aplicado num UH-60A da Ace Aeronautics       Fotos: Ken-Swartz/ACE

W: Uma situação que ocorreu este ano foram incêndios florestais na ilha da Madeira, com alguma dificuldade em mobilizar helicópteros adicionais. Sabendo que estes não são helicópteros totalmente marítimos, mas também que o Exército dos EUA os usa muito em operações a bordo de navios, poderia a FAP destacá-los em navios portugueses ou aliados, em caso de necessidade, sem danificar as aeronaves?

RE: "Absolutamente, esta aeronave é extremamente capaz de realizar operações sobre a água e existem procedimentos de manutenção em vigor para garantir a continuidade da aeronavegabilidade, com a exposição às operações em água salgada."

UH-60 dos Exército dos EUA a operar no navio da US Navy USS Billings   Foto: Justin Hovarter/US Navy

W: Temos visto grandes programas futuristas com o UH-60, incluindo até aeronaves não tripuladas. Quais são as suas expectativas em relação às atualizações do Black Hawk nos EUA nos próximos anos?

RE: "A aeronave continuará a ser um sistema de armas importante por muitos anos. O Exército dos EUA está a assinar um novo contrato plurianual com a Sikorsky Aircraft Company, para aeronaves UH-60M adicionais. O S-70M está a ser usado por bombeiros em todo o mundo, e a alienação do Exército [dos EUA] disponibilizará mais de 400 aeronaves para todo o mundo. Existem também múltiplos movimentos para desenvolver um UH-60 não tripulado, com Fly-By-Wire, mas ainda está em desenvolvimento. A Ace continuará a participar no desenvolvimento de novas formas de sustentar e apoiar a aeronave, independentemente da operação. O futuro é brilhante para esta aeronave."

W: Como é que a Ace Aeronautics vê o seu papel nestas futuras atualizações?

RE: "Estamos focados em apoiar a frota atual e melhorar a aeronave para o futuro, eliminando a obsolescência. Também estamos a focar-nos noutras plataformas e a expandir a nossa presença no mercado de asas rotativas."


Configuração final dos três UH-60L do contrato com a ACE Aeronautics LLC

- UH-60L Black Hawk, remodelados com Inspeção Fase 1 e 2 recentes, inspeção/remodelação de motores pela Mint Turbines, revisão do rotor principal e de cauda com colocação em estado "como novo" pela Aviation Blade Services; pintura customizada

-  Ace Deck G5000H Integrated Flight Deck.

 - Aviónicos de topo  RNAV/RNP(LPV), IFR approach charts georreferenciadas, controlos touch-screen, para consciência situacional  e facilidade de uso aumentadas

 - Comunicações satélite Iridium CONNEXT (voz, email, texto) e dados digitais em voo

 - Radar meteorológico a cores

 - Segurança acrescida com Synthetic Vision Technology™ e HTAWS.

 - Sustentação COTS com o apoio da rede mundial Garmin para sustentabilidade a longo termo e baixo custo do ciclo de vida.





segunda-feira, 8 de outubro de 2018

FORÇA AÉREA GERE MEIOS AÉREOS DE COMBATE A INCÊNDIOS EM 2019 (M2003 - 63/2018)

AT-802 Fire Boss alugados pela ANPC na Base Aérea nº11 em Beja


"Foi aprovada a resolução que define o modelo de transição do comando e gestão centralizados dos meios aéreos de combate a incêndios rurais.
Estabelece-se, desta forma, o modelo de identificação da tipologia de meios que devem constituir o dispositivo, considerando os meios próprios e permanentes do Estado, assim como os meios complementares.
Esta resolução vem dar execução a uma das decisões tomadas no Conselho de Ministros Extraordinário de 21 de outubro de 2017 e que definiu a alteração do modelo de prevenção e combate aos incêndios rurais."

É este o ponto 2 do comunicado do Conselho de Ministros da passada quinta-feira 4 de Outubro, que laconicamente delega na Força Aérea a responsabilidade de gerir os meios do Estado para o combate aos incêndios florestais.

Em resposta à agência Lusa, o Ministério da Administração Interna complementou o comunicado, com a informação de que a Força Aérea irá assumir a partir de 1 de Janeiro de 2019 "a posição contratual da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) e a responsabilidade na locação de meios aéreos referentes ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR)."

Esclareceu ainda que a FA irá receber os meios aéreos próprios do Estado (o que deverá significar os três AS350B3 e três Kamov Ka-32A11BC), pelos quais ficará responsável pela operação e manutenção. Passará também a ser a entidade responsável pela contratação de meios aéreos complementares adicionais.

Ainda segundo o mesmo comunicado do MAI, a ANPC continuará contudo a definir o dispositivo de meios aéreos necessário, o despacho de meios e o seu emprego em resposta aos incêndios.

Nos últimos anos têm sido contratados principalmente Canadair CL215/415, AT-802 Fire Boss e helicópteros médios Bell 212 e ligeiros AS350.

Recordamos que os três Kamov ex-EMA ainda operáveis, estavam concessionados à Everjets. O Estado acabaria no entanto por resolver o contrato em litígio com a concessionária, ditando o afastamento destes meios para a época de incêndios de 2018 e obrigando à contratação de outros tantos para assegurar helicópteros bombardeiros pesados, para o ano corrente.

Sobre a aquisição de meios aéreos próprios adicionais, nada mais foi avançado.






sexta-feira, 10 de novembro de 2017

GOVERNO PONDERA MANTER C-130 PARA COMBATE A INCÊNDIOS (M1937 - 74/2017)

C-130 da FAP em 1994 em demonstração do kit MAFFS de combate a incêndios

Durante o debate do Orçamento de Estado de 2018 o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, informou que além da aquisição dos  aviões de transporte KC-390 (com capacidade complementar para o combate a incêndios com calda retardante e água), está em estudo a possibilidade de manter a voar a actual frota C-130 - que está previsto ser substituída pelos KC-390 nas principais funções que desempenha actualmente na FAP - para ser usada no combate a incêndios.
O titular da pasta da Defesa adiantou que foi remetido o pedido "price and availability" à Força Aérea dos EUA, após concluídas as especificações técnicas, para a "modernização de cinco dos seis C-130" [NR: Um C-130 perdeu-se em acidente em Julho de 2016], de modo a prolongar o seu potencial de vida para além de 2025. A informação sobre o processo de MLU (mid-life upgrade) estará já em condições de poder ser submetida a decisão. Esta decisão terá em conta não apenas a intenção de usar as aeronaves para o combate a incêndios, mas também a expectativa da futura frota KC-390 estar operacional apenas em 2021.

Ainda a respeito do Orçamento de Estado para o sector da Defesa, o secretário de Estado da Defesa esclareceu que não está previsto a FAP realizar operações de combate directo a incêndios para 2018, dado que "é preciso ter consciência de que a capacidade de operação não se monta de um ano para o outro" e portanto para 2018 " a capacidade de operação não terá tradução orçamental".
Marcos Perestrelo admitiu contudo estar em avaliação "o tipo de operação que a Força Aérea poderá fazer na gestão centralizada e nas operações de comando e controlo" já para o próximo ano. Este tipo de participação já poderá implicar reforço de verbas "que terão de ser avaliadas a tempo de ter tradução orçamental" para 2018.
Relativamente aos helicópteros ligeiros de combate a incêndios pertencentes ao Estado (três AS350 Ecureuil), informou que a operação dos mesmos está contratada a privados até ao final da época de incêndios de 2018.

Não foi no entanto mencionado o destino da frota de Kamov Ka-32, também pertencente do Estado, concessionada a privados até 2019, em condições de operacionalidade limitada a três helicópteros, estando dois parados à espera de reparação e um acidentado sem possibilidade de recuperação.
A operação deste tipo de helicóptero pesado tem estado envolta em polémicas de vária ordem desde que foi adquirida em 2006, mormente no que respeita aos custos e problemas da manutenção.
A Força Aérea terá recusado em 2016 assumir a operação desta frota, sem o necessário reforço de meios humanos e materiais correspondente.

Oito helicópteros SA-330 Puma retirados do serviço operacional na FAP em 2010, estão também parados desde então, à espera de novo dono. Várias vezes têm sido falados como passíveis de ser reaproveitados para o combate a incêndios - pelo menos quatro a seis células em melhores condições - mas nunca uma decisão seria tomada no sentido de os reaproveitar para esse fim.

Em processo de aquisição estão cinco a sete helicópteros ligeiros para a FAP, que estão descritos virem a ter como missão secundária o combate a incêndios. A avaliação das propostas apresentadas pela Airbus Helicopters e Leonardo estava prevista terminar a 31 de Outubro. Contudo, face aos trágicos acontecimentos do mesmo mês e à evidência das vantagens do Estado possuir meios próprios de combate durante todo o ano, chegou a ser ventilada a hipótese deste concurso ser alterado, de modo a contemplar mais unidades. Oficialmente contudo, nada foi assumido oficialmente acerca do tema.

De fora do debate, ficaram ainda (e mais uma vez) meios anfíbios pesados, vulgarmente conhecidos como Canadair, consensualmente os mais eficientes e adaptados às características do nosso país. Normalmente duas a quatro unidades são alugadas para a época de incêndios, ficando a depender de países terceiros, sempre que é necessário reforço, que quase sempre ocorre tarde e com os gastos obviamente inerentes.

Finalmente, e apesar de ser irrealista começar em 2018 a empenhar a Força Aérea no combate directo a incêndio, ficou por estabelecer um prazo para a efectivação dessa promessa e tratar também a problemática dos meios humanos necessários para esse fim.

É certo que tempo poderá ainda ser curto, desde o anúncio da intenção de tornar a Força Aérea na principal entidade gestora dos meios aéreos de combate a incêndios, para ter elaborado um plano consistente, que defina todos os pontos em aberto, que permita ter uma estrutura eficaz, operacional e sustentável, no combate aos incêndios.
Mas espera-se que não suceda como em todas as promessas dos sucessivos Governos nas últimas décadas.
A gravidade das tragédias deste ano e a consciência de todos nós assim o exigem.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

PETIÇÃO PÚBLICA PARA O REGRESSO DA FORÇA AÉREA AO COMBATE AOS INCÊNDIOS - e outras reflexões (M1927 - 64/2017)

Canadair CL-415 da Força Aérea Espanhola

Se os trágicos acontecimentos de ontem tiveram algum lado positivo, foi o de mostrar claramente a falta que faz ao Estado dispor dos principais meios aéreos de combate aos incêndios em permanência, operados pela Força Aérea.
Conforme é publicamente sabido, as frotas de combate a incêndios alugadas para os meses de verão, foram desmobilizadas quase na sua totalidade, no final da época oficial de incêndios. Se esses meios pertencessem ao Estado, continuariam disponíveis para combater aquele que foi o “pior dia de incêndios do ano” – palavras da Protecção Civil.

Poderá até argumentar-se que o dia 15 de Outubro de 2017 foi um evento isolado e anormal e voltar a repetir o argumento de que “não compensa” adquirir helicópteros e aviões “para serem usados quatro meses por ano”. Este argumento repetido vezes sem conta, só pode ser proferido por quem não sabe, ou não tem interesse (que os meios aéreos sejam operados pelo Estado) e mente deliberadamente.

Todos os argumentos que sustentam esta teoria esbarram nas estatísticas: Portugal é o pais europeu com mais área ardida ano após ano e o único da bacia mediterrânica que não tem meios aéreos pesados próprios de combate a incêndios. Todos os anos são alugados a particulares, ou temos que esperar pela disponibilidade de países que os tenham, chegando quando os incêndios atingiram já proporções  gigantescas e aos quais obviamente também temos que pagar.
A título de exemplo, a Espanha, que amiúde cede meios aéreos ao nosso país, tinha em 1980 - quando foi criado o Grupo 43 da Força Aérea Espanhola que os opera, 236 mil hectares ardidos. Em 2015 este valor é menos de metade com 103 mil.
É por isso muito fácil estabelecer uma relação causa-efeito entre estes factos.




Existiu já uma proposta para dotar a Força Aérea Portuguesa de uma extensa frota de helicópteros, para prestar serviços às Forças Armadas (uso militar), Ministério da Saúde (evacuações médicas) e Ministério da Administração Interna (combate a incêndios). Esta proposta foi colocada de parte pela actual ministra da Administração Interna, quando a Força Aérea não aceitou o “presente envenenado”, que seria assumir todas as responsabilidades e custos dos serviços a prestar, conforme a ministra pretendia.

Relativamente aos aviões anfíbios de combate a incêndios (vulgo “Canadair”), que são inegavelmente os mais adequados ao nosso país, vários argumentos contrários à sua aquisição pelo Estado têm sido divulgados, mais uma vez por ignorância ou desonestidade deliberada: os Canadair continuarão a ser fabricados (como Viking Air)  e  podem mesmo realizar missões de vigilância marítima e busca e salvamento, o que os torna úteis durante todo o ano (modelo CL-415MP). Não há por isso razão objectiva nenhuma para que não devam ser adquiridos e operados pela Força Aérea.
Esta necessita no entanto, que sejam criadas as condições técnicas, humanas e financeiras para os operar com eficiência e de um modo sustentado. Propostas como a que a ministra fez, são de uma desonestidade intelectual gritante e sobre a sua motivação apenas se pode conjecturar. Não é viável que a FA passe a realizar o trabalho de três ministérios com o orçamento de um (cortado em cerca de 30% nos últimos anos).

Como nota de rodapé e ainda a ilustrar a falta de vontade da actual ministra da Administração Interna, em dotar o Estado de meios próprios, está o programa de aquisição de dois Canadair, iniciado pelo Governo anterior, que previa o financiamento das aeronaves com 85% de verbas da União Europeia. Este programa foi abandonado pelo actual executivo, nomeadamente pela actual titular do MAI.

Existe ainda o argumento de que “constitucionalmente a Força Aérea não pode realizar missões de protecção civil permanentemente”.
Em primeiro lugar, não se percebe qual o impedimento para alterar a Constituição nesse ponto, quando ao avaliar a anterior petição para o regresso da FA ao combate aos incêndios, TODOS os partidos políticos com assento parlamentar se declararam favoráveis e apenas uma maioria de 2/3 é necessária no Parlamento para uma revisão constitucional.
Em segundo lugar, a FA já realiza a missão de busca e salvamento em permanência, não se percebendo por isso qual a diferença de enquadramento legal desta missão de protecção civil, relativamente ao combate a incêndios.

Os meios aéreos do Estado não são seguramente a única medida a tomar, para mitigar o flagelo dos incêndios florestais. Mas são obviamente (e como ficou claro no dia de ontem) o meio mais importante e eficaz de lhes fazer frente. Sem eles, os grandes incêndios simplesmente só param quando as condições naturais deixarem.
E há que acabar com os interesses de quem lucra com a “industria dos fogos”, inúmeras vezes denunciados na comunicação social.

O Pássaro de Ferro ajudou a divulgar com sucesso uma primeira petição para o regresso da Força Aérea ao combate activo a incêndios, que foi entregue com mais de 32 mil assinaturas e avaliada no Parlamento a 29 de Março de 2017. Apesar do consenso de, como referido, todos os partidos políticos na sua utilidade, (ver sessão de plenário às 2h45min) nada de prático daí saiu.

O mesmo promotor dessa petição - um cidadão anónimo e independente de qualquer partido político, voltou a lançar uma nova petição exactamente com o mesmo objectivo - dotar a FA de meios para combate a incêndios.

Pode questionar-se a utilidade de uma segunda petição, quando a primeira teve resultados práticos quase nulos. À falta de melhor meio de fazer valer a vontade popular,  servirá para responsabilizar a classe politica, dando-lhe uma oportunidade inequívoca de fazer alguma coisa para acabar com os interesses instalados e melhorar os meios e a prontidão do combate aos incêndios. Serve ainda para manter a opinião pública atenta e evitar que o assunto fique esquecido durante mais oito meses, até que comece outra época de tragédias.

Se necessário for,  leva-se o assunto ao Parlamento quantas vezes for preciso até produzir resultados.
Pela insistência também se ganham batalhas.


Fica o link para a petição à discrição de quem assim o quiser assinar e divulgar.
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT85971


quarta-feira, 19 de março de 2014

EMA CONTINUA EM 2014 (M1480 - 95PM/2014)

Kamov Ka-32 da "extinta" EMA

Orçamento do Estado prevê transferência de verbas para a Empresa de Meios Aéreos. São 27 milhões para 40 funcionários e 6 Kamov.

Vinte e sete milhões de euros para pagar a cerca de 40 funcionários e manter seis helicópteros pesados Kamov. A avaliar pelo Orçamento do Estado para 2014, ainda não é desta que a Empresa de Meios Aéreos (EMA) fecha - apesar de a extinção ter sido anunciada com pompa e circunstância pelo governo há já dois anos. Na altura, o ministro da Administração Interna garantia que o desaparecimento da empresa criada para gerir os aviões do Estado permitiria uma poupança de 7 milhões de euros - contabilizando despesas relacionadas com funcionamento, rendas, equipamentos e ordenados. A partir do Peso da Régua, Miguel Macedo explicou que a extinção da EMA seria uma forma de "poupar dinheiro dos impostos dos contribuintes, sem pôr em causa da capacidade operacional dos meios aéreos".

Dois anos depois, boa parte das competências da empresa já transitaram para a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e a EMA ainda só não foi extinta porque o governo não se consegue livrar da manutenção dos helicópteros Kamov: já foram lançados concursos, mas não tem havido empresas interessadas no negócio. Os problemas começaram quando Miguel Macedo decidiu alterar o modelo da contratação, manutenção e aluguer dos aviões do Estado. Na prática, os concursos deixaram de ser anuais e foi lançado um procedimento concursal a cinco anos, dividido em vários lotes - sendo que um deles englobava apenas os helicópteros russos. Assim que todos os concursos estivessem resolvidos, a EMA seria extinta. Acontece que ninguém quis pegar na manutenção dos Kamov e em Agosto deste ano, para tentar contornar a situação, o governo autorizou a ANPC a abrir um novo concurso para o triénio 2014/2017.

Caso não apareçam interessados, dizia uma resolução publicada em Diário da República, o Ministério da Administração Interna (MAI) poderá recorrer a um "ajuste directo". A mesma resolução autorizava ainda uma transferência de 7,8 milhões de euros para que a EMA se pudesse manter até Dezembro deste ano. Agora, com uma verba de 27,5 milhões de euros inscrita no Orçamento do Estado de 2014, é certo que a EMA se manterá mais um ano. Com cerca de 40 funcionários e a responsabilidade única de gerir uma frota de seis Kamov - sendo que metade dos helicópteros têm estado parados devido a avarias e acidentes.

Fonte: Jornal i

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

GOVERNO ANUNCIA REFORÇO NOS MEIOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS (M883 - 56PM/2012)


Teve finalmente um fim no passado dia 15 de fevereiro de 2013, a polémica com o concurso para a contratação de 25 helicópteros ligeiros de combate aos incêndios florestais. O resultado estava em suspenso por alegadas falsificações de documentos apresentados a concurso pela Everjects, que agora foi pronunciada vencedora, com uma proposta 1,4M EUR mais barata que a concorrente HeliPortugal.
O contrato a celebrar terá o valor aproximado de 40M EUR, para a operação dos referidos helicópteros durante os próximos cinco anos. De fora ficam ainda os helicópteros bombardeiros pesados Kamov Ka-32, cujo concurso não despertou o interesse de operadores nacionais nem internacionais e cuja operação é para já incerta.
Entretanto e já durante o fim de semana, o Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, anunciou durante a inauguração do quartel general dos bombeiros de Favaios, que as operações de combate a incêndios florestais vão ser reforçadas com novos meios aéreos e que o novo dispositivo de combate a incêndios irá ser apresentado durante as próximas. Garantiu ainda não ir haver nenhum corte nas estruturas de proteção civil, estando inclusive previsto esse acréscimo de "cinco ou seis meios aéreos".


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