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A Força Aérea Portuguesa está a garantir a segurança dos céus sobre e ao redor da Estónia, no âmbito da missão Baltic Air Policing da NATO.
A última rotação de pilotos de caça e equipas de apoio chegaram à Base Aérea de Ämari no final de maio, substituindo o destacamento português anterior que iniciou funções em abril. Assumiram a responsabilidade por quatro caças F-16M Fighting Falcon, marcando a primeira vez que aeronaves portuguesas operaram a partir da Estónia.
Dado que os Estados Bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia – não possuem caças supersónicos capazes de realizar interceções, os Aliados da NATO fornecem aeronaves numa base rotativa. A missão Baltic Air Policing, sediada na Lituânia, com um destacamento adicional na Estónia, permanece em prontidão para responder a anomalias no tráfego aéreo. Estas podem incluir aeronaves civis que perderam comunicação com os controladores de tráfego aéreo ou aeronaves militares russas que recusam identificar-se ou responder a contactos.
Intercepção de um Il-20 russo sobre o Báltico pelo F-16 E-191 com a pintura comemorativa dos 800 anos da bandeira dinamarquesa
A Real Força Aérea Dinamarquesa (Forsvaret) accionou o alerta de defesa (Quick Reaction Alert - QRA) ao espaço aéreo dinamarquês, no passado dia 30 de Setembro de 2019.
Nada de muito anormal, não fora um dos caças enviados para a intercepção ao Il-20 russo que despoletou a situação, por voar sem plano de voo, nem transponder ligado sobre o mar Báltico, ser realizada pelo colorido F-16 n/c E-191, adornado este ano com uma colorida pintura especial, comemorativa dos 800 anos da bandeira dinamarquesa.
Para além de divulgar as imagens do encontro, a Forsvaret aproveitou a ocasião para revelar mais dados acerca da missão de policiamento aéreo, realizada pelos seus F-16 a partir de Skrydstrup, nomeadamente as estatísticas de accionamento do alerta (scramble) real, compiladas na seguinte tabela:
"Temos anos em que há mais voos e anos em que há menos, mas no geral o número de activações do nosso QRA é realmente bastante constante", diz a propósito o brigadeiro-general Karsten Fledelius Jensen, chefe do Centro Nacional de Operações Aéreas da Real Força Aérea Dinamarquesa.
Na maioria das vezes, os "clientes" são aeronaves militares russas a voar em espaço aéreo internacional. Quando estes patrulham o Báltico, geralmente traçam as rotas em torno do espaço aéreo dos países vizinhos - por outras palavras, em espaço aéreo internacional. À medida que se movimentam contudo, os alertas das várias nações são activados - e, portanto, também os dinamarqueses.
Quando não se trata de aeronaves militares russas, são normalmente aeronaves civis de maiores ou menores dimensões, para as quais o alerta pode ser activado, se perderem as comunicações de rádio ou tiverem problemas com, por exemplo, o trem de aterragem.
A tarefa também pode ser seguir uma aeronave civil até um local de aterragem adequado se, por exemplo, eles tiverem problemas com os equipamentos de navegação.
Na maioria das vezes, isto ocorre sobre o Mar Báltico, mas também pode suceder aeronaves não identificadas descerem ao longo do limite do espaço aéreo norueguês pelo Mar do Norte. Quando isso acontece, o QRA dinamarquês também entra em acção.
Infracções verdadeiras ao espaço aéreo dinamarquês contudo, raramente acontecem. As violações efectivas do espaço aéreo são pouco frequentes.
Já os vôos militares russos, geralmente ocorrem sem os transponders ativados (sistema que os torna visíveis e os identifica para o tráfego comercial), o que significa que o tráfego aéreo regular não os pode identificar, representando por isso uma ameaça à segurança de voo, tal como comenta Karsten Fledelius Jensen:
"Quando o QRA segue aviões russos sobre o mar Báltico, às vezes é também uma questão de garantir que o tráfego na área seja visível a todos", referiu a propósito, para depois elaborar:"houve situações no passado em que o tráfego civil estava em risco porque não podiam "ver" os aviões russos. O nosso QRA voa com os transponders ligados, por isso temos certeza que seremos vistos. É disso que trata o nosso trabalho".
A Protecção Civil da Lourinhã emitiu ontem um comunicado à população, através da sua página de Facebook, informando que "o forte estrondo que se fez sentir às 15h30, foi originado por manobras de dois aparelhos F-16 da Força Aérea Portuguesa, sediados na Base Aérea de Monte Real, que sobrevoavam o nosso território em missão de treino."
Dado que a passagem ao voo supersónico, que causa este tipo de fenómeno, denominado "sonic boom" está em condições normais limitada a voos sobre o mar, precisamente para evitar transtornos e inquietação das populações, é possível que a referida "missão de treino" tenha na verdade sido uma missão real, situação na qual os caças de alerta estão autorizados a passar a barreira do som sobre terra.
Coincidência ou não, ontem mesmo, bombardeiros B-1B da Força Aérea dos EUA, realizaram uma missão de treino de ida e volta desde Ellsworth no Dacota do Sul, até à Jordânia no Médio Oriente, com passagem pela Área de Controlo Aéreo portuguesa.
2 USAF B-1B bmbrs (cs Mytee11flt) flew this morning from Ellsworth AFB direct Mdtrn Sea via AR20 4649n3052w Gunti. pic.twitter.com/kU6FIjJDH1
Embora também seja possível os F-16 terem passado a barreira do som acidentalmente, é verosímil que o boom sónico sobre a Lourinhã, tivesse acontecido numa intercepção aos bombardeiros estratégicos da USAF.
Apesar de se tratar de aeronaves de um país aliado, ao contrário dos bombardeiros russos que nos últimos anos têm visitado a costa portuguesa, caso não tenha havido uma adequada comunicação do plano de voo (ou este não ter sido cumprido), a parelha de F-16 de alerta da Força Aérea Portuguesa em Monte Real é accionada para identificar e acompanhar, qualquer tipo de aeronave.
A Protecção Civil da Lourinhã apelou à calma da população e solicitou que qualquer situação anómala causada pelo episódio lhe seja reportada, para articulação com a Força Aérea.
Mirage 2000-5F da Esquadrilha das Cegonhas e os "Blackjack" russos
O Armée de L'Air (Força Aérea Francesa), divulgou já imagens de dois bombardeiros russos Tupolev Tu-160, interceptados esta tarde no Golfo da Biscaia.
Antes ainda foram seguidos pelas parelhas de alerta da Royal Air Force em Lossiemouth e Coningsby (Typhoon FGR4), quando contornavam o norte da Escócia e costa ocidental da Irlanda.
Imagens da intercepção pela RAF
Os bombardeiros estratégicos supersónicos da Força Aérea Russa, conhecidos no Ocidente como "Blackjack", inverteram a rota já no Golfo de Biscaia, acompanhados por uma parelha de alerta francesa, constituída por dois Mirage 2000 da famosa "Esquadrilha das Cegonhas".
Um avião tanque KC-135 francês esteve também afecto à operação de intercepção e acompanhamento, de modo a prestar apoio aos dois caças, na eventualidade dos bombardeiros se demorarem tempo superior à autonomia dos Mirage. O mesmo havia já sucedido no Reino Unido, no caso um A330 Voyager da RAF, que descolou de Brize Norton para apoio aos Typhoon.
Ao contrario do ultimo episódio semelhante, desta vez não chegaram ao espaço de jurisdição portuguesa. À hora que escrevemos esta noticia (16h30min), estão descritos como regressando ao Norte.
Os dois bombardeiros possuíam número de cauda RF-94100 e RF-94108 e mantiveram-se sempre em espaço aéreo internacional.
A notícia ontem avançada pelo Pássaro de Ferro, em que os F-16 do Alerta de Reacção Rápida (QRA) da Força Aérea Portuguesa (FAP) teriam sido accionados nas primeiras horas da madrugada de 17 de Novembro de 2016, para interceptar uma aeronave (ou mais) russa, foi hoje confirmada.
Fontes oficiais da FAP confirmaram o accionamento do Alerta no horário descrito, para identificar duas aeronaves vindas de Norte, em direcção ao espaço aéreo de responsabilidade nacional. As aeronaves seriam identificadas como sendo dois Tupolev Tu-95, que percorreram ao largo, toda a costa ocidental portuguesa, até à Ponta de Sagres, tendo invertido a rota nesse ponto, rumo a Norte novamente. Ainda segundo a mesma fonte, não houve violação do espaço aéreo português em qualquer momento, nem qualquer manifestação de hostilidade por parte dos bombardeiros russos. Não houve ainda qualquer contacto rádio entre os caças portugueses e os bombardeiros russos.
Há todavia ainda vários dados confusos, relativamente ao mesmo período, envolvendo aeronaves militares russas e que poderão explicar as notícias contraditórias que têm surgido e que envolveriam ainda outras aeronaves, nomeadamente aviões de reabastecimento e caças de escolta.
No mesmo dia 17 de Novembro de 2016, o Ministério da Defesa Russo divulgou um vídeo de uma missão alegadamente realizada nesse mesmo dia, com o último modelo do quadrimotor a hélice da Tupolev, o Tu-95MS, em que mostra a largada de armamento. Pode ler-se no descritivo, que os mísseis de cruzeiro foram "lançados contra alvos na Síria", "a partir das águas do Mediterrâneo". Pormenoriza ainda que foram "realizados dois reabastecimentos nos mais de 11.000 km" de uma rota que passou pelo "Mar do Norte e Atlântico Oriental", "tendo regressado à base de origem [não especificada] após largada dos mísseis".
Ao minuto 0:12 e 0:18 do vídeo, é possível verificar a escolta de caças Su-35. Não é contudo possível inferir em que parte(s) da missão tal ocorreu (apesar de ser obviamente de dia), admitindo que todas as imagens e dados são referentes à missão da data referida. Certo é que as imagens da largada do míssil foram captadas a partir de um caça. Houve contudo envolvimento de caças Su-33 e Su-30, a operar a partir do porta-aviões Admiral Kuznetsov e da base de Hmeymim na Síria, respectivamente, ainda segundo a descrição do vídeo.
A suportar a versão russa, há relato de que o QRA em Bodo, no Norte da Noruega, terá sido chamado a indentificar oito aeronaves ainda nas últimas horas do dia 16 de Novembro, sendo 3 Tu-95MS, 3 Il-78 (reabastecedores) e duas aeronaves de escolta não especificadas. Além de uma gravação audio alegadamente das comunicações HF russas, não há menção relativamente à origem nem fidedignidade destas informações, que no entanto foram colocadas na internet num espaço temporal compatível com a missão (23:37h de 16/11/2016).
As notícias veiculadas pela imprensa espanhola, das quais demos eco no Pássaro de Ferro, falavam apenas num caça Su-35, acompanhado por um avião de reabastecimento, que teria contornado a Península Ibérica até Rota e regressado para trás, após esse ponto no Sul de Espanha. Não é mais uma vez citada a fonte, nem a sua idoneidade. Esta versão, pelo espaço temporal coincidente e o alegado envolvimento dos F-16 portugueses, é categoricamente negada pela FAP, que efectuou contacto sim, mas com dois Tu-95, que inverteram o curso na zona da Ponta de Sagres.
Seria possível uma segunda formação ter passado mais afastada de Portugal sem ser detectada? Atravessar todo o Mediterrâneo nas mesmas condições (com alguns pontos de estrangulamento, como sejam Gibraltar, Sardenha, Sícilia, Grécia)? Em nenhuma destas regiões há até ao momento relato da passagem das aeronaves russas naquela data.
Contudo, e ao contrário de outras ocasiões, nenhuma das forças aéreas comprovadamente envolvidas emitiu qualquer comunicado acerca dos acontecimentos.
Aguardam-se novos desenvolvimentos, que possam trazer alguma luz, ao que realmente ocorreu na madrugada de 17 de Novembro.
Segundo noticiou a imprensa espanhola, um caça russo Sukhoi Su-35 (modelo por confirmar) efectuou uma incursão possivelmente a partir de Solsty (a Sul de São Petersburgo) até Rota no Sul de Espanha, tendo sido acompanhado sucessivamente pelos alertas aéreos de Noruega, Reino Unido, França, Espanha, Portugal e novamente Espanha (Sul).
Tal como referido, a situação não é virgem nos últimos anos, mesmo numa região tão distante da Rússia, como Portugal. Além dos referidos episódios com os Tu-95 em Outubro de 2014, mais recentemente passaram ao largo de Portugal bombardeiros supersónicos Tu-160, em missão de ataque para a Síria. A novidade desta vez, prende-se com o facto de alegadamente se ter tratado de um caça e não de bombardeiros de longo alcance.
O episódio terá decorrido na noite de 16 para 17 de Novembro passado. Após ser interceptado e acompanhado por F-16 noruegueses, Typhoon britânicos e Rafale franceses, pela 1:23h de quinta-feira, os EF-18 do alerta aéreo espanhol em Saragoça, interceptaram o caça russo, que de deslocava sem transponder activo, sendo por isso uma aeronave não identificada.
Pela zona de Gijón, o caça vindo do Norte voltou a Oeste, para contornar toda a costa setentrional galega, sempre escoltado pelos EF-18. Ao voltar de novo a Sul e atingindo Finisterra, a parelha de F-16 de alerta da Força Aérea Portuguesa, descolada de Monte Real pela 1:10h, rendeu os congéneres espanhóis no espaço de influência lusitano. Após contornar toda a costa ocidental portuguesa, e atingindo a zona do Cabo S. Vicente pelas 2:18h da madrugada, o alegado Su-35 ter-se-á dirigido de novo em direcção a zona espanhola, tendo por isso sido accionado o alerta em Espanha mais uma vez.
Pelas 2:27h os EF-18 espanhóis estabeleceram novamente contacto com o(s) russso(s) na zona do litoral de Huelva, tendo seguido sobre o Golfo de Cádiz. Após ter passado pela base aeronaval de Rota, terá invertido a rota e regressado à sua base de origem.
A acompanhar todo o percurso seguiria ainda um avião reabastecedor, sem o qual seria impossível percorrer toda a distância para um caça.
Este episódio tem, tal como referido, várias nuances relativamente aos anteriores que se sucederam junto do espaço aéreo português, nomeadamente o facto de se tratar de um caça e não bombardeiros de longo alcance e também por se tratar (caso se confirme) de um Su-35, o modelo mais recente no inventário russo.
Outra possibilidade é a de que se trate do "irmão" Su-34, relativamente parecido com o Su-35, mas de ataque ao solo e não um caça de superioridade aérea como o Su-35.
Caças russos Su-35 (esquerda) e Su-34 (direita)
Este tipo de actividade por parte dos russos, com vários episódios que temos relatadono Pássaro de Ferro, tem normalmente como objectivo testar tempos de reacção das defesas da NATO, bem como explorar eventuais pontos fracos em zonas fronteiriças e na coordenação entre as diversas forças aéreas. Poderá ainda servir para aferir o alcance do radar dos diversos caças em uso na NATO. De notar que na rota realizada, foram efectuados contactos com quatro modelos diferentes de caças ocidentais (F-16AM, Typhoon, Rafale e EF-18M).
Já em Abril de 2015 e tirando partido das condições definidas pelo Tratado de Armas Convencionais de Viena, que permite a inspecção de instalações militares dentro nos países signatários do tratado, uma delegação russa solicitou mesmo comparência na base aérea de Lossiemouth, que assegura o alerta aéreo do norte do Reino Unido, tendo "por coincidência" presenciado o lançamento da parelha de alertada RAF, para interceptar... dois bombardeiros russos.
Não há até ao momento confirmação oficial dos acontecimentos. A descolagem da parelha de alerta portuguesa foi comentada nas redes sociais à hora referida de quinta-feira, 17 de Novembro de 2016.
Na última edição do NTM realizada em território nacional, a Esquadra 301- Jaguares apresentou a aeronave 15116 com um vistoso esquema "...
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