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segunda-feira, 15 de abril de 2024

BEBÉ NASCE EM AVIÃO DA FORÇA AÉREA [M2485 – 30/2024]


"Às 08h05 dos Açores, 09h05 de Lisboa, de hoje, 15 de abril, uma nova vida nasceu a bordo de um avião da Força Aérea em pleno Oceano Atlântico. O avião C-295M tinha acabado de descolar da ilha de Santa Maria, em direção a S. Miguel, quando uma menina bebé decidiu que era o momento de nascer.

Pouco tempo antes, a tripulação da Esquadra 502 – “Elefantes”, em alerta permanente na Ilha Terceira, nos Açores, tinha sido ativada para realizar o transporte de uma grávida de 35 anos e 35 semanas de gestação, com contrações de dois em dois minutos.

Com referência a horas de Lisboa, o avião C-295M, número de cauda 16703, partiu da Ilha Terceira pelas 07h50, percorreu perto de 260 km e aterrou às 08h35 em Santa Maria, onde a futura mãe embarcou acompanhada por uma equipa de saúde civil. Pouco tempo depois, pelas 08h55, o avião levantou voo rumo a Ponta Delgada, tendo a grávida entrado na fase final do trabalho de parto. Dez minutos depois de descolar, a bebé nasceu a bordo do avião da Força Aérea, em pleno Oceano Atlântico, quando o relógio batia as 09h05.

A aeronave da Força Aérea continuou rumo à Ilha de São Miguel, encurtado uma distância de 100 km, onde aterrou pelas 09h15. Mãe e bebé foram depois encaminhadas para a unidade hospitalar local, encontrando-se bem de saúde.

Este é já o quarto nascimento a bordo do avião C-295M da Força Aérea Portuguesa desde que entrou em operação em 2009 – sendo que numa das missões nasceram duas gémeas – e o 35.º nascimento a bordo de aeronaves da Força Aérea, tendo o primeiro ocorrido em 13 de julho de 1993, num avião C-212 Aviocar.

A tripulação da Força Aérea regressou à Ilha Terceira pelas 10h15, cumprindo 1h30 de voo no total da missão.

A Força Aérea é responsável por inúmeros transportes médicos anuais nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, encurtando distâncias e colmatando a ausência de cuidados hospitalares em determinadas ilhas. Durante todos os dias do ano, 24 horas por dia, são mantidos alertas permanentes com o avião C-295M e o helicóptero EH-101 Merlin a partir da Base Aérea N.º 4, Ilha Terceira, nos Açores, e do Aeródromo de Manobra N.º 3, em Porto Santo, na Madeira. Só no primeiro trimestre deste ano, a Força Aérea já realizou 126 transportes médicos, contribuindo para que 183 pessoas recebessem cuidados médicos diferenciados. Desses, 113 doentes foram transportados entre ilhas dos Açores, 48 entre ilhas da Madeira, 16 entre os Açores e o Continente e quatro entre a Madeira e o Continente.

À bebé, a Força Aérea deseja uma saudável e feliz vida. Aos pais, um enorme Parabéns! É com imensa alegria que a Força Aérea é palco do milagre da vida!"

--

Nota da redação: A Força Aérea tem um historial interessante de nascimentos a borde de aeronaves suas. Algures na década de noventa, um nascimento nos céus do Arquipélago dos Açores ficou particularmente célebre, uma vez que a bebé então aí vinda ao mundo, adotou o nome da aeronave onde nasceu. Aviocar.

Texto e imagens: Press Realese da Força Aérea Portuguesa

quinta-feira, 15 de junho de 2023

ESQUADRA 752: FÉNIX RENASCE NOS AÇORES [M2415 - 47/2023]

Os EH101 Merlin nos Açores serão doravante voados pela Esquadra 752- Fénix   Foto: 1Sar Carlos Barbosa   
O dia 14 de Junho de 2023 ficará marcado como o dia em que a "Fénix" renasceu nos Açores - leia-se Esquadra 752 - que irá, a partir de agora, operar naquele arquipélago os EH101 Merlin da Força Aérea Portuguesa (FAP).

Segundo notícia avançada pela FAP através do sítio de internet e nas redes sociais da instituição, "a reactivação da Esquadra 752 surge como forma de garantir o cumprimento da missão da Força Aérea e os compromissos assumidos, nomeadamente na assistência às populações na Região Autónoma dos Açores", uma vez que a actividade de Busca de Salvamento (SAR) e Evacuações Médicas (MEDEVAC) teve um aumento de 236% na última década.

Emblema renovado da Esquadra 752

Recordamos que a Esquadra 752 foi desactivada em 2011, com a retirada de serviço da frota SA-330 Puma, sendo as missões que lhe estavam atribuídas, desempenhadas desde então por um destacamento permanente de EH101 Merlin da Esquadra 751, na Base Aérea nº4 (BA4), nas Lajes, ilha Terceira. A constituição de uma esquadra permanente permite assim conferir também maior estabilidade aos militares e respectivas famílias, até agora afectados pelo número e frequencia dos destacamentos.

A cerimónia na BA4      Foto: 1Sar Carlos Barbosa

A cerimónia de reactivação  teve lugar na BA4, onde ficará novamente sediada, com a presença do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General João Cartaxo Alves, que disse esperar "exemplar profissionalismo, abnegação e coragem, numa atitude que prestigia, dignifica e honra o percurso histórico da Força Aérea no Arquipélago dos Açores e em todo o território nacional" e esperando dos militares a geração de um "sentido de pertença, para encherem de honra e orgulho a nossa Força Aérea", manifestando disponibilidade para um acompanhamento próximo e "total apoio pessoal e institucional".

O primeiro Comandante desta nova "vida" da Esquadra 752, Major Hélder Costa, valorizou os "símbolos representativos desta esquadra renascida, a qual se libertou do nome Pumas para passar a ser designada tão apropriadamente de Fénix." Explicando, "como se viu pela sua história, mais uma vez se ergue das cinzas para cumprir a sua missão, para voar -Para que outros vivam", lema partilhado com a "nossa esquadra irmã, a 751, e com a qual queremos trabalhar em estreita relação e cooperação".

Foto: 1Sar Carlos Barbosa

A Esquadra 752 foi constituída pela primeira vez em 1978, com o cognome "Pumas", tendo sido redesignada Esquadra 711, em 1993. Já em 2008 regressou à designação 752 original, aquando da "Operação Fénix" de reactivação temporária da frota SA-330, que se prolongou até 2011, conforme anteriormente referido.

O SA-330 Puma n/c 19504 reactivado em 2008, que recebeu a pintura "Fénix" na cauda

Com a reactivação, a 752 adopta agora o cognome "Fénix" e a BA4 volta a ver atribuída uma esquadra de voo, depois de mais de uma década em que apenas garantiu os destacamentos de aviões C295M da Esquadra 502 - "Elefantes" e os helicópteros da Esquadra 751 - "Pumas", ambas sediadas na Base Aérea N.° 6, no Montijo. 

A FAP esclareceu ainda que a presença de C295M continuará a ser assegurada por destacamento da Esq. 502.



terça-feira, 11 de outubro de 2022

P-3 DA FAP EM VIGILÂNCIA DE PESCAS NOS AÇORES - com vídeo [M2350 - 66/2022]

P-3C CUP+ dos "Lobos"           Foto: FAP

Um P-3C CUP+ da Esquadra 601 da Força Aérea Portuguesa (FAP) realizou ontem, 10 de outubro de 2022, uma missão de patrulhamento marítimo especialmente direcionada à vigilância de pescas no mar dos Açores.

A operação foi realizada em coordenação com o Governo Regional dos Açores, nomeadamente com a Secretaria Regional do Mar e das Pescas, segundo informou a FAP em comunicado de imprensa.

O voo, com a duração de aproximadamente 10 horas, incidiu sobre algumas das zonas de pesca mais sensíveis da região, tais como o campo hidrotermal LUSO; o banco de pesca CONDOR; a Baixa do Ferreiro; a Baixa do Ambrósio; o Ilhéu da Praia; o Ilhéu de Baixo, na Ilha Graciosa; a área marinha da Ribeira Quente, na Ilha de São Miguel; a Baixa da Maia; a Baixa da Pedrinha e o Ilhéu da Vila, na Ilha de Santa Maria.

A Esquadra 601 (Lobos) está equipada com cinco aeronaves P-3C CUP+ Orion e tem como missão a execução de operações aéreas multidomínio, com especial incidência no patrulhamento marítimo, nomeadamente a Luta Anti-Submarina (ASW), Luta Anti-Superfície (ASuW), e Busca e Salvamento (SAR). A capacidade dos seus sensores, aliada ao sistema tático de missão integrado, permitem a realização de várias outras missões de vigilância, inclusivamente terrestre, ou o seu direcionamento para uso civil, como no caso dos incêndios ou da atividade pesqueira.

Os Lobos têm atualmente outra aeronave destacada em Sigonella, Itália, no âmbito das operações IRINI e Sea Guardian no Mediterrâneo. 



quarta-feira, 27 de julho de 2022

OPERAÇÃO ATLÂNTIDA: F-16 NA MADEIRA E AÇORES [M2329 - 44/2022]

Formação "Four-ship" na passagem pela Madeira antes de rumar à ilha Terceira nos Açores
 

Quatro F-16M das Esquadras 201 e 301 da Força Aérea Portuguesa aterraram hoje 27 de Julho de 2022 na Base Aérea nº4  (BA4) nas Lajes, Açores.

Os aviões com número de cauda 15119, 15120, 15110 e 15114 estão mobilizados no exercício “Operação Atlântida”, que visa o treino da projeção, operação e sustentação dos F-16M no Espaço Estratégico de Interesse Nacional Permanente, formado pelo triângulo entre os arquipélagos dos Açores, Madeira e Continente.

Os caças descolaram da Base Aérea N.º 5 (BA5 - Monte Real) ainda no dia 26, para efetuar uma missão de Luta Aérea combinada de longo alcance (a mais de 1300 km) com EF-18M da Força Aérea Espanhola, numa zona isolada entre a Madeira e as Canárias, sob o controlo do Centro de Relato e Controlo do Comando Aéreo em Monsanto, em conjunto com a Estação de Radar nº4, no Pico do Areeiro, na Madeira.

Vídeo de formação mista de F-16M da FAP e EF-18 do Ejercito del Aire

Com paragem logística no Aeródromo de Manobra nº3 (AM3) em Porto Santo, a formação dos quatro F-16 (2 monolugares  e 2 bilugares) seguiu para a os Açores no dia de hoje, onde segundo comunicado da Força Aérea, "estão planeadas missões que poderão envolver o sobrevoo de todas as ilhas do Arquipélago dos Açores."

Os dois F-16BM (bilugares) sobre o AM3 em Porto Santo      Foto: FAP

Os seis tripulantes dos F-16 no AM3      Foto: FAP

Os F-16 marcarão ainda presença do Dia de Base Aberta na Lajes no dia 31 de Julho, antes do regresso à BA5 no dia 1 de Agosto.



A Força Aérea classifica estas missões como "essenciais para garantir a presença, soberania e segurança do Espaço Aéreo Nacional e Aliado na região Euro-Atlântica."


 



quarta-feira, 21 de outubro de 2020

PISTA TRANSVERSAL DAS LAJES REATIVADA [M2193 - 111/2020]

C-130H Hercules dos "Bisontes" a operar na pista transversal da BA4 no dia 21/10/2020

A pista transversal da Base Aérea nº 4 nas Lajes, Açores irá voltar a ser utilizada. A notícia foi veiculada ontem 20 de Outubro de 2020, pelo Diário Insular. Segundo o mesmo periódico açoriano, a cerimónia de inauguração marcada para a manhã de hoje, seria presidida pelo comandante da Zona Aérea dos Açores Brig.Gen João Pereira, em conjunto com o Destacamento da Força Aérea dos Estados Unidos da América, 65th Air Base Group.

A inauguração da pista foi feita pelo C-130H Hercules n/c 16803 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa.

Segundo o comunicado enviado às redações pelo Comando da Zona Aérea dos Açores, a pista transversal tinha "sido desativada por motivos operacionais e a sua inauguração conclui um longo processo que teve início numa proposta apresentada pela parte norte americana, através do qual foram analisadas e avaliadas todas as implicações que a sua implantação poderiam acarretar, nomeadamente no que respeita a segurança".


A Permanent Lajes Landing Zone - como é designada oficialmente esta pista secundária - será importante, "uma vez que permite o treino real de aterragens e descolagens em pistas curtas e em condições de piso adversas, a aeronaves militares de transporte aéreo tático, como por exemplo o C-130 e o C-17, de Portugal, dos Estados Unidos da América ou ainda dos países da NATO", pode ainda ler-se no comunicado. "Com este tipo de treino é possível incrementar a proficiência das tripulações que tenham que vir a operar em teatros de operações adversos".

A pista transversal da BA4 agora reativada      Imagem: Google

Ainda assim, a operação na pista secundária (09/27), que cruza a principal no seu extremo Noroeste "será sempre condicionada pelo tráfego aéreo militar e civil que opere na pista 15/33 [NR: pista principal] que será sempre prioritário", esclarece ainda o Comando da Zona Aérea dos Açores. 

O comunicado realça ainda que a "Carta de Operações contempla a figura do Landing Zone Safety Officer (LZSO-Agente de Segurança da Zona de Aterragem), que sempre que a Permanent Lajes Landing Zone seja ativada, operará no local e será responsável por garantir que a operação das aeronaves decorre de forma segura e eficiente". Este função será a desempenhar "conjuntamente por Controladores de Tráfego Aéreo da Esquadra de Aeródromo da Base Aérea Nº4 (BA4) e do 65th ABG, devidamente qualificados e treinados para o efeito".


Ainda segundo o Diário Insular, a "nova" pista será utilizada, primariamente para o treino e qualificação de operações em pistas muito curtas das tripulações e condições adversas de aviões C-130 e C-17, que irão operar em África no âmbito das atividades do AFRICOM dos EUA. Segundo adianta o DI, os treinos deverão decorrer sobretudo à noite, uma vez que uma das componentes essenciais do treino incidirá nas operações com sistemas de visão noturna (Night Vision Goggles - NVG).



segunda-feira, 9 de março de 2020

B-2 SPIRIT DE VOLTA AOS AÇORES [M2101 – 19/2020]




Depois da primeira visita de um B-2 Spirit à Base Aérea nº 4, na Lajes, Açores, em Setembro de 2019, uma Força-Tarefa dos mesmos bombardeiros furtivos, provenientes da Base Aérea de Whiteman, Missouri, chegou hoje, 9 de Março de 2020, para um destacamento de treino de voo e integração no teatro de operações europeu. As imagens foram captados pelo João Toste, cujo extenso arquivo de spotting pode ser consultado no seu site pessoal.


A travessia foi apoiada por aviões-tanque KC-10 Extender da 305 Air Mobility Wing de Lakehurst, para reabastecimento aéreo, através do Oceano Atlântico.

As aeronaves irão operar a partir de várias instalações militares na área de responsabilidade do Comando Europeu dos EUA (EUCOM). O destacamento de bombardeiros estratégicos na Europa proporciona familiarização do teatro de operações aos membros das tripulações e demonstra o compromisso dos EUA para com os seus aliados e parceiros.


Segundo o EUCOM, a integração com os Aliados da NATO e nações parceiras, bem como com outras unidades da USAF  e outras forças conjuntas, contribui para a prontidão das mesmas e permite construir relacionamentos duradouros e estratégicos, necessários para enfrentar uma ampla gama de desafios globais.


O 65 º Air Base Group da USAF nas Lajes está estrategicamente localizado, para prestar apoio a operações de combate, permitindo o movimento expedicionário de tropas, aviões de combate e comunicações globais ao comando, apoiando operações de forças conjuntas, alianças e da NATO.

Reportagem RTP:





sábado, 5 de outubro de 2019

Apontamentos para a história da aviação nos Açores - coisas que não encontrei… [M2069 – 56/2019]


Cheguei aqui com o propósito de comprar queijadas fresquinhas mas não consegui que me atendessem, e por isso tive de voltar outro dia qualquer. Mas, já que tinha feito a viagem, aproveitei e perguntei ao Nosso Infante algo que, pensei eu, por ele estar para li há uns anos, me soubesse responder... Mas ele não sabia.
Não encontrei, ou não soube encontrar, evidência em Vila Franca do Campo da existência de algum marco ou memorial da chegada a estas paragens, a 9 de Maio de 1926, do “Infante de Sagres”, o hidroavião Fokker T.III (nº25) tripulado pelos Tenentes Moreira de Campos e Neves Ferreira. Estes aviadores da Marinha, empreendiam a primeira ligação Lisboa-Madeira-Açores-Lisboa, uma expedição que visava estudar as rotas transatlânticas entre a Europa e o continente Americano. No dia seguinte à sua chegada a Vila Franca do Campo, completaram esta etapa da viagem, voando para Ponta Delgada. Infelizmente, alguns problemas com o avião fizeram com que já não regressasse pela via aérea.

O “Infante de Sagres” amarado na baía de Vila Franca do Campo.

O “Infante de Sagres” na rampa dos hidroaviões da antiga US Naval Base 13, 
e do antigo CAN dos Açores, junto ao Forte de S. Brás.

Num outro dia qualquer, vindo da Ribeira Grande, subindo estrada fora até ao Pico da Barrosa, num dos deslumbrantes miradouros semeados pelo caminho, à vista da Lagoa do Fogo, encontrei por lá um memorial, composto por um painel azulejado e um cruzeiro, que perpetuam a memória do acidente aéreo ocorrido a 12/10/1968. O painel inspira algum cuidado, merecendo já há uns anos um restauro dos maus tratos do clima mas, sobretudo da estupidez de alguns humanos… 
Como o dia estava bom, saí do carro e subi até ao cruzeiro (até dei um tombo, pena é não haver a competente fotografia!), e estando lá, avista-se para Nascente o Pico da Vara [1.103m], local onde ocorreram dois acidentes aéreos, um que vitimou o piloto de um dos Gloster Gladiator da Esquadrilha Expedicionária de Caça nº 1, baseado em Rabo de Peixe, e um outro, bem mais grave, um acidente com um Lockheed Constelation da Air France, onde perderam a vida 48 pessoas
Nunca lá fui acima, ao Pico da Vara, e tenho mesmo de planear lá ir de uma próxima vez, mesmo até porque há um percurso pedestre que nos leva ao topo, e que passa pelos memoriais alusivos a estes dois acidentes. 





Alguns dias depois, em Ponta Delgada, fui visitar um outro local, sem ligação com a temática da aviação, mas antes à marinha, o British Protestant Cemetery, na Rua da Mãe de Deus, onde fui visitar as Commonwealth War Graves (CWG) ali existentes. Na minha curiosidade apenas quis de alguma forma completar a lista das sepulturas da CWG que existem em Portugal, 113 no total, já referidas em outros trabalhos.

Ainda na capital micaelense, pela marginal fora, dirigi-me ao Forte de S. Brás em busca, aqui sim, de algo aeronáutico... Aeronaval é mais correcto. Aproveitei até para uma visita ao Museu Militar dos Açores que fica no seu interior. Ainda que a visita fosse rápida, percorri todas as salas da exposição.
Contudo, e fora a maquete de um Curtiss R-6 do United States Marine Corps, logo à entrada, não encontrei por lá, em lugar nenhum, memorial ou referências à US Naval Base 13 [1917-1919] ou ao Centro de Aviação Naval dos Açores (1919 – 1921) nem ao CAN de Ponta Delgada (1941 – 1946). 






No exterior, já bastante modificado em relação há 100 anos, nada resta do local, das rampas, dos edifícios, ainda que na face do forte existem indícios de construções anteriores que, remontam quem sabe à presença naval norte-americana ou portuguesa, talvez à localização de edifícios desses tempos. Mas nem tudo se perdeu, por exemplo, o hangar da base norte-americana ainda está de pé em S. Jacinto, fazendo com que seja talvez o segundo hangar mais antigo existente, sendo o primeiro, o hangar de balão, em Alverca.



Outros edifícios haverá por certo, que nesses tempos recuados foram utilizados para fins militares. Exemplo disso, ainda de pé, mas com outra serventia, na Avenida Roberto Ivens, o edifício onde esteve localizado o Quartel General das forças norte-americanas.


De notar, junto à entrada do museu, uma homenagem levada a cabo há dois anos, aos marinheiros que desde 1975 mantém uma presença de soberania na região.

Depois de andar de um lado para o outro, à procura de resquícios da presença da aviação, os que lá estão e os que não, fui almoçar em casa de Amigos, que é uma das coisas boas que tem os Açores, a gente planta amizades, depois eles cobram a nossa presença e dão-nos de comer e beber …  chatice!


Rui “A-7“ Ferreira
Entusiasta de Aviação


Nota – o autor insiste em escrever na graphia antiga.

Adenda – quando terminava a edição deste texto e fotos, fui chamado à atenção, que no Alto da Mãe de Deus, existe um memorial alusivo ao centenário da criação do Centro e Aviação Marítima dos Açores, inaugurado em Março deste ano, com toda a pompa e circunstância, e … sem aviões. Nem aviões, nem tão pouco o memorial está junto ao local onde “deveria” estar, o local onde a aviação naval se iniciou na ilha…

Agradecimento especial ao Com. Hugo Cabral pela preciosa ajuda.

sábado, 21 de setembro de 2019

Apontamentos para a história da aviação nos Açores - o Aeródromo de Santana [M2063 - 50/2019]


As férias são sinónimo de alguma disponibilidade para deambulações aeronáuticas, por isso aproveitei a minha deslocação a S. Miguel para regressar a Rabo de Peixe, à pista de Santana, por onde andei à procura de resquícios da presença da aviação, num local por onde passaram muitos aviadores militares e civis. Aqui, muito se aprendeu sobre a arte de voar nesta espécie de colar com nove jóias, um arquipélago com uma meteorologia caprichosa, de humores vários, desbravada a lava instalou-se inicialmente a Aeronáutica Militar, entre 1939 e 1946, foi este local o berço da aviação civil nos Açores, iniciando-se em 1947 as primeiras ligações aéreas entre ilhas, com o primeiro voo SATA, a 15 de Junho.
Por entre as paredes que ainda subsistem até hoje do “Aerovacas”[1], armado em Dr. Jones, mas sem chapéu e sem chicote, vasculhei por entre as ervas daninhas, à procura de encontrar algo que me fizesse lembrar esses tempos idos do Campo de Aviação de Santana, da Base Aérea nº4, e do Aeroporto de Santana.
Um pouco como faço cá no Velho Burgo, quando arrisco numa ou outra ruína em busca de algo traduzível fotograficamente (sem sucesso nenhum, como se pode facilmente imaginar), por aqui quis andar à procura de um pouco dessa história. Lamentavelmente o espaço não permite, porque vedado, e atafulhado de vegetação, a minha tentativa de pelo menos fazer fotografia de um outro ângulo, no campo agrícola em frente, foi violentamente barrada por um rasteirinho e um cão de fila, que me disseram qualquer coisa entre dentes, lá na língua deles e, estrategicamente, decidi não encetar qualquer tipo de diálogo. De todo o modo, a história do local e da aviação nos Açores já está contada em livros e também nas páginas  não palpáveis do ciberespaço, às quais eu pouco ou nada conseguirei acrescentar.
Fundamentalista e aferroado que sou, vejo espaços como este com bastante tristeza, tenho pena de não poder (ainda) viajar no tempo para dar uma espreitadela no que foram esses tempos pioneiros e aventureiros, mas o que me custa mais é outra coisa.
Eu compreendendo que nem sempre podemos ou conseguimos preservar absolutamente tudo o que faz parte da nossa História, poderíamos talvez, neste caso, como em incontáveis outros, preservar este conjunto de edifícios, dando quem sabe a forma, o corpo, e por certo a alma, a um merecido, e porque não dizê-lo necessário, museu de aviação, mantendo ao seu lado a pista, o seu extenso chão de lava atapetado de verde pasto, onde outrora se ouviram troar os Gladiator, os Junkers Ju52, os Mohawk, o D-18, os Dove, os DC-3, e tantos outros que por aí se fizeram ao éter. 
Ah, claro, não esquecendo as vacas que se fizeram ao pasto…







Sem falsos pretensiosismos recolho aqui algumas notas históricas, conhecidas de todos por certo, acerca deste local e da sua história, que começam com o advento da aviação e os aventurosos tempos das travessias transatlânticas, muitas das quais passaram pelos Açores onde, já nesses tempos idos, a aspiração de dotar o arquipélago de meios de apoio, nomeadamente campos de aviação que permitissem escalar as ilhas era tema de constante preocupação.

Feitas as contas, ao estilo de um merceeiro pitosga, passaram pouco mais de 100 anos desde a ida para os Açores daquela que foi a primeira instalação permanente de aviação no arquipélago: o destacamento da United States Marine Corps, que esteve baseado entre 1917 e 1918 no porto de Ponta Delgada e que antecedeu a presença da Nossa Aviação Naval, o Centro de Aviação Naval dos Açores (1919 – 1921)[2] e o Centro de Aviação Naval de Ponta Delgada (1941 – 1946).
Foi só alguns anos depois, que o primeiro campo de aviação foi inaugurado nos Açores, o Campo de Aviação da Achada, a 4 de Outubro de 1930, tendo permanecido no activo até 1941.

Postal antigo que encontrei num alfarrabista do Porto, em que 
se consegue ver o local da US Naval Base 13  junto ao forte de S. Brás.

No início dos anos 40, o então Major Humberto Delgado, foi encarregue de estudar os locais onde se poderiam instalar estruturas aeroportuárias militares, tendo a escolhido S. Miguel e a Terceira, como possuidores de dois locais para o efeito, o primeiro em Rabo de Peixe e o segundo nas Lajes.
Quando em Maio de 1941 são instruídos os comandos da Base Aérea de Tancos e da Base Aérea da Ota para a preparação de uma força destacada, a duas esquadrilhas equipadas com 15 Gloster Gladiator Mk.II, denominadas Esquadrilha Expedicionária de Caça nº1 (EEC1) e Esquadrilha Expedicionária de Caça nº2 (EEC2), destinadas a Rabo de Peixe e às Lajes, respectivamente.
Em Rabo de Peixe, os trabalhos de terraplanagem por parte da Engenharia Militar iniciaram-se bastante tarde em 1941, concluindo-se só no ano seguinte, já os aviões, equipamento e pessoal tinham chegado ao porto de Ponta Delgada a 8 de Junho de 1941…!  
Aqui se construíram duas pistas relvadas de 1000 e 1500 metros, zona de estacionamento, hangares, torre e edifícios de apoio. 


As missões da EEC1 eram missões de treino operacional, de reconhecimento meteorológico, reconhecimento de vasos de guerra e comboios de navios mercantes, patrulhamento aéreo do espaço aéreo nacional. Neste contexto, foi implementado um sistema de alerta, que recorrendo a postos de rádio militares (no Comando Militar dos Açores, em Santana e nas Lajes), interligados com os meios aéreos, permitiam o reconhecimento «à distância, com a finalidade de informar a presença dos movimentos das forças navais ou aéreas, da sua nacionalidade, natureza e direcção, bem como da actuação contra aviões que sobrevoassem as ilhas ou as suas águas territoriais e não respeitassem os sinais de identificação. Para esse fim, era necessário que, nos aeródromos, uma patrulha de aeronaves estivesse permanentemente em prontidão para levantar voo, seguindo-se, no estado de alerta, a mobilização de toda a aviação e pessoal em terra, de forma a descolar de imediato com todo o material disponível.»
Os Gladiator integravam portanto, um dispositivo de vigilância e alerta, com pessoal e aeronaves de prontidão para actuar de imediato, contra forças navais ou aéreas – era uma espécie de QRA daqueles tempos!
Foram substituídos pelos Curtiss Mohawk, provenientes da Esquadrilha XY, de Tancos (BA3), adoptando a designação de Esquadrilha Expedicionária nº3 (EEC3), criada em 14 de Julho de 1944. Estes seriam 9 aparelhos e pensa-se tenham regressado ao continente em 1946.


Antes disso, aos Gladiator juntaram-se, em Fevereiro 1942, os primeiros de 5 Junkers Ju52, provenientes do Grupo de Bombardeamento Nocturno da Base Aérea da Ota, constituindo-se na Esquadrilha de Bombardeamento da EEC1. 
As missões da Esquadrilha de Bombardeamento eram de reconhecimento visual e fotográfico, treino tiro e bombardeamento, transporte aéreo, e a curiosa missão de voos de altitude para crianças com tosse convulsa. Para além disso, registe-se que poucos meses depois de chegarem, a 2 de Maio de 1942, foi inaugurada uma carreira semanal entre Rabo de Peixe e as Lajes.
A 13 de Julho de 1942, o Sub-Secretário de Estado, através Gabinete do Ministro da Guerra, faz saber da alteração da designação dos aeródromos militares nos Açores, «as Forças de Aeronáutica nos Açores, constituam as Bases Aéreas nº4 no Aeródromo de SANTANA em São Miguel e nº5 no Aeródromo das LAGES na Ilha Terceira.»


O Junkers Ju52 nº210 da Aeronáutica Militar perdeu-se 
por falta de meios de socorro.

Não foram estes anos, da presença militar Lusa em Rabo de Peixe, isentos de acidentes como foi o caso do Gladiator nº480 em 10 de Outubro de 1941, e Gladiator nº467 em 13 de Maio de 1943, ambos com perda de vida, a destruição do Junkers Ju52 nº210 em 16 de Setembro de 1943, que se perdeu na aterragem devido a um incêndio a bordo (na altura não dispunha ainda o aeródromo de meios de socorro apropriados). 

Com o fim da 2ª Grande Guerra decresceu a necessidade e o interesse militar na utilização deste aeródromo, mas já antes, a partir de 1943, e portanto após a utilização das pistas das Lajes e Santa Maria, pelas forças inglesas e norte-americanas, respectivamente, regressaram as esquadrilhas portuguesas ao continente. O aeródromo mantinha um destacamento inglês de apoio à sua aviação militar desde 1943, que é desactivado no final de 1945.
A 1 de Agosto de 1946, é nomeada a Comissão Liquidatária da Base Aérea nº4, saindo os militares quase todos excepto um pequeno destacamento, por forma a manter os mínimos para assegurar a operacionalidade do aeródromo, dando apoio, sempre que necessário, a aviões militares nacionais e estrangeiros, bem como à SATA que, começa a operar no ano seguinte a partir daqui.
Foi longo o processo que culminou com a primeira ligação aérea inter-ilhas, a 15 de Junho de 1947, entre Santa Maria e S. Miguel, utilizando um Beechcraft D-18S, registado CS-TAA, e com o nome de baptismo “Açor”. Este assegurava o transporte aéreo, entre S. Miguel, Santa Maria e a Terceira, tendo capacidade para 7 passageiros.
Lamentavelmente, a 5 de Agosto de 1948, após a descolagem de S. Miguel rumo a Santa Maria, este aparelho registou algumas dificuldades, despenhando-se no oceano, perdendo a vida quatro passageiros e dois tripulantes.
No ano seguinte a SATA retomou a sua actividade, a 23 de Maio de 1949, com a chegada de duas novas aeronaves, os De Havilland DH104 Dove, iniciando-se os voos comerciais entre ilhas a 1 de Agosto.
O crescimento da necessidade de transporte de pessoas e bens, fez com que a SATA adquirisse mais aviões, dois Douglas DC-3, o que aconteceu a 21 de Agosto de 1963, ainda que os aparelhos só começassem a fazer carreiras regulares no ano seguinte.
Foi Humberto Delgado, então Director-Geral da Aeronáutica Civil, que em 1958, constatando a necessidade da existência de um novo aeroporto para servir a ilha e o arquipélago, deu os primeiros passos no sentido da criação de uma nova estrutura aeroportuária, sem que, no entanto, tenha visto esse projecto ser concluído (assassinado em 1965). Foi então no decurso da década seguinte que se viu decidir, projectar e construir o novo aeroporto, inaugurado a 24 de Agosto de 1969. Com a inauguração do Aeroporto de Nordela, em Ponta Delgada, toda a actividade da SATA passa a ser efectuada a partir dessa estrutura, e o Aeroporto de Santana passa, em definitivo, a ser pasto para as vacas…
O último voo a descolar de Santana, foi a 10 de Agosto de 1969, o HS748 de registo G-ATMJ.


Museu da Aviação dos Açores

Como sabemos, nasceu há 4 anos, na Ribeira Grande, o Museu da Aviação dos Açores, projecto para a criação e manutenção de um espaço museológico que visa preservar a memória da aviação civil açoriana no entanto, ainda não são evidentes os progressos deste projecto, sabendo-se que foram já encetados diversos protocolos de colaboração, nomeadamente com a Força Aérea Portuguesa, para a cedência de uma aeronave.
Neste sentido, e com muita pena minha, ainda está a aguardar o necessário trabalho de restauro, o D-18S FAP nr.2515 que se destina a vestir a pele do primeiro aparelho da SATA, esse que foi o primeiro aparelho do Registo Aeronáutico Nacional da classe de transporte (T), o Beechcraft D-18 reg. CS-TAA.
Pode ser que, na minha próxima visita a S. Miguel, daqui a pouco tempo assim o espero, possa ver este aparelho restaurado a brilhar como peça central da colecção, mas não num qualquer edifício fechado na Ribeira Grande, era vê-lo aqui mesmo em Santana, com os edifícios reabilitados, a pista recuperada e até com alguma serventia, para aeronaves ligeiras (do aeroclube, por exemplo), e o Beechcraft restaurado para voos turísticos, porque não? Sou um sonhador, eu sei …

No entretanto, como isto de escrever sobre aviões abre o apetite, vou aqui ao lado, à Associação Agrícola comer um bifinho regado com um néctar com travo de lava e já volto!


Rui “A-7“ Ferreira
Entusiasta de Aviação


Nota – O autor insiste em escrever na graphia antiga.


Notas:
[1] – “Aerovacas”, castiço nome dado pelos indígenas ao local, pois quando não havia actividade aérea a pista era tomada de assalto pelas vacas, vacas essas que eram, curiosamente, propriedade do aeródromo! Um aparador de relva vivo, vivo e ecológico!
[2] – o Centro de Aviação Naval dos Açores (1919 – 1921) nunca chegou a funcionar, sendo o material entretanto enviado para lá, reenviado para o continente.

Fontes: 
Base Aérea das Lajes (contribuição para a sua história), de Manuel de Meneses Martins (2003), edição de autor.

Quando a Marinha Tinha Asas…, de Viriato Tadeu, Comissão Cultural de Marinha (edição de 2017)

Açoriano Oriental
https://www.acorianooriental.pt/noticia/acervo-do-aeroporto-de-santana-passa-para-museu-de-aviacao

Blog “Últimas Curiosidades”
https://ultimas-curiosidades.blogspot.com/2010/10/forca-aerea-nos-acores-40-anos-um.html

https://ultimas-curiosidades.blogspot.com/search?q=A%C3%87ORES&fb_source=message

Operacional, Sérgio Rezendes
http://www.operacional.pt/em-memoria-de-um-as-da-aviacao-nos-acores/

Pássaro de Ferro: 
http://www.passarodeferro.com/2013/11/acores-contingencias-da-sinistralidade_10.html

Restos de Colecção (Blog): 
http://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/07/aeroporto-de-santana-nos-acores.html

Walkarounds: 
http://walkarounds-ccadf.blogspot.com/2013/07/campo-de-aviacao-da-achada-primeira.html



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