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sábado, 3 de setembro de 2022

O AIRSHOW do Festival das Dunas de S. Jacinto [M2335 - 50RF2022]

 


Voltar a S. Jacinto é para mim, como voltar a casa depois de uma longa viagem. 
Foi esta a minha “casa” durante os mais de dois anos que aqui servi na Força Aérea Portuguesa, anos que guardo na memória com saudade e em que, não estando eu ligado directamente à actividade aérea em si, a minha Especialidade era Informática (OPINF), foi contudo um período que vivi muito próximo da actividade aérea do Aeródromo de Manobra nº2 (AM2).

Nos idos de 1988-1990 a actividade do aeródromo consistia nas operações aéreas da Esquadra 702 “Os Indomáveis do Norte” com os seus “puxa-empurra” (FTB-337G), e ainda o destacamento de busca e salvamento (SAR) da Esquadra 552 “Zangões” com um SE.3160 Alouette III. Nessa unidade decorria mais actividade aérea, desde logo a que se prendia com o treino das unidades e subunidades do Corpo de Tropas Páraquedistas, consubstanciados nas companhias operacionais da Base Operacional de Tropas Páraquedistas nº2 (BOTP2), e do Grupo Operacional de Apoio e Serviços (GOAS), sendo por isso comum de ver por ali os C-130 e C-212, Alouette III e Puma.

Sempre que podia, “desenfiava-me” para ficar ao pé dos aviões(!!), tantas vezes na linha da frente ou na torre, onde vi por ali passar algumas passarolas interessantes. Foi também aqui que voei pela primeira vez, em Puxa-Empurra… adiante.

É ainda S. Jacinto um local de memória e um local histórico da aviação militar remontando a 1917 a sua primeira utilização pela Aviação Naval Francesa, que aqui começou a caçar submarinos alemães durante a Grande Guerra, com um destacamento que durou até ao ano seguinte, tendo depois as instalações passado para a Marinha Portuguesa (1919) e depois para a Força Aérea Portuguesa (1952).

Desde essa altura, nomeadamente a partir de 1921, que se encontra aqui um dos hangares mais antigos ainda em existência em Portugal, hangar que aqui foi remontado após ser desactivado o Centro de Aviação Naval de Ponta Delgada, onde tinha sido instalado pelo destacamento da Marinha Norte-America entre 1917 e 1918, e que aqui, serviu a Marinha, Força Aérea, e actualmente o Exército. Este é um dos hangares, entre muitas outras estruturas militares que deveria estar classificado como monumento de interesse histórico militar…   De todo o modo, esse e todos os demais edifícios do meu tempo ainda por ali se encontram, uma boa parte deles históricos.

Para além da nostalgia e história associada a S. Jacinto, o que me trouxe aqui foram mesmo os aviões, os aviões que integraram o festival aéreo organizado no âmbito do Festival Dunas de S. Jacinto, actividade que contou esta ano com dois momentos aeronáuticos: um festival aéreo e um “fly-in”.

Porque a vida é feita de opções, desloquei-me a S. Jacinto para o festival aéreo que decorreu, como já tem acontecido, frente à avenida marginal, sendo o público bafejado pela sorte, no que concerne às condições meteorológicas, pelo menos dentro da “caixa” onde decorreu a exibição, tendo reinado por lá o sol que nos ajudou a apreciar melhor as fantásticas exibições do Pitts S-2B da Aerobática,  o Camana e o Varieze da Patrulha Fantasma, o “Puxa-Empurra” da Patrulha Quijote, os Yak-52 da patrulha Yakstars, e os T-6 e Chipmunk do Museu Aero Fénix.

Toda a sequência de eventos e a sua coordenação foram espectaculares, e o airshow muito bem estruturado e ajustado ao local.

Seguem-se algumas fotos que o ilustram.

À chegada, antes ainda do festival aéreo, o T-6 do Museu Aero Fénix 
ainda deu um ar da sua graça, com o seu característico ronco forte e o 
seu trote lento – um dos “regressos a casa” deste dia.



 Visto cá de baixo, em manobras acrobáticas que nos deixam 
sempre sem fôlego, o Cmdt Luís Garção aos comandos do 
Pitts S-2B da Aerobática, marcou a abertura do evento.





A Patrulha Fantasma, assim se intitula esta parelha de Viseu, 
executando diversas passagens, cruzamentos e rupturas, sendo 
constituída actualmente  pelo Cmdt Carlos Costa voando um 
Camana NA-4(CS-UHM) e o Cmdt José Figueiredo voando 
um Rutan Vari-Eze (CS-XAV). 


Patrulha Fantasma em executou ainda algumas passagens em 
formação com o Pitts S-2B da Aerobática.




Belíssima exibição deste Reims-Cessna FTB-337G da Patrulha Quijote, 
da Fundación Antonio Quintana, pilotado pelo Cmdt José Olias.  Foi 
fantástico ver de novo um FTB em S. Jacinto, esta que foi, também aqui 
base de uma das duas unidades aéreas da Força Aérea Portuguesa: 
Esquadra 702.  Este aparelho que se encontra restaurado representando
 um dos O-2A da USAF, utilizado no Vietnam, foi de facto o aparelho 
da FAP com o número de cauda 3723.







Os Yakstars, sendo eles o Cmdt. Pedro Cerqueira Pinto (Leader), 
Cmdt. Fernando Marinho Pereira (Left Wing) e Cmdt. Tiago Correia (Right Wing)





Dois dos “regressados a casa”, já que S. Jacinto foi escola de centenas 
de pilotos que aprenderam a arte em Chipmunk e T-6, aqui dois dos aparelhos 
do Museu Aero Fénix, o Canadian Car and Foundry Harvard IV reg. F-AZCM, 
pilotado pelo Cmdt Munkelt Gonçalves, e o DHC-1 Chipmunk reg. D-EEJC 
(exFAP 1324), pilotado pelo Cmdt José Costa.


Já com o festival aéreo terminado, ainda houve tempo para umas 
passagens dos Yakstars, à saída, de regresso a Ponte de Sor.


Como referi não tive oportunidade de assistir ao “fly-in” que decorreu muito bem com a participação de muitos particulares e aeroclubes, num belíssimo convívio sob os auspícios do Regimento de Infantaria nº10, actual ocupante desta base.

Algumas fotos do “fly-in”:





Voltar aqui, há sempre que voltar ao “Gato Preto” e ao “Terminal”, onde estive, locais para muitas outras histórias e estórias para contar … mas não aqui … 😉


Notas do Autor – O meu agradecimento ao Luís Garção e ao José Rocha pela ajuda.
                              O autor do texto/reportagem escreve na grafia antiga.



Texto: Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de aviação

Fotografia:  – Rui Ferreira e Edgar Almeida


quarta-feira, 18 de abril de 2018

Portugal no European Military Out Of Service (M1964 - 24/2018)


Já está quase pronta a edição deste ano do projecto em livro “European Military Out Of Service” (EMOOS), de que são autores os Srs. Otger van der Kooij e o Andy Marden, edição que se prevê esteja acessível no final deste mês, e que contempla, como não podia deixar de ser, o nosso jardim à beira mar plantado. Esta publicação, ao jeito de um roteiro, enumera por país e por localidade, onde podemos encontrar aviões históricos ou em fim de vida, quer seja em museus, colecções particulares, estruturas aeroportuárias militares e civis, espaços públicos, e sucatas. A primeira edição desta que é a versão “não Reino Unido” surge em 1998, ainda com a designação de "European Wrecks & Relics", e que cobria quer aeronaves ex-militares como também inúmeras aeronaves civis históricas, mas foi com a inclusão de inúmeros países europeus do antigo Bloco de Leste que esta passou para os moldes actuais, em que inclui apenas, e quase em exclusivo, aeronaves militares ou ex-militares.

Num conjunto de percursos que fiz recentemente com o intuito de actualizar a informação para esta publicação, queria aqui destacar alguns locais que mereceram a minha atenção, desde logo, e aqui bem perto do Porto, em V.N. de Famalicão, fica o Museu da Guerra Colonial, resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, da Associação de Deficientes das Forças Armadas, e do Externato Infante D. Henrique/Alfacoop de Ruílhe, Braga.
Um espaço que merece a visita não só pela forma como este tema recente da nossa história colectiva nos é aqui apresentado, com uma abordagem muito abrangente a todo o enquadramento temporal em que surgem e se desenvolveram os conflitos nas três frentes, recorrendo a variadíssimos suportes, como o texto e imagem, o vídeo e também inúmeros artefactos, bem como pelo conjunto de artefactos presentes. Foi mais precisamente por causa de um deles que ali fui, o SE.3160 Alouette III nº 19314, um aparelho que serviu na FAP entre 1969 e 2007. Curiosamente foi em 2000, um dos aparelhos da Esquadra 552 “Zangões” que integrou o contingente português que levou de regresso os Alouette III a Timor, e onde por lá sofreu um acidente, do qual resultou uma perda de vida de um camarada do Exército. O aparelho voltou ao activo mas, em Abril de 2007, sofre um outro acidente durante um voo de instrução, e foi retirado definitivamente de serviço. Transita para o acervo do Museu do Ar, para ser restaurado no Pólo do Ovar, em Maceda (AM1) para depois ser integrado na exposição do Museu da Guerra Colonial.


O Alouette III 19314 alguns dias antes de voltar a Timor, para uma missão das Nações Unidas (UNTAET).


Um bocadinho mais para baixo, mas muito perto também, fica o Museu Pedagógico Luso-Brasileiro, em Pedroso, V.N.Gaia, instituição que pertence à secção europeia da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, e tem por objectivo a promoção e divulgação da aeronáutica. Criada em 2012 tem vindo a adquirir algum material para o seu acervo e para o seu projecto. Ainda sem um espaço que permita visitas regulares, nas suas instalações poderemos encontrar um conjunto de artefactos de diversos aparelhos militares. Recebeu o seu primeiro avião, com a cedência por parte da FAP/Museu do Ar, da aeronave Lockheed T-33A nº 1928 (s/n 51-17513; c/n 7573).


Anos antes, o T-33A 1928, em open storage em Beja, junto à “fábrica” .


Um espaço que mereceu também uma visita demorada, é o Espaço de Memória, em S. Jacinto, Aveiro, onde está baseado o Regimento de Infantaria nr. 10, do Exército Português. Esta base, que foi a minha “casa” durante cerca de dois anos e meio, está num local que tem já mais de 100 anos de história, comemorados ainda no mês passado, e que deveria ser muito justamente classificado como de local histórico no que concerne à história da aeronáutica militar em Portugal, registando a presença dos gloriosos malucos das máquinas voadoras desde os finais do remoto ano de 1917, com a instalação por parte da Aviação Naval Francesa, de um centro de aviação naval. Decorriam os derradeiros momentos da Grande Guerra, desta base operaram os Donnet-Dehnaut D.D.8, e Georges-Lévy G.L.-40 HB2, missões de patrulhamento marítimo e luta anti-submarina.  
O Espaço Memória está muito bem conseguido, retratando todas as fases da história do local e das unidades que por ali passaram até aos nossos dias, desde a Marinha, à Força Aérea e depois Exército. De realçar num pequeno passeio a pé, desde a Porta de Armas até à zona da pista, todos os edifícios de diversas épocas, sendo paragem obrigatória o hangar da US Navy que foi instalado em Ponta Delgada, e que depois, em 1921 foi desmontado e montado aqui no Centro de Aviação Naval de Aveiro, sendo por isso, talvez, dos hangares mais antigos ainda existentes no país.
Aqui está presentemente um avião, um Reims Cessna FTB-337G No. 3715, lembrando a presença da FAP, nomeadamente da última unidade aérea aqui baseada, a Esquadra 702 “Os Indomáveis do Norte”, entre 1976 e 1992.


Um FTB-337G "Puxa-Empurra" descansa junto à Porta de Armas da unidade.


Bastante mais a Sul, oportunidade surgiu de com alguns amigos revisitar o Museu de Marinha, em Belém, nomeadamente a sua importante colecção de aeronaves, onde gosto sempre de voltar. 


Um Schreck F.B.A. operados pela Marinha in illo tempore, é uma de três jóias da colecção.


Sendo considerado por diversos autores um dos museus mundiais possuidor de uma das maiores e mais importantes colecções de aeronaves no seu acervo, o Museu do Ar é, modéstia aparte, e no que concerne ao continente europeu, sem dúvida um dos mais importantes!
O Museu do Ar, conta desde o pretérito dia 21 de Fevereiro com 50 primaveras, desde a sua fundação em 1968 tem vindo a crescer significativamente, sendo certo que, desde a inauguração das actuais instalações em 2009 deu definitivamente um salto qualitativo muito importante.
Todos nós que somos entusiastas da aviação militar portuguesa, e em especial aqueles que tiveram o privilégio de servir na FAP, temos naturalmente um carinho muito especial pela manutenção da memória, pela preservação do património material e imaterial que são a razão de ser do Museu do Ar. Por isso voltar ao Museu do Ar em Sintra, bem como aos seus Pólos de Alverca, e de Ovar (Maceda), fazem parte do circuito durante o ano.
Para além da colecção que podemos apreciar em Sintra e nos pólos do museu, e nas unidades da FAP, muitos dos aviões do acervo do Museu estão armazenados, apesar disso tudo, muito já se tem feito e continua a fazer pela colecção, já encontramos por isso uma percentagem muito significativa dos aviões em exposição (56%). Para isso contribuiu o trabalho do pessoal do Museu, o pessoal que nas unidades base tem feito também muito trabalho de manutenção e restauro, e também algum trabalho voluntário, se bem que, este último, e em minha opinião, poderia ser mais, e sobretudo mais acessível à sociedade civil. O Museu também possui alguns espaços inacessíveis ao público, nomeadamente os espaços de armazenamento daquilo que designam como as “reservas” do museu, desde logo em Alverca, no DGMFA (Hangar 15 e “cerca”), e em Alcochete, na CTA.
Dos 160 aviões do acervo destaco alguns que para mim são significativos, ou de que gosto mais, logo à cabeça os A-7P e TA-7P Corsair II,  o CF-104 Starfighter, o Chipmunk nº1376 (último construído nas OGMA e no Mundo!), o Junkers Ju52 nº6304 (o do Portugal dos Pequenitos), o Bristol Bolingbroke, o Beech Bonanza do Com. Faria e Melo, entre outros.
Impossível deixar de fora a referência ao Museu da TAP, cuja parte do seu acervo se encontra em Sintra “incrustada”, à laia de jóia rara, na exposição do Museu do Ar. Desde que saiu do quase anonimato em que se encontrava, num espaço de exposição diminuto no aeroporto de Lisboa, tem em Sintra sido finalmente dado a conhecer o seu acervo e as miríades de histórias que ele nos conta. Pode também aqui em Sintra ver o resultado final do restauro ao Douglas DC-3 (reg.CS-DGA) que, em tempos, e ainda em Lisboa, foi restaurado e depois se degradou. 
Esta parceria entre a TAP e a FAP, através dos seus museus, irá ver um novo avião restaurado! Desta feita o Douglas SC-54D (exFAP 6606, exTAP CS-TSC) que há muitos anos está na “cerca” em Alverca.


O Museu do Ar em Sintra, assim como os seus Pólos, merecem uma visita diversas vezes ao ano.


Não incluídos neste percurso aqui escrito, ficaram os não menos importantes o Museu Aero Fénix, com o seu não menos invejável acervo que inclui um Boeing Stearman, um Chipmunk, um T-6G e um MH1521 Broussard; o Museu do Antomóvel Antigo e Clássico do Porto; o “Air Chapter 446 – Centro de Divulgação Aeronáutica”, na Senhora da Hora (este não possui aeronaves militares ou ex-militares).
Para além destes, há diversos outros locais de acesso relativamente fácil que “obrigam” um entusiasta de aviação mais dedicado a estes temas a ter de percorrer o país de lés a lés, ilhas inclusive, para aceder aos locais onde podemos encontrar aeronaves – um total de 63 locais e 343 aeronaves [o EMOOS refere este total, o meu total, que inclui aeronaves civis, é de 75 locais e 397 aeronaves].


Rui Ferreira
Entusiasta de Aviação


  
Agradecimento – o autor deseja agradecer ao Comando do Pássaro de Ferro a possibilidade de aqui poder publicar este escrito e também a todo o conjunto de pessoas que contribuíram para a possibilidade de aceder aos diferentes locais e também colaboraram com informação para manter a secção portuguesa do EMOOS o mais actualizada possível. A todos o meu muito obrigado!

O EMOOS2018 pode ser adquirido através da Scramble [www.scramble.nl], ou através do link: http://www.scramble.nl/shop/scramble-info/shop/european-military-out-of-service-2015



quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O PIOR SPOTTER DO MUNDO (M448 - 47PM/2010)




No âmbito de um trabalho ao qual estive afecto há um par de anos atrás, coube-me efectuar a recepção de vários tubos de polietileno gigantescos, que vieram rebocados por mar até ao porto de Aveiro.
A operação de os fazer entrar na barra e canais do porto, era crítica, ou não estivessem envolvidos largos milhares de euros relativos ao material, já para não falar nos prejuízos que a obstrução do porto por algum imponderável na manobra de tubos com quase 500m de comprimento, inevitavelmente causaria.
Estava-se precisamente na altura crítica de entrar na barra do porto, quando a "comitiva" de rebocadores e carga foi sobrevoada por uma parelha de F-16, qual escolta de recepção à chegada de VIPs.
A câmara fotográfica que empunhava, para registar o decorrer das manobras ou qualquer outro facto significativo, registou por isso essa passagem, não com muito detalhe é certo (a modesta Sony  Cybershot não dava para muito mais) mas o suficiente para fazer prova do instante quando necessário.
Felizmente tudo decorreu da melhor forma e como que a comemorar o sucesso da operação, ao passar pelo aeródromo de S.Jacinto que é "paredes meias" com o canal principal do porto, o longo comboio marítimo foi ainda brindado com uma sessão de acrobacia aérea, de alguma aeronave residente,  tal como atestam mais uma vez as imagens.
A Sony não serviu por isso para registar nenhum incidente, mas conseguiu averbar fotos de aeronáutica dignas do "pior spotter do mundo!"


sábado, 13 de março de 2010

... Voar como os pássaros (apontamento 1) - (M359-2RF/2010)

O silêncio costuma ser bom conselheiro, pelo menos para mim, mas também o é um belo dia de tempestade, ou uma ruidosa TF30 a rugir desde a cabeceira da pista na corrida de descolagem rumo ao azul.
Tinha eu começado a escrever umas coisinhas para colocar aqui neste Pássaro de Ferro feito de matéria que não se vê, quando as voltas da minha vida me trocaram as minhas próprias voltas e eu, que já não era assim muito assíduo destas andanças, deixei de escrever, ou como se diz neste novel linguajar, postar.
Depois voltei, voltei cheio de força, como quem acorda de manhã de um salto, e abraça mais um dia com o coração cheio de alegria por estar vivo.
Pelo que me fartei de escrevinhar em papeis vários e até no computador novo mas, as desculpas do costume tiveram como consequência um novo (ou o mesmo) silêncio, e a demora que se lhe seguiu.




(Foto por: A F Calé)

Não tenho grande experiência de voo, nem foi esse aliás o meu desejo confesso, o de voar. Desde que entendi que os capacetes de voo não vem com viseiras graduadas para a miopia, estigmatismo e bifocalidade, que tirei o cavalinho da chuva e nunca mais me preocupei em voar. Conformei-me, é o que é.
Ainda assim, algumas oportunidades me surgiram para levantar os pés do chão como os pássaros, e montado num Pássaro de Ferro, perdi a minha virgindade aeronáutica no dia 11 de janeiro de 1989 num dos lugares do meio, mesmo por detrás do piloto, do Reims-Cessna FTB-337G nº.3731, da Esquadra 702 "Os Indomáveis do Norte", pilotado pelo então Alferes Almeida. Para um primeiro voo não foi nada mau: S. Jacinto (então AM2) - Lisboa (AT1) e regresso pelo mesmo caminho, para levar uns "tupperwares" (computadores) a reparar à DSINFO (Direcção do Serviço de Informática), então localizada nos calabouços de Alfragide (EMFA).
Desse dia fica a memória, e também o registo fotográfico, para mais tarde recordar, em fotos brilhantes tiradas com uma arcaica Agfa de cassete compacta de filme (126 mm) e que vim aliás a redescobrir guardada num lugar recôndito lá de casa.
Desse dia também fica o sorriso nervoso que se tentava esconder, e as sensações novas da visão de águia, cá do alto de tantas e tantas paisagens já conhecidas, e dos movimentos na placa do Aeroporto de Lisboa, por entre os gigantones de linha aérea. Não sei se foi dessa vez, se talvez em alguma das seguintes que aterramos na pista 35 e entramos sempre a acelerar na placa do AT1.
Fica-se tão maravilhado com o primeiro voo que se me tivessem logo colocado a questão se queria voltar a voar a minha resposta tinha sido algo como: pode ser já?












sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CESSNA FTB-337G: O PUXA-EMPURRA (M349-2PM/2010)


 
13711 ainda operacional na BA5 - Monte Real em 2004

13713 pertencente ao acervo do Museu do Ar na BA1- Sintra
13710 exposto no pólo do Museu do Ar no AM1 - Maceda

As férias na praia da minha infância ficaram incontornavelmente marcadas pelos FTB. Durante largos anos passadas na Praia de Mira, a escassos 30km a Sul de S.Jacinto onde estavam então baseados os FTB, garantiam uma presença quase banal dos puxa-empurra a cruzar os céus, com o seu ronco característico.

Só anos mais tarde, na enciclopédia de aviação “Aviões de Guerra” lançada na segunda metade da década de 80, soube da fama que granjearam tais aviões na guerra da Rodésia, onde tiveram a utilização que se pretendia aquando da aquisição pela Força Aérea Portuguesa, então empenhada nas guerras coloniais.

Com funções de ligação aérea, evacuações medico-sanitárias e apoio aéreo aproximado, a versão portuguesa FTB-337G, recebida entre 1974 e 1976, não chegaria a ser usada em combate, limitando-se a uma tranquila carreira que terminaria em 2007, então na BA1 em Sintra.

Restam actualmente algumas células conservadas quer na BA1 quer no AM1 em Maceda e algumas voam ainda com matrículas civis, após venda a entidades particulares.

Da história da sua operação na FAP, para além do ruído característico que guardo na memória, fica ainda o aspecto “agressivo” da versão armada com lançadores de foguetes debaixo das asas, que em Portugal nunca passaram de ameaças.

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