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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DA POLÓNIA COM AMOR (M409-30PM/2010)

Palácio da Cultura em Varsóvia - edifício de arquitectura marcadamente soviética, agora rodeado por
edifícios de arquitectura moderna ocidentalizada

PZL 130 TC-II Orlik - aeronaves da patrulha acrobática polaca baseada em Radom - Unidade
exibida no Museu Wojska Polskiego em Varsóvia


Mig-21M "Fishbed" - Radom

Mig-23MF "Flogger" - Radom

Míssil balístico SS-1 Scud - Varsóvia

PZL Mi-2 Kania - Varsóvia

Míssil anti-aéreo (SAM) S-75 Dvina de fabrico Soviético - Varsóvia

Sukhoi Su-22M-4 - Varsóvia

Mikoyan Gurevich Mig-29 "Fulcrum" - Varsóvia

Por ocasião do Campeonato do Mundo de Acrobacia Aérea realizado entre 5 e 15 do corrente na Polónia, tive a oportunidade de pela primeira vez pisar o solo de um país anteriormente pertencente ao Pacto de Varsóvia.
Para o comum dos mortais ou para os nascidos a partir dos finais da década de 80 talvez não se revestisse de demasiada importância.
Para mim no entanto, que vivi intensamente os anos da Guerra Fria que pude observar, como já referi aqui no Pássaro de Ferro várias vezes, foi uma experiência única. Foi pisar solo proibido, durante tantos anos vedado por uma cortina de ferro. Poder observar in loco todos os detalhes de que me lembrava das revistas de aviação que lia ou das fugazes imagens por vezes exibidas na TV. A arquitectura marcadamente soviética e as soluções construtivas pragmáticas típicas do leste. Os pormenores dos aviões que durante anos tentei imitar nos kits à escala que construía.
Além do aeródromo onde se realizou a prova em Radom, que é uma base militar, pude deslocar-me ao Muzeum Wojska Polskiego em Varsóvia, contendo largo espólio militar das Forças Armadas Polacas até aos dias de hoje.

Ficou-me presente o orgulho de um povo que apesar de sucessivas invasões por diversas potências (a última das quais a Soviética) não se desmembrou nem se deixou vencer. De facto, a Polónia foi sempre olhada com extrema desconfiança pela União Soviética, manifestando-se essa desconfiança por exemplo, no baixo nível de material militar cedido às Forças Armadas Polacas, por receio de insurreição da Polónia contra o seu "Grande Irmão", caso tivesse demasiado poder bélico. A Polónia serviu por isso de base para forças soviéticas, mas as suas Forças Armadas próprias não eram fornecidas com material de ponta em quantidade nem qualidade.
A Polónia foi por isso, o "aliado" que mais material próprio fabricou. E o que mais problemas criou durante os anos de ocupação Soviética, ainda se o acto mais simbólico da queda do comunismo ocorreu na vizinha RDA.
E a Rússia culpa a Polónia veladamente ainda nos dias de hoje, pelo desmoronar do seu império.

Ficou-me a impressão de um país que se soube desenvolver e adaptar ao mundo ocidental que lhe foi marginal por tantos anos, mas que nem por isso se deixou vender a todas as novidades, como muitas vezes acontece. Prova disso é a reticência em aderir ao Euro e perder a sua moeda, tal como a presença na União Europeia não é consensual.

Para terminar, do museu Wojska Polskiego, guardei com especial interesse (senão emoção) a imagem dos mísseis balísticos SS-1 Scud tantas vezes vistos na TV (com os quais cheguei a ter pesadelos) e o mítico Mig-29, máquina aérea de beleza invejável, estrela maior de entre todas as expostas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O PRINCÍPIO DO FIM

Mig-29 nas cores da RDA


Mig-29 incorporado na Luftwaffe ainda com camuflagem original


Mig-29 com camuflagem final da Luftwaffe


XB-70 Valkyrie: bombardeiro estratégico dos EUA concebido para ataque nucelar. Nunca chegou a a entrar em serviço.



Mig-25 Foxbat: Caça soviético construído exclusivamente para fazer face à ameaça que representava a perspectiva do XB-70


Cemitério de aeronaves da Uniao Soviética /Rússia. Pode distinguir-se a deriva de um Mig-21 e vários Mig-25



Agora que se apagam as luzes sobre as comemorações da queda do Muro de Berlim, decidi escrever no Pássaro de Ferro algumas linhas sobre o tema. Quem me conhece sabe que não sou pessoa de alinhar em histerismos colectivos, nem de explorar o óbvio, como muitas vezes se assiste na comunicação social, recalcando certos temas até à exaustão. A queda do Muro de Berlim (que em rigor dever-se-ia chamar derrube), e pese embora a quantidade de vezes que fomos bombardeados com o tema nos últimos dias, teve contudo uma importância demasiado grande no mundo para poder ignorar a efeméride das duas décadas decorridas sobre a data em que ocorreu.
Mais a mais, quando proporcionou no mundo da aviação de que se fala neste blogue, cenas completamente impensáveis para quem nasceu e cresceu sob o status quo da Guerra Fria.

E é por isso que dizer que a queda do Muro de Berlim significou a libertação de um povo separado artificialmente, seria pouco, quando o que representou realmente foi a queda de toda uma ideologia, que tal como um castelo de cartas, foi arrastando os regimes próximos geográfica ou ideologicamente.
O argumento de que o Muro foi construído para que os ocidentais não se evadissem para o bloco de Leste (na RDA era chamado “Muro de protecção anti-fascista”), se alguma vez convenceu alguém, ficou então perfeitamente visível na nudez do seu conteúdo.

Regressando à aviação, foram os acontecimentos de 9 de Novembro de 1989 que proporcionaram quase de repente visões de Migs com a cruz de ferro da (antiga) República Federal Alemã, mais tarde em operações da NATO e por fim, antigos países do Pacto de Varsóvia passarem para a égide da organização de que foram inimigos figadais por várias décadas.
Milhares de aeronaves que foram construídas sempre com o mesmo princípio estratégico ficaram quase de repente obsoletas, vazias de inimigo e de sentido, de ambos os lados do Muro.

Não vivi o 25 de Abril de 1974 para poder descrever o que significa a libertação de um povo (nasci escassos 3 meses depois) e vivi à distância a queda dos regimes socialistas diametralmente opostos ao nosso, mas comuns na repressão dos respectivos povos, reféns de ideologias impostas. Poderíamos até aprender algo com alguns desses países, que vivendo décadas num regime social e económico totalitário, se adaptaram à economia de mercado melhor que nós, que teimamos muitas vezes em viver na subsídio-dependência do Estado.

Terminando a hipérbole e regressando ao Muro de Berlim, dizer que o mundo não voltou a ser o mesmo desde o dia que este foi deitado abaixo, seria ainda assim um eufemismo, para a profundidade das mudanças que aportou ao palco mundial. Mesmo se o princípio do fim da Cortina de Ferro começou realmente no Verão anterior, foi sem dúvida a queda do Muro que o oficializou. E as Portas de Brandeburgo voltaram novamente a ser um símbolo de abertura. Sem uma irónica parede barricada na frente.

Vivemos agora num mundo perfeito? Garantidamente que não.
Cabe-nos aprender dos erros do passado para que seja melhor o futuro.

Portas de Brandeburgo com o Muro de Berlim na frente


Portas de Brandeburgo nos dias de hoje

PS: Quem nunca viu o filme Goodbye Lenin, pode alugá-lo em qualquer clube de vídeo. É uma caricatura mordaz mas fiel de quem viveu e acreditou no regime socialista e se confronta com as mudanças pós queda do Muro. E mais não conto.


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