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domingo, 31 de março de 2013

QUANTO TEMPO DURARIA A FORÇA AÉREA NORTE-COREANA? - atualizado (M934 - 01FD/2013)


Recentemente as forças armadas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul desenvolveram um exercício conjunto no território deste última país, a Operação Key Resolve, para gáudio do governo da Coreia do Norte. De um modo previsível, o agressivo executivo de Kim Jong-un, respondeu declarando que iria responder a qualquer provocação e que as acções dos seus inimigos seria justificações mais que suficientes para o recomeço do conflito terminado em 1953 e para o qual nunca houve uma declaração de paz formal. A passagem de bombardeiros pesados B-52 e B-2 pela região terá apenas espicaçado ainda mais os norte-coreanos.

Bombardeiro B-2       Foto: USAF
Os motivos por detrás das ameaças para com a Coreia do Sul e seus aliados são diversos. A Coreia do Norte é o regime mais fechado do mundo, possuidor do maior exército em comparação com o tamanho da população em existência. É também uma potência nuclear, embora a quantidade de ogivas atómicas disponíveis não seja elevado, tanto quanto se saiba. No entanto o modo como o país é governado e gerido cria uma situação incrivelmente delicada dentro do mesmo.
A fome é generalizada e as sanções colocadas sobre esta nação apenas acentuam a situação. Basicamente o regime de Pyongyang troca ameaças por comida e ajuda humanitária e já o faz há décadas. Há quem suspeite de lutas de poder amargas entre as chefias, com diversos generais a tentarem cair nas boas graças do líder ou a tentar sobrepujá-lo de todo. Em associação a tudo isso existe a noção de que o governo estaria, aos poucos a perder o controlo dracónico que tem sobre a população, à medida que a mesma começa a viver em condições cada vez mais desesperantes.
O líder norte-coreano Kim Jong-un       Foto: Agência Reuters
A somar a estes factores existe a República Popular da China (RPC). Este é único verdadeiro aliado que resta à Coreia do Norte, e tudo indica que usa Pyongyang como uma maneira de fazer pressão sobre os vizinhos e, através deles, os Estados Unidos. No entanto o modo cada vez mais errático como Pyongyang reage a provocações e gera as suas, inclusive a abdicação dos tratados existentes após a Key Resolve, parece começar a cansar os chineses. Se o comportamento norte-coreano é ou não parte de um plano maior da RPC para a região é algo que está para se ver. No entanto Kim Jong-un declarou que atacaria se se visse ameaçado e que “esmagaria” a oposição.
Façamos um pequeno exercício e imaginemos que perante todas estas situações a Coreia do Norte realmente entrava em guerra com a Coreia do Sul e seus aliados. Numa prespectiva puramente voltada para as forças aéreas, qual seria a performance esperada das tropas de Pyongyang?

Uma força aérea da Guerra Fria
Não vale a pena estar com ilusões, e por isso vou dar já uma resposta rápida: num confronto directo contra sul-coreanos, japoneses ou norte-americanos os pilotos norte-coreanos não teriam a menor hipótese. Façamos uma análise simples dos caças mais comuns entre a Força Aérea Popular da Coreia (FAPC) e seus adversários para confirmar isto.
A FAPC tem ao seus dispor aeronaves de combate que remontam aos tempos da Guerra Fira. E, em toda a honestidade, quase serve como um exemplo de como a indústria aeronáutica soviética evoluiu desde o fim da Guerra da Coreia. Os modelos mais comuns são o MiG-19 (na versão chinesa J-6) e o MiG-21, ambos aeronaves dos anos 50 com capacidades severamente limitadas quando comparadas com alguns dos modelos mais “regulamentares” existentes em diversas forças aéreas a nível mundial. 
MiG-21 norte-coreano       Foto: Agência Reuters
Os MiG-19 nem sequer possuem sistema de alerta radar pelo que seriam sumariamente eliminados sem sequer saberem que estavam a ser atacados. Os MiG-21 já são de modelo antigo, também. Apesar de se ponderar que existam mais de cem aeronaves de cada modelo em serviço, não se pode ter a certeza de quantas estarão em condições de combate. Tendo em conta as sanções e mesmo com o apoio chinês, as suas condições não serão extraordinárias.
Os aviões de combate mais sofisticados são o MiG-29B e o Su-25, pouco mais de 30 de cada modelo. Novamente, são aeronaves com capacidades limitadas, neste caso mesmo quando comparadas com outras dos mesmos modelos-base em serviço pelo mundo fora. Evidentemente que não deverão, nem poderão, ser subestimados, pois são operados pelas esquadras de elite da FAPC, mas a conclusão geral permanece válida.
Agora, comparemos estes caças com os mais comuns utilizados pelas forças aéreas que enfrentariam num conflito. Entre sul-coreanos e japoneses, os caças mais comuns são da família Boeing F-15 Eagle. Grandes bimotores capazes de elevadas velocidades e carga bélica, são também ágeis e possuem electrónica sofisticadíssima. Apesar de o projecto deste avião remontar aos anos 70, os que servem nestas nações asiáticas estão entre os mais avançados do mundo. Os F-15J japoneses estão ao nível dos F-15C americanos e foram actualizados recentemente. Os F-15K sul-coreanos, os Slam Eagle, são da categoria do avião de ataque F-15E americano e fenomenalmente capazes também. 
F-15K sul-coreanos       Foto: ROKAF
Se nos voltarmos para os americanos podemos ainda contar com os F/A-18 da Marinha, sobretudo dos modelos E e F Super Hornet. Das bases japonesas onde há presença americana podem ainda descolar os furtivos F-22 Raptor. Estes caças de quinta geração têm enfrentado problemas operacionais mas, mesmo assim, os seus sistemas de armas não teriam dificuldades em lidar com as ultrapassadas aeronaves norte-coreanas.
Dentro destes factos, como poderia a Coreia do Norte sequer conseguir ameaçar os seus adversários?

Táctica e estratégia
A melhor hipótese que os norte-coreanos teriam de contrariar a esmagadora superioridade inimiga, seria recorrerem a tácticas de emboscada. Isto significa atrair as aeronaves opositoras para áreas onde fogo antiaéreo e números superiores de caças poderiam sobrepujar as aeronaves mais avançadas e talvez abater umas quantas.
Novamente seria uma questão complicada, pois certamente que os sistemas avançados de comando e controlo dos americanos e seus aliados iriam contrariar estas tácticas. Mais ainda, o uso de armas stand-off também ajudaria a manter os caças mais sofisticados longe das zonas mais perigosas durante a maior parte do tempo. Mesmo que fossem forçados a aproximarem-se mais, não creio que as baixas fossem capazes de negar o seu uso.
Já a FAPC seria terrivelmente atingida nos primeiros dias de confronto e acredito que no final da primeira semana já não existiria como força de combate.
Resta, no entanto, uma possibilidade a Pyongyang: atrair a RPC para as acções.
A Força Aérea de Libertação Popular da China (FALPC) é muito maior e muito mais bem equipada do que a FAPC. Estando a sofrer neste momento uma reformulação generalizada para se colocar ao nível dos seus rivais ocidentais, a FALPC tem ao seu dispor modelos muito mais capazes, como o J-10 de desenvolvimento local e o J-11 (cópia local do Su-27 russo). Apesar de não estarem ao nível dos caças que iriam enfrentar, são no entanto ameaças muitos mais realistas do que as aeronaves norte-coreanas e disponíveis em números muito maiores.  
J-10 chinês       Foto: Flight Global
No entanto é duvidoso que a RPC quisesse entrar num confronto dessa magnitude neste momento. Se entrariam num confronto limitado com o Japão pelas ilhas de Seikaku é uma questão, mas entrarem num conflito total por Pyongyang não parece plausível.
Em conclusão, a Força Aérea norte-coreana representa bem as forças armadas desse país: numerosas mas desesperantemente desactualizadas. Apesar de certas situações poderem arrastar o executivo de Kim Jong-un para um conflito, a sua maior e mais ameaçadora arma é a bomba atómica.
Se a usar, no entanto, ficará totalmente isolado, e mesmo a China não poderá aceitar tal realidade, e afastar-se-ia, ou seria ela mesma arrastada para uma situação política inaceitável. Face a esta realidade as tropas norte-coreanas seriam arrasadas, em tempo.
Acima de tudo a política externa de Pyongyang sempre foi uma de suposta agressividade e muito ladrar para pouco morder. Nada indica que as recentes acções sejam diferentes. Se o forem, no entanto, e levarem ao confronto armado, então é pouco provável que o esforço militar norte-coreano dure muito tempo. 

Mapa: Cortesia Galcom

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