quinta-feira, 18 de agosto de 2022

PRIMEIRAS 1000 HORAS DE VOO DA ESQUADRA 991 [M2331 - 46/2022]

Ogassa OGS42N da Esquadra 991 da FAP na base avançada da Lousã

Da antiga mitologia grega "harpias", eram criaturas com corpo de ave e cabeça de mulher, mensageiras dos deuses e desciam à Terra para castigar os mortais que tivessem cometido crimes graves. "Harpias" foi também o nome escolhido para a Esquadra 991, a mais recente esquadra de voo da Força Aérea Portuguesa (FAP), sendo igualmente a primeira com a missão de operar Sistemas Aéreos Não Tripulados (SANT).

Emblema da Esquadra 991

Apesar da operação de SANT não ser uma novidade na FAP, com diversos programas de investigação e desenvolvimento desde há vários anos, seria apenas através da Directiva 01/2021 do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea a concretização de uma Unidade Aérea, exclusivamente dedicada à operação de SANT, absorvendo parte do pessoal e equipamento do Núcleo de “Unmanned Air Systems” (NUAS), que deu início à operação do sistema de armas OGASSA OGS 42N/VN em 2020, adquirido no ano anterior.

Os OGS42 no CFTMFA na Ota       Foto: 1SAR Manuel Cascalheira/FAP

Sediada no Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea (CFTMFA), na Ota (ex-BA2), o comandante da Esq. 991, Maj. PILAV Luis Coelho da Silva, recebeu a 24 de Março, as certificações no âmbito da formação de Pilotos Remotos Militares de Aeronaves Não Tripuladas por parte da Autoridade Aeronáutica Nacional (AAN), de  reconhecimento como organização de Formação de Qualificação Operacional. A Esq. 991 depende funcionalmente do Chefe do Centro de Operações Aéreas do Comando Aéreo.

Missão

A Esq. 991 tem por missão a execução de missões de Informação, Vigilância e Reconhecimento com os seguintes elementos:

- Vigilância terrestre e marítima;

- Apoio adicional no quadro do combate a incêndios rurais, incluindo operações de rescaldo e de vigilância activa pós-rescaldo;

- Apoio à protecção e salvaguarda de pessoas e bens, incluindo operações de vigilância ambiental, fiscalização de áreas protegidas e cadastro territorial;

- Vigilância e reconhecimento em apoio ao desenvolvimento.

A Aeronave

O OGS 42, na sua configuração de aterragem e descolagem convencional (N) e configuração de aterragem e descolagem vertical (VN), é o veículo aéreo não tripulado (VANT) que em conjunto com as estações de controlo remoto (ECR) e o segmento de links (antenas e respetivas ligações) formam o primeiro sistema aéreo não tripulado ao serviço da Força Aérea Portuguesa.

A aeronave insere-se na classe Ic (mais de 15kg e menos de 150Kg) e para além do sensor electro-óptico está equipada com um sensor AIS (Automated Identification System) para identificação de meios navais de superfície. Com uma autonomia próxima de 6 horas na sua configuração VTOL (Vertical Take-Off and Land), chegando a atingir 9 horas na configuração convencional.

Pode descolar e aterrar de forma manual ou automática e é operada a partir das ECR fixas nas várias bases constituídas para o efeito ou a partir de uma estação móvel projectável de forma autónoma. Esta estação compreende um conjunto próprio de antenas que possibilita a expansão do raio de acção de plataforma ou a operação a partir de um local não preparado num curto espaço de tempo.

Actividade

Durante a época de incêndios e integrando o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), a Esq. 991 opera a partir de três bases avançadas (Mirandela, Lousã e Beja).

As aeronaves são tripuladas remotamente, mas são mantidas como qualquer outra frota da FAP. Os mecânicos são formados e qualificados de acordo com os requisitos em vigor no âmbito da manutenção aeronáutica. Durante o DECIR eles prestam assistência e realizam inspeções nas bases avançadas. Só assim é possível garantir a prontidão necessária para as missões atribuídas.

Estas aeronaves têm a capacidade de realização de voos nocturnos, introduzida este ano, recorrendo a sensores térmicos próprios, o que permite que, num período do dia em que existem menos meios de detecção empenhados no terreno, seja possível uma cobertura de grandes extensões de área vigiada, assim como o forte contributo como elemento de dissuasão em áreas de menor densidade populacional.

Comandante de Missão em pé com o Piloto Remoto Interno (esq) e Operador de Sensores (dir)  Foto: Esq 991

Piloto remoto externo numa aterragem manual em Beja

A tripulação que opera cada aeronave é constituída por cinco elementos:

1 - Comandante de Missão: Responsável pela condução táctica da missão e coordenação da tripulação;

2 - Remoto Interno: Responsável pela pilotagem remota da aeronave, verificação e manutenção do parâmetro durante o voo;

3 - Operador de Sensores: Opera as câmaras Electro-Optico/Infra-Vermelho, que captam imagem tanto de dia como de noite;

4 - Apoio de Pista: Auxilia o Piloto Remoto Externo na preparação da aeronave;

5- Piloto remoto externo:  Responsável por aterrar e descolar a aeronave em modo manual ou garantir a segurança em modo automático.


A 17 de Agosto de 2022, a jovem Esquadra anunciou na rede social Instagram, o cruzar da simbólica marca de 1000 horas de voo da frota de 12 aeronaves, ao fim de 9 meses de actividade.





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